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domingo, 30 de abril de 2023

COMPREENSÃO ATRIBULADA

 


Dos 

Piores

É 

Que 

Melhor

Se 

Apresenta


Dos

Péssimos

É

O

Menos

Mau





,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


MANHÃ SUBMERSA

 


Adoro partir

sempre que não dás

pela minha chegada



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


ESMERADO SERVIÇO DE ESPERA




Para ti 
(se não faltares)


Por fim
Acabaram
Por se conhecer
Nas novas oportunidades
Do centro de dia



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

DEITO-ME NO CONVITE ENCHARCADO DE CARÍCIAS AUSENTES

 


Se o céu fosse só meu
não teria de fingir tanta mentira,
diminuir a importância de gostar de ti,
não alimentar a teimosia de fugir dos abraços imaginados. 

 (Não quero que saibas que continuarei a procurar a agulha no palheiro das emoções).

Perdoa-me a audácia assim como eu não desculparei a falta de jeito com que dizes respeitar o meu estúpido atrevimento.

Entrego-te a mala de sonhos empobrecidos 
apedrejados por um paraíso nojento
enxerga  dos sorrisos carimbados de mentiroso pó de arroz.





,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

NUNCA DORMI ABRAÇADO AO TEU DESEJO

 


Chama 

Quando precisares 

De mim 


Sei

D'um anjo

Que pinta

Os caminhos

Da

Beleza


,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


DISFUNÇÃO ERÓTICA

 


Delírios 

Insuflados

Gemidos 

Falsificados  



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


MUITAS DÚVIDAS ENGANAM-SE NOS SOFÁS

 


Nada 

Somos

E


Tu 

Também

Não 

És

Ninguém



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


Ontem na Fábrica de Alternativas (Algés). Muito! Muito Bom!

 


VIAGEM (PEYOTE EFFECTS)

 


O

Que 

Sinto

É tão bom

Que não sei dizer

O

Que penso

Já pensei

O que quero

Não me preocupa

O

Que gosto

Afinal ainda existe.


aNTÓNIODEmIRANDA

VIDEOPLEXIS

Registo a azia
Numa cassete vazia
Cheia d`angústia
Farta de ser desgravada
A vontade muda-se
A memória permanece
Na tristeza
Que acontece
No desejo de mudar.
Ninguém me ouve
E
Eu estou farto de tentar

 
aNTÓNIODEmIRANDA

ESPECTÁCULO

  

A felicidade adiada e mais duas tentativas anónimas e desesperadas de auto-fornicação
. As vias-sacras do inferno e o enforcamento público das palavras que não ousámos dizer quando clandestinamente fazemos amor. 
Requiem por todos os amantes incompreendidos cujas almas estão cheias de somente boas intenções. 
Imagens púdicas transbordantes de púbicidade ritmadas com slogans publicitários que aconselham sobretudo o que não nos convém. 
A sociedade do espectáculo do consumo convidativo ao próprio consumo. só ficamos com o sumo que sabe sempre ao mesmo : 
M.E.R.D.A.


,21.5.86_aNTÓNIODEmIRANDA

NO PAIN NO NAME NOTHING TO EXPLAIN NOTHING TO BLAME



Só resta de ti o vazio e o espaço que ele já não ocupa. Não há lugar para tentativas, tudo foi bem entendido. A memória foi embora levada pelo estafeta da desolação. Já não me é estranha esta solidão. A vida é como uma folha de cálculo: não se pode errar as fórmulas. Sentado, contemplando o circo dos porcos, espero a ajuda do sacana por mim inventado. Não consigo ainda compreender as piadas estúpidas dos palhaços mascarados, numa tentativa inútil de disfarçar a sua condição. Estendo-me num banco do jardim, fecho os olhos e pinto o sol de vermelho, esperando que qualquer pássaro curioso, não borre o meu quadro. Evidentemente não resisto á lambidela do cão. Ausento-me o possível. Atenção o sonho que quero vai começar. Eu sei que mais ninguém o vai ver. Estou num piquenique celestial. Como sempre deus está ausente ! Ontem deitou-se tarde : esteve a ouvir Stones com um amigo. Gosto do sabor destas nuvens embora ninguém me tenha avisado que Groucho Marx continua a fumar charutos de erva. Miró diverte-se a pintar o fumo. Harpo ri harpamente. Bogart não pára de beijar a Lauren Bacall. Marlon Brando penhorou o óscar para comprar terra para os índios.
Hoje há mil festas por minuto. Desta vez vou tocar com Muddy Waters e John Lee Hooker. A minha guitarra está ansiosa e a harmónica está a ferver. Porra, amei a vida toda para este momento ! Jim Morrison vai ter de esperar. Janis Joplin comeu um dos meus poemas e olha-me com malícia. Pergunto-lhe se quer mais Michael Karoli não consegue esconder a surpresa e toca beatnickcamente “ you doo right ”. Não tive vergonha e declarei-me á Amy Winehouse : "I know, you´re good" .Adormecerei dançando apaixonadamente com um anjo: CAN - Tango Whiskeyman.  Obrigado cogumelo mágico



