Aqui com a mala da solidão na mão, aceno à tristeza escondida na esponja do coração tanto chorado. Há noites que já não se deitam comigo. Fazem propostas indiscretas como se a vida que tanto desapontou merecesse a mais bondosa desculpa. Já, neste vazio deitado não consigo descrever os rasgos desta inquietação. Agora, no tempo que já foi, como se o ontem tão mentido adivinhasse um amanhã diferente, não me fere a importância gritada pelas multidões.
Tenho demasiadas facas gravadas na memória. Chagas em constante sangramento, uma mochila cheia de angústias marinadas nestes anos sem um segundo qualquer em falta. Acompanha-me um velho saco prenhe das melhores intenções dirigidas por um defeituoso acreditar. Um gostar desconfiado parido na dorida esperança. Nas escadas da leprosaria, lágrimas negras tão silenciosas como a lembrança que entorta os ossos, estendem os olhares do desapontamento. Não olhes para mim assim. Abusa de mim. Viola o tempo que nos resta. Nem todas as vezes consegui o que quis, e, aquelas que falhei foram unicamente o que de mim não presta.
Não conheço o deus a quem rezas.
Ignoro a oração desse acreditar.
Desapareço sem querer De nada fazer
Para matar os pecados que tanto te mentem.
Não gosto Sobretudo não gosto
Do mundo que finge o direito
À tua felicidade.
,2024Mar09_aNTÓNIODEmIRANDA
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