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sábado, 1 de abril de 2023

JÁ, NÃO ...

 
Já não há ponte para o resto do caminho e nota - se claramente a angústia no voo dos pássaros.
Ao acaso, porquê sempre ao acaso, caminho anonimamente com a responsabilidade limitada, que me empurra célere para a frequência imoderada de ritmos hilariantes causados por gases sem graça alguma?
Rasgo cometas da sorte na palma da mão e a chuva que acontece não me traz qualquer estrela. Então divago ausências fingidas e rio para mim próprio numa maré cheia de vazio condicionado.

O OCEANO NÃO CHEGA PARA ME AFUNDAR?

Eu não passo dum náufrago de banda desenhada.
Vendo - me facilmente em fascículos com 24 horas de página. Comestível como um hambúrguer sou devorado com doses excessivas de ketchup. Quando acabarei a subida desta montanha conspurcada de vícios? Sei, que impaciente. o voo da águia aguarda o que me resta da coragem. Que planos eu tenho para surpreender o optimismo com raids surpresa de angústias. Corro para o nada levando sempre a pressa que retarda a vontade.

QUE ESTRADA É ESTA QUE ESTÁ SEMPRE A ENGANAR - ME COM ILUSÕES FALSAS DE PRAZERES INATINGÍVEIS?

Restam- me os lamentos sussurrantes das vielas da agonia.
O dia morre lentamente despedindo - se do sol com frágeis sorrisos dourados. Chegam as sombras, estas sombras que não param de acariciar - me com beijos maliciosos e abraços enganadores. Fatídico não é o destino, mas a ambiguidade dos caminhos.
Não me digam nada !
Não quero ver ninguém feliz perto de mim. Metem -me nojo os sorrisos e enraiveço facilmente com os projectos que teimam ainda em preencher o meu pensamento. Basta ! Quero fixar definitivamente o meu olhar no nada que desenho na minha solidão. Esvaneço, não sei qual a maneira, neste rascunho mais que rasurado que constitui a minha talvez coragem de tentar.

ESTOU FARTO DOS DIAGNÓSTICOS. 

Mesmo daqueles com 90% de possibilidades de certeza absoluta.
Habitualmente cumprimento o meu ego, que covardemente nunca me dá a angústia pretendida. Escondo - me num coral de mágoas e

O OCEANO NÃO CHEGA PARA ME AFUNDAR.

Consumo - me numa sociedade que não faz senão gastar - me inutilmente em bebedeiras de espectáculo. envelheço em cascos viciados em merda. Mostram -me oásis e proíbem - me qualquer tentativa de liberdade. Inventaram as pousadas da felicidade mas elas só existem num catálogo sempre disposto a causar - me inveja.
Não sei para que escrevo isto, talvez porque estou farto desta caneta ou ainda penso que tenho uma letra bonita para enforcar passarinhos.
A identidade não passa duma mentira, mas, mais enganador é o seu cartão.



aNTÓNIODEmIRANDA

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