Há
tanto tempo que vivo sem abrigo.
Há tanto tempo que mantenho
constante,
esta lembrança sem qualquer laivo de surpresa só
abafada pelo cair de algumas moedas na caixa de cartão, que tenho à
minha frente.
É tão triste este chão.
O que me aquece,
é o abraço
das estrelas amigas, que disfarçam o embaraço com que fingem olhar
para mim.
Não presto para a atenção,
ninguém pega em mim ao colo,
julgam-me tolo e os mais afoitos,
sempre dizem que já tenho idade
para ter juízo.
Leram-me a sina errada e sujaram o meu destino com
todos os registos da maldade nunca frequentada.
Que
lágrimas poderei chorar,
para não manchar a vossa indiferença?
Sei
o que valho,
e orgulhosamente aceito que isso não vos importe.
Temos
peles diferentes.
&
o meu sorriso não tem cotação comercial.
Não
é ignóbil.
,2016aNTÓNIODEmIRANDA
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