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Portugal !
Agora sou um pedinte !
Mas, não te preocupes :
Isto é só uma espécie de poema.
Eu sei perfeitamente
que a não notícia da minha morte
passará despercebida.
Escreverei
no testamento que te vou enviar
que as tuas pedras
não me ferem tanto
como os discursos impregnados de mentiras
pronunciados em conferências de imprensa,
onde mentes uma fingida preocupação.
& costumava ser tao fácil gostar de ti
Quando poderei entrar num supermercado
e comprar o que me faz falta
com a minha pobreza ?
Portugal ! 2014 !
O meu nojo tem mais idade
e eu quero morrer
antes do tempo confirmar a tua mentira.
Prometes tudo
e tudo me roubaste.
Nem 1 cêntimo foi devolvido.
Portugal !
Não fiquei surpreendido.
Tu és como um penico :
mesmo vazio, ocupa espaço.
& costumava ser tao fácil gostar de ti.
Cheguei a ser feliz com o sabor da tua ilusão.
Que sonho eu aqui á beira mar plantado,
onde a não notícia da minha dor
passa despercebida ?
Mas, não te preocupes :
não faças isso por mim :
isto é só uma espécie de poema.
Portugal !
Da tua incoerência
herdei a insustentável rudeza
de nada ter.
Agora sou um pedinte !
& costumava ser tão fácil escrever poesia !
A minha raiva
não acontece para te agradar.
Agora sou um pedinte !
Mas não te preocupes :
isto é só um poema.
Portugal !
És agora um país
de putos e meninas :
eles enchem o cú
elas ocupam as vaginas.
Portugal !
Eu não estou contente.
vejo os teus desempregados a chorar,
vejo tanta gente a partir,
vejo a tua inversão de perspectiva,
vejo os teus velhos abandonados
desejando aquilo que nunca deveria acontecer :
acreditaram no teu sonho
e agora vejo nos seus olhos
uma indigna condição,
uma vontade apressada de morrer.
Portugal ! 2014 !
59 anos | 47 anos de trabalho.
47 anos legalizados pelo teu roubo ilegal .
Portugal !
Vivemos o tempo dos assassinos!
Dos mentecaptos !
Dos inúteis !
Dos inaptos !
Dos cretinos !
Dizes que é para o nosso bem,
mas porque sentimos
que nos estás a matar com tantos mimos ?
Portugal !
O teu falhanço nem sequer foi grande coisa.
Não me apeteces !
Já não posso morrer por ti.
Quando te cansarás
da árdua tarefa de libertares os teus ladrões ?
Portugal !
A minha cabeça tem uma estranha ideia.
O teu estado é caótico.
Estou imbuído de um espirito antagónico.
Tem cuidado : o meu pénis é atómico.
O meu desejo é automático.
Estou farto dos turistas do eléctrico 28
( Quando é que os informas
que comprar o bilhete com a merda de uma nota
de 50 euros, deixa-me abusivamente quilhado ?)
Portugal !
Agora nada posso impedir.
Vou dizer
e nem sequer é foleiro :
já foste um país porreiro !
Portugal !
Vendeste-te á puta errada :
A Angela não gosta de ser fodida !
Não tiveste cuidado
e ela é manhosa.
Portugal !
Mandaste-me á merda
sempre que te disse :
Ela é perigosa.
Portugal !
Vais morrendo,
matando cinicamente
um povo que lava no rio da grande desilusão
as tábuas do seu próprio caixão.
.2014aNTÓNIODEmIRANDA
#Livraria Buenos Aires#_tea for one_2015
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CORRE COELHO
O coelho tem maus hábitos.
Já toda a gente devia saber.
Fala na tv com a voz entupida,
jurando que naquele tempo,
não nos queria foder.
É tão acre o seu cócó,
que até nos dá dó.
Esconde os dentes de vampiro
e num merdoso suspiro,
alisa a queda do cabelo,
espalhando penumbra
nas palavras sempre mentirosas.
É um boy filho da trapaça.
Alguns ainda acham graça,
mas o seu tio
já empenhou o espaço publicitário.
Corre coelho,
taparam-te a toca,
ninguém te quer no aviário.
De nada és culpado?
Só a tua estupidez diz o contrário.
2017set_aNTÓNIODEmIRANDA
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