2014.aNTÓNIODEmIRANDA

MUITO CUIDADO COM O DESCUIDO FORA DE PRAZO

Fogo que já não queima, passo adiantado sem o destino atrasado, e uma flor de sal não angustiado para regar sorrisos atrevidos.
Caminho para aquilo que houver, com acenos lisonjeados, estendidos nesta passadeira das colagens que fingem os dias. Muita parra, pouco gelo, mojitos adulterados na salsaparrilha com sangue de tomate, vítimas da facada do pôr-do-sol. Alguém anda por ai, espalhando angústias com hímenes desconsolados.
Cuidado!
Semáforos desfocados espalham satélites do amor ardido.
E o tempo da espera estimada, continua com a credibilidade amachucada.
Sirenes incendeiam as utopias da cidade, e simpósios confundidos agendaram uma manifestação em frente da porta habitual da sociedade mundial dos patetas. Mails tendenciosos tentam acalmar a situação, mas a tábua de enganar, permanece indiferente. As 2ªs vias, estão entupidas, e obviamente só poderão gerar a confusão digna de todos os encómios. A associação dos imbecis supostamente anónimos, está preocupada, a menstruação atrasada, será motivo para isso.
O sorridente, com cara de presidente, já chegou ao local para os confortar.
A selfie habitual, parida durante a circunstância, foi cuidadosamente direccionada para a assembleia dos idiotas.
A oposição vai fazer qualquer coisa, embora a época da importância tarde a aparecer.
Há que estar atento.
Cuidado!
Muito cuidado com o descuido fora de prazo!

2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

COMO SE FOSSE RITA CADILLAC

 

Prazo de validade ultrapassado
Metida no buraco
A vida é fodida
Todas as horas têm o sabor a fel
De nada vale a etiqueta
Já nada controlas
Muito menos a fantasia
De te ofereceres sem vergonha
E a malícia
Não é a tua melhor arma
Bem podes fingir
O olhar de pecadora
Os santos mentem como tu
E nem sequer usam “priadel
Agora já não páras
E sabes quanto a tua sombra te detesta
Caminhas
Sabendo que não chegarás a qualquer parte
Entras sempre no mesmo filme
Como se  fosses Rita Cadillac
E os dias ficam assim
Ao correr da asneira
No tempo
Gasto num constante lamber de feridas
Sempre á espera do amigo
Que não és capaz de ter
E riscas no calendário
Todas as alegrias mentidas

2006dez,aNTÓNIODEmIRANDA

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Para que conste... OS POEMAS SÃO PARA SEREM LIDOS.

 


