Despachei a alma vazia em todos os vagões da esperança falhada.
Esfreguei o coração na salmoura da vontade inquieta.
Sei que devo parar, mas, a estação do desejo, aperta demasiado o choro da minha angústia.
Entrega-me os cheiros de cimento molhado da cidade das estátuas que já não falam.
É proibido beijar a própria sombra,
confiar nas palavras com sinais evidentes de esperança.
Tapámos a vergonha com máscaras nuas,
e, olhámos confiantes para a colecção de tupperwares repletos do nosso medo.
Tempos difíceis, anunciam os martelos da precaução imposta.
Posta a posta, celebramos a vida em fatias despejadas, nos alertas com sabor a desodorizante.
Apelam à nossa consciência.
A fome, como sempre,
é uma questão de falta de apetite!
A humanidade está falida!
O sistema humanitário deficitário,
e, a vontade dos que esperam morrer mais tarde, consigna-se em acções cotadas numa bolsa cheia de mentiras.
Tudo leva o seu tempo, anuncia a agência funerária “Boa Nova”.
Constipo-me na verdade das sinceridades,
e, tento não esquecer a programação dos comprimidos para a queda do imprevisto.
De nuvem em nuvem,
tento saltar o tempo,
usando todo o cuidado
para não enferrujar identidades.
,2020Mar_aNTÓNIODEmIRANDA
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