Anjos escondidos nas cores dos fantasmas,
flutuam no naufrágio dos sonhos estrangulados.
O velho farol acendeu as ruínas,
e canta qualquer coisa, como se o mar
fosse o possível amigo.
Barcas velhas,
cansadas da inutilidade da reforma,
oferecem ânforas com crédito recompensado,
para a indecência que nos alvejou.
É tarde, grita o infame infante,
lá na ponta,
onde a areia acabará por nos atraiçoar.
Todos à proa!
Que se foda Lisboa,
o aquém e além mar!
Fomos marinheiros estupidamente destemidos,
franzinos no corpo,
broncos no ousar.
Lá vai a nau da treta,
que só merda tem para contar.
Todos em sentido!
Ó vento impiedoso,
porque ainda nos queres enganar?
Terra à vista!
Nas cidades roubadas,
esconde-se a fome,
abafam-se as sirenes da miséria.
,2020Jan_aNTÓNIODEmIRANDA
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