NINHO CAÍDO


A CONDIÇÃO DO POETA

Andamos para aqui a sarapintar vírgulas num papel qualquer.
Sabes, os poetas não têm uma fama lá muito aconselhável.
Há quem diga que têm na alma um teclado de uma máquina de escrever. 
E não são muito rígidos na escolha das palavras adequadas.
Às vezes pintam imagens estranhas, como se falassem com elas.
Abusam constantemente nas cargas etílicas.
Têm sempre uma pressa urgente.
E lavam pouco os pensamentos.
Enfeitam com um laço as ilusões,
ouvem outras vozes frequentemente
e são geralmente doidos por um par de asas.
São singelos na leitura de cartografias,
aparecem tímidos nas fotografias,
e passam muitas tardes a corrigir epitáfios.
E beatificamente despedem-se com a bênção habitual:
Que deus vos acompanhe,
porque eu já não sei o caminho.
Aqueles, ditos subversivos,
apostam sempre na barata tonta,
e lisonjeiam com desdém matraquilhos curiosos
que vomitam sílabas mal cheirosas.
Os poetas não são assim,
mas também nunca poderiam ser o contrário.
Têm ritmos de alquimia,
e, sentados, tentam colorir outro cenário.
Pensam que falam como as pessoas,
discutem amiúde anatomias sintéticas,
descansam os olhos  com atitudes patéticas,
e sorriem como se fizessem parte do mundo.
Cultivam simpatias incompreensíveis,
dão longos passeios envoltos num manto de nevoeiro, chamando alguém em forma de estátua, de Sebastião.
Odeiam parapeitos supersticiosos, 
e escorrem por uma corda fictícia
até pisarem os pés da lua.
Dois poetas nunca se encontram, 
mas abraçam-se com um código secreto, 
e sabem de cor a maliciosa password.
Os poetas têm importâncias não definidas,
e sangram como crianças,
pelo poema que nunca poderão escrever.
Vivem em forma de tempestade, 
o tempo que constantemente lhes foge.
Cavalgam como um puro sangue, 
mas enganam-se sempre na corrida.
Sabem que não há futuro na poesia,
mas, enquanto poetas acreditam na sua eventualidade.
Há quem diga que não são normais! 
Até mesmo difíceis!
Têm sempre um copo na mão,
Donde bebem sessões contínuas de dignidade.
Nunca renegam a condição de ser poeta.




2016
aNTÓNIODEmIRANDA


quarta-feira, 26 de abril de 2023

Meninas vadias, Madalena Ávila, Manuela Leitão e Paula Montez! Ontem depois da sessão da "Poesia à Deriva", este senhor que esteve no Elementar, ofereceu os seus préstimos. Ponham-se a pau! Estou a pensar seriamnete no assunto!

 


Vai ficar bem! Arranjei um par de muletas

 




EU BEM TE AVISEI!

 

Eu bem te avisei!

Os poetas escrevem com palavras mentirosas

Pensam enquanto riem
e nesse riso fingido
não têm tempo para emendar
o que não foi sentido

Desenham a tristeza em folhas frias
e limpam lágrimas escondidas
nas caixas de pó de arroz

Avermelham os olhos
pintados cirurgicamente
em frente de espelhos convenientes

Acendem o cigarro
com voz de catarro
e entram no filme
levando no braço a gabardine 
do HUMPHREY BOGART

Num olhar pretensamente descomprometido
imaginam a amplitude
da costura daquelas meias de renda

Os poetas escrevem as palavras possíveis

dos poemas mentirosos

E a sua almofada preferida

é forrada com papel mata-borrão
para que os sonhos que não querem ter
não incomodem a sua fantasia

Os poetas não têm culpa

aa inveja de deus

Eu bem te avisei!

Vou desligar esta chamada

com número anónimo.


,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA


DITADO (para a Kiláudia Gama , a tenora pecadora)

 


Não há mal que sempre dure

Nem berbequim que tudo fure



2017marçoaNTÓNIODEmIRANDA

Um dos meus LP`s preferidos.

 






Adivinhem quem anda por aí! (Obrigado, MM e Ricardo Álvaro).


ESTÁ-SE BEM NO CAMPO

 

A buzina do peixeiro precisa de ser afinada.
O padeiro mudou de viatura e disso se ressente a qualidade do pão.
Faltam passar 2 dos 7 carros para o fluído do trânsito ficar normalizado.
A escola há muito que fechou.
A venda também, e os idosos são cada vez menos.
A net é demorada.
Tão lenta com as horas tocadas no aparelho a imitar o som do sino há muito tempo fugido.
Às 5ªs, lá para o final da tarde, há-de chegar a carrinha da carne. Há um ou outro a comprar, que agora esta coisa dos supermercados, abanou e de que maneira, o negócio.
O vinho já poucos o bebem. Maldita coca cola!
O complexo desportivo dos matraquilhos continua com os jogos adiados.
Tem chovido muito pouco e a terra mostra nas suas rugas, a sede que tanto a magoa.
A saúde vai faltando cada vez mais, e a médica quando aparece, fala uma língua que não se entende.
A requisição dos exames está deitada no gavetão. Custam quase tanto como os remédios, 
e da vergonha da reforma, nem vale a pena lembrar.
Está-se bem no campo. 
Dizem o galo e o gato sem ração.
Lá na minha aldeia não se pode namorar.
De dia, são cães ao sol.
À noite toda a gente a ladrar.
Está-se bem no campo.
Dizem por aí, aqueles que nunca se deitaram
com a solidão.

