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quarta-feira, 27 de julho de 2022

ESPERO OUTRAS VOZES


Não compreendo a urgência deste silêncio, 
que insiste em sentar-me na cadeira 
dos soluços. Não quero saber da ternura 
que empresta ao entardecer, um sufoco 
envolto em lençóis da mais astuta 
crueldade. 

Desligo as importâncias traídas, cumprimento lábios imaginários pintados em tons de papoilas mentirosas. Não consigo passar para o que de mim irá vir. Derreto-me em fingidas convicções, numa aliança que nunca coube no meu pensamento. 

Espero outras vozes,
um suave arfar de passos
que não magoem
os sons
que
desejo
ouvir.



2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA

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