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terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

NINGUÉM PODE ESCREVER NA MINHA CABEÇA

Os meus índices de normalidade geralmente estão muito aquém do normal pretendido. São evidentes alguns coeficientes abalados por uma estúpida agitação alheia à minha vontade. Também é verdade, que frequentemente não funciono com as opções propostas. Continuo preguiçoso para analisar outras situações. Não tenho paciência para doses instantâneas de karma, não cultivo o drama e enrolo muitas coisas, menos a vida que me proponho viver. Não gosto dos vazios nem da sua natural tendência para a constante lamentação. Sou simples e não discuto coisas como a chuva no inverno ou a perspectiva anacrónica de uma qualquer vaga ideia. Gosto da velha gillette, da sua lâmina que toca sem desprezo a minha cara e nunca fica ciumenta com o perfume com que dela me despeço. Gosto, gosto muito de me lembrar dos livros e discos que tenho. Corre, por vezes tanto tempo sem nos falarmos, mas só os amigos conservam esta fidelidade. Gosto desta caneta com tinta sempre presente, vestida com um aparo de 14K. Adoro esta sensação inequivocamente vivida no gostar. Gosto sempre da deliciosa vontade de não fazer o que não gosto.
Adoro o sim rápido e verdadeiro e o não sem alguma subtileza. 
Obrigado pela vossa compreensão.
Atentamente,


2016,02
aNTÓNIODEmIRANDA

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