,2017ago_aNTÓNIODEmIRANDA




terça-feira, 25 de abril de 2023

7

 


Medos vestidos de borboleta assolaram à porta do paraíso e mentiram 7 discursos do mais ousado fingimento.
Quem os escutava sorria sem qualquer interesse, para o ocaso mais próximo.

Vénias foram exumadas em memória dos 7 anjos ebriamente contemplados.
Depois o éden fechou as portas para reservar o direito de intromissão.

Pragas foram canonizadas num delicioso churrasco saboreado por convidados espaciais.
Na hora da despedida, todos cumprimentaram alegremente a sua não identidade.

Sóis pintam as alturas com tons desconfiados, e não se importavam quando o mijo caído do céu, esborratava os seus poemas.

Poetas descalços distribuem poesia à boleia de 7 estrelas expulsas da constelação de Hollywood.

Velhas máquinas de escrever disputam entre si, 
o mais celestial cântico do teclado.
7 
Murros mantêm a secreta esperança, de socarem num rápido knockout, uma delinquência a quem chamam humanidade. 



2017set_aNTÓNIODEmIRANDA_Vila Chã

SOU UM CRISTO

 


Sou sempre um estranho 
neste espelho 
que julga que sou eu

Não tenho tamanho neste caminho 
e vozes emparedadas 
dizem-me palavras esquisitas 
como se fossem unhas infectadas 
cravadas na minha pele 

Ninguém me acode 
neste rogo envergonhado 
beijado por chicotes poliglotas 
hospedados na angústia da minha espera

Eu só preciso de viver, 
pelo menos até ao entardecer, 
neste harém que me desalojou

Sou um cristo
filho de um deus 
surpreendido  




2017,Ago_aNTÓNIODEmIRANDA 

segunda-feira, 24 de abril de 2023

SENTIMENTOS PROFUNDOS

 

Roubam-te a alma num discurso esconso
 
Chupam-te a pele com um tonto sorriso
 
Fazem-te a cama com lençóis de miséria

Até que o sangue se afunde na verdade do vermelho
para que o cansaço dos anjos adormeça abraçado 
aos verdadeiros sonhos

Até que as pátrias não sejam terras alheias

Eu continuarei a cumprimentar todas as alternativas credíveis


,2022Vila Chã 24Abr_21,40h *aNTÓNIODEmIRANDA


TUDO O QUE EU TE DOU NÃO SERÁ COISA MAIOR

 

Elogiar o teu decote que eu imagino mais ousado e tirar algumas das tuas medidas sem imiscuir-me naquilo que gostaria ter nas mãos. Mas o teu andar de geleia com meias de vidro Murano, acaba sempre por me surpreender. 
Balanço-te um olhar como se fosse poeta e entrego-te um convite bem-educado para ires beber na minha fonte. Já estive a falar melhor, dizes tu para esta cantiga mil vezes dita. 
Falo-te dos encantos de _Lisboa, da sardinha de_Alfama, dos subterfúgios da_Bica e do final de uma noite boa, talvez numa pensão da_Madragoa. 
Mas eu sou um simples ineficaz, o que até não faz de mim um bom marçano. 
Mas não esperes muito de quem passa os dias a distribuir mercearia. 
Hoje em dia as gorjetas são escassas embora certas mulheres elogiem o meu charme. 
O que eu andei para a ti chegar. 
Fiz a barba com água gelada 
e lambuzei a tromba com a segunda via 
de um perfume 
que vi anunciado num leilão de última oportunidade. 
Escrevo poemas que nunca vais ler
e preencho algumas paredes com colagens 
onde tu continuas ausente.
Falta sempre uma estrela 
e por isso continuo a olhar desconfiado para o céu.

