E ao terceiro dia perguntou
que mais poderia ter feito
agora que o céu foge do sol
e na garganta tem o sufoco dos relógios perdidos
tornando rugosa a urbanidade
onde passos promíscuos enganam a noite.
Ainda não tinha aprendido
a traição de todos os sexos que pariu
e o desejo negligente
com que abraçava pérolas ausentes de abraços
com chapéus de arame farpado.
Lançou para longe o seu próprio ruído
e ficou assustado com o cair de todas as penas.
Tinha nos olhos a cor que o espelho tinha partido.
A alma encanecida
tinha abandonado o uivo da sua urgência
e agora tingia a crueldade do pensamento.
Tinha de aprender a esquecer a sensatez
de todos os silêncios que nos morrem nas mãos.
Não poderia continuar a desprezar o prazer.
Pontapeou para longe o coração que lhe roubaram.
Agora que o céu foge do sol...
,2016,06aNTÓNIODEmIRANDA
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