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terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

O QUE NOS RESTA DEPOIS DE SEPARARMOS O QUE NÃO PRESTA?


São feias as fantasias sagradas.
Vertem palavras escritas ao contrário,
enquanto fogem da torneira, 
as flores do desonesto silêncio, 
desenhando  silvos de elegante podridão.
Não posso deixar de enfrentar a conversa, 
estendida nos vazios de mãos cruzadas, 
por onde a  avareza mudamente desfila.
Não quero salvar opções, 
no salão do mofo da decadência.
Choro a maré que cresce, 
e o seu violento verter,
neste enfado  traficante de cárceres.
Entregue à sorte,  
mergulho na  adega dos exageros,
as asas desdobradas da névoa ternurenta.
Transpiro num recurso gritante,
o  desaparecimento da sabedoria,
celebrada no gangue das estrelas envergonhadas.

O que nos resta
Depois de separarmos o que não presta?

2019_ fev_aNTÓNIODEmIRANDA

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