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sábado, 4 de junho de 2022

NÃO QUERO MIRAR A VIDA NUM RETROVISOR

 

Escondi os passos numa sombra que não é minha. 
Não encontro o refúgio para a última refeição que desejo. 
Está habitada de fantasmas a estrada que me persegue. 
Um puro-sangue foge-me das veias. 
Nada se parece comigo. 
Será breve o instante da confusão? 
O coração oferece eventos sem me convidar. 
Já não há caminhos misericordiosos. 
No nevoeiro da minha cabeça, 
escondem-se sonhos maltratados 
que só queriam beijar  o céu. 
A felicidade é uma novidade rota, 
bebida numa asneira cruelmente mentirosa. 
Não quero mirar a vida num retrovisor. 
Não tenho pressa de expirar o prazo da validade. 
Ocupo a minha paciência, (só de vez em quando). 
Tenho um método (infalível) para aplaudir 
a falta de interesse.
 Não sou necessário para nada. 
Não passo de um energúmeno bem intencionado. 
Não sou triste nem abençoado. 
Nunca renego cair em mim. 
Tenho mais que fazer do que aturar tribos de imbecis, 
e a sua colectiva masturbação.
Pufffffffffffff….f…..
O mar fica tão longe. 
Salpica-me o abrigo como se fosse um sal brilhante, 
que aquece o saco-cama. 
Inventa histórias tornando-me num menino com medo de adormecer. 
Promete-me um colchão com uma quente brisa 
de lençóis de poesia escondida no sabor das ostras. 
Sempre tive no oceano da minha cabeça, 
um arco-íris de velas flutuantes, 
que nunca esquecerei. 
Não quero caçar o meu sonho.
Não admito que pintem esta desilusão.

,2019abr_aNTÓNIODEmIRANDA


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