,2016,06aNTÓNIODEmIRANDA

domingo, 23 de abril de 2023

ALGUMAS PALAVRAS TERMINADAS EM …MENTE

Há Quem suba às árvores para tocar na própria cabeça Quem atire pedras para matar acasos Quem pense demasiadas vezes (quando uma é suficiente) Quem sonhe o contrário Quem desconfie assiduamente de si mesmo (se assim for, serão válidas todas as ocasiões) Quem antecipe o problema antes da solução Quem semeie sentimentos aleijados Quem se magoe amiudamente Quem repita o erro frequentemente (pedindo desculpa constantemente) Quem afie invejas desalmadamente Quem rumine calmamente Quem merdite exemplarmente Quem pratique não eficazmente Quem reitere obviamente Quem ronque insistentemente Quem ofenda contundentemente Quem insista duplicadamente Quem reflicta distraidamente Quem relembre estupidamente Quem se distraia animicamente Quem vibra ocasionalmente Quem visite reiteradamente Quem sonhe inteligentemente Quem esmoreça sempre de repente Quem importune obscenamente Quem caia ineficazmente Quem desista abusivamente Quem considere não exemplarmente Quem multiplique contrariamente Quem aumente minimamente Quem reconsidere distraidamente Quem inove atrozmente Quem recomece mentirosamente Quem renove tardiamente Quem siga erradamente Quem triture dolorosamente Quem ressuscite precocemente Quem se regenere oleosamente Quem consulte a tal vidente Quem chore ostensivamente Quem frequente radicalmente
Quem narre sorrateiramente Quem conviva oralmente Quem pratique anonimamente Quem gema embargada mente Quem pine espaçadamente Quem imita empaticamente Quem compreenda espantadamente.
Evidentemente…
 

,2019abr_aNTÓNIODEmIRANDA

CABID-31.10


MOMENTANEAMENTE ACESSÍVEL


Mandem um beijo,
Ou aquele sorriso desaparecido,
Para a tenda dos milagres
Fingidos.
Mandem mesmo,
A bandeja dos sabores podres.
Porque não um padre amistosamente
Abatinado,
Um galão
Com sumo de coca,
Porque não,
Uma irmã da Confraria
Das Adoradoras do Sangue de Cristo,
Com a senha certa para fugir do paraíso.
Mandem tudo!
Estou momentaneamente acessível.
Até porque...
Hoje apetece-
Me
Mentir.

,2020Mar_aNTÓNIODEmIRANDA

Olha que coisa mais linda...


sábado, 22 de abril de 2023

TANTAS VEZES ME MINTO ENROLADO NA VERGONHA QUE DEMASIADAS VEZES SINTO

 


Aparelhar pecados no paraíso das máscaras.
 
Sonhos de lantejoulas pintadas 
no papel do amargo tempo. 
 
Lábios de vermelho decadente 
tatuados nos copos da volátil memória, 
amanhecem nos beijos gritados 
na esplanada da solidão. 

Irão banhar na beleza escrita 
em mata-borrão, 
um acorde que já não nos pertence. 

Uma colagem de abraços imaginários 
poderá (mesmo por um só momento), 
emoldurar a desilusão que 
plantámos. 

Então, com o préstimo das palavras mentirosas, 
riscaremos a magia da importância.

Não calçamos o mesmo estar.



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

O MUNDO NUNCA DEIXARÁ DE SER UMA FERIDA

 


Ouço a tua voz a fugir do bandolim

Apaixona-me o sorriso 
de     ousadia     cigana 
dançando no chão 
de todos     os     sangues 

Quando poderei 
tocar a tua carne 
de prata 
enfeitada?


Vem depressa. 
O meu corpo está´ a fugir




,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

FUNIL

 


Ainda bem 
que o 
TEMPO 
já não é 
MUITO



                                                                                 Até 
                                                       porque da vontade 
                                                                       JÁ 
                                                                    pouco resta








,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

O QUE PODEREI FAZER QUANDO ESTOU DESABRIGADO

 


São 5 da manhã

Resta-me um pouco de Bourbon

Mano Chao tenta alegrar-me

Fala de uma erva que gostaria de fumar



                                Seria tão fácil 
                                                        ficar perto de mim 
                                mas é uma história mais amarga 
                                                do que a minha vontade




,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

ESBOÇO

 


Sonho meu 
que tardas em achar-me 
no teimoso abraço 
que nunca me alcançou 


Olho para o céu 
e nele procuro 
traços da ternura necessitada


São simples as minhas ideias 

Verdadeiras as manias de esboçar 
mesmo as tentativas improváveis





,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

POSSIBILIDADE NÃO ENDEREÇADA

 



Fechada para inovação


Abrirá Brevemente

Com 

Inteligência 

 Possível 







,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

NÃO ANDO POR AQUI À CATA DO SOM DAS PALMAS

 


                    certas coisas acabam

        e tal como eu previ 

                                        o mundo

        não ficou mais pobre  


,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


POIS ENTÃO

 

Sinto-me num processo evolutivo
 


Assim sendo
mando à merda 
as escritas 
que tentam emporcar a minha cabeça



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

SORTILÉGIO

 


Hoje esqueci-me de mim

Queria sentir outra coisa diferente da dor 

Sair do buraco 

Apunhalar recordações

Erguer

Ouvir-me num fogo sagrado 

Caminhar 
para a incertEza sem rota 

Perder-me num sortilégio 

Esquartejar o destino 
com cautelas não premiadas 





,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

NADA SE COMPARA À TUA NECESSIDADE

 




Eu sei que nada bate certo
na manhã que imaginaste

Tudo é desapontamento

E a pele que te veste
já não acredita no perdão cansado
de tanta promessa

O que fazer a tanta a mágoa
cravada na almofada dos desejos
não conseguidos?





,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

A MENTIRA DAS HORAS CADA VEZ É MAIS CURTA

 


De volta aos meus copos desalinho corpos 
num bailado estranhamente parecido com a minha incoerência.

Volto a página na folha rasgada 
onde estava escrito o convite mofento.

Perco-me neste mal-estar repetidamente 
acontecido.

Só queria um sonho mesmo sem lugar 
um  abraço amigo que não atraiçoasse 
o meu desgosto.

Escondo-me num vaivém sem parança 
sempre disposto  a contrariar a urgência 
da minha identidade.

Até quando?

A mentira das horas cada vez é mais curta.



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

FELICIDADE INATA

 


É  feliz


É  Feliz


Brinca com ele a todo o momento...



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


A SABEDORIA SERÁ SEMPRE BEM-VINDA

 

Não invejo o léxico dos pseudo-intelectuais.



Até porque 

                    a

minha rede 

sanitária

funciona 

na perfeição.



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


NAS LONGAS CONVERSAS COM O ESPELHO

 


Rego curiosidades 

com suaves gotas de agonia.



Anónimo no meio da minha 

desordem

            tento confortar paisagens desoladas. 


,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


SONS DO MISSISSIPI POUSADOS NA MESA

 


Grilhetas

Algodão

Lavado

Em

Lágrimas

De

Chicote



A dor é a única coisa que não mente


,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


ESSA DÚVIDA NÃO É BONITA

 


Ofereces o céu 

Como 

Se eu estivesse a morrer 


Não acreditas 

Na espera 

Do meu acontecer 


,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


sexta-feira, 21 de abril de 2023

DORMIREI ONDE O CORVO VARREU O NINHO

 


Lágrimas de punhal abraçam 
a solidão do meu entristecer

Noite do sonho tardio 

Mania matreira 
gerada no pensar vadio

Não quero falar sobre isso 

Tanta dor escorrida nesta lâmina 
afiada com nome de anjo
 
Perdão desolador 
sempre na procura da alma perfeita 
adormecida num coração de ouro
 
Chega como te apetecer

Não interessa saber onde passaste a última noite

A mentira será bem dissimulada
 
Dormirei onde o corvo varreu o ninho

Peço-te
não sejas mais audaz 
do que a minha carência.


,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

HISTÓRIAS CURTAS NO MONITOR DA MINHA IMAGINAÇÃO

 


Gostava de te amar 
diz o anúncio da funerária 
dos prazeres desonestos.

Mas eu só ouço pesadelos 
vindos de uma selva que não conheço.

Milhares de desgostos chamam 
pelo meu                                      nome.

É demente a minha presença, 
e maldito o bilhete para a rota  
mentirosa.

Quando me entregarão um sonho 
que fale da minha             pele?

Eu sei que não mereço,
mas por vezes 
finjo que                     esqueço.







,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

FALAS DE UM OPTIMISTA INACABADO

 


Pé ante pé 
o sono entrega-me coelhos 
de rosas saltitantes 

Almofadas deitadas nos baