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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

AS HORAS DOURADAS


Não tenho medo dos caminhos novos, 
aqueles que afinal tiram a casca dos dias bolorentos.
Anseio a novidade com marés de suaves tons 
do vermelho das sementes de romã.
Começo neste sol, 
todos os abraços que ofereço ao mundo, 
mesmo que o mundo que me desgraça, 
não seja o lugar que pretendo.
Ficámos os dois apertados num umbigo mentiroso, que teimosamente pinta uma cor, 
que cada vez nos separa mais.
Sentados neste banco sem jardim, 
avivámos angústias bordadas em ponto-morto.
Claro que seria muito melhor, 
que o amor que nos ignora, 
pudesse pelo menos, 
olhar com a última ternura, 
a flor que há tanto tempo temos para lhe oferecer.
Mas há tarefas demasiadamente compridas, 
e a nossa esperança, é agora, 
uma hipótese seriamente comprometida.
Amamo-nos esporadicamente, 
mas mesmo assim, nunca em vão.
Deixo-te um até logo, 
alinhavado sem qualquer promessa que não nos respeite.
E se é verdade que os dias passam, 
compete-nos dourar as horas que os fizeram felizes.
Um sonho, 
mesmo não lembrado, 
poderá ter sido uma probabilidade engraçada.

,2018Fev_aNTÓNIODEmIRANDA

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