Observo o meu medo, nesta via láctea de véus assombrados, e o terrível sonho da solidão que canta infinitamente, numa onda de chamas reconfortante, a pronúncia dos bosques prateados. O som transforma este olhar em jóias, com um brilho que incendeia o labirinto,
no rodopio sem fim, da procura dos dias felizes.
Vozes da fé na paz não sagrada, sarapintada nas caras de barro, carregam cadáveres, e barrigas descomunais girando no chão, perante sorrisos desmaiados da pose sem compromisso. Mistério desinteressante oferece este jarro com sémen enclausurado.
Mentiras de amor e amizade, sentimentos de trampa, traição repetida, para adiar o roubo da minha carne. Moldar um significado, rasgar o espírito, aquecer a coragem ameaçada pelo vazio, nesta queda com o latido corrosivo de todas as fomes. No reino dos lamentos, o carteiro perdeu as direcções mais importantes, atadas no gume da navalha. Não quero aprender esta lição desagradável.
Só pretendo a aniquilação da ignorância,
que não é mais, do que uma doença prolongada. Não acredito nos segredos chantageados. Nojos roubados à luz da escuridão enganam a crueldade polida, neste rapto sem pá, para apanhar o resgate ruidoso.
Só estou disponível em pequenas doses,
numa alma que anseia chegar à maré,
que sei, só existe em mim.
2019_ jan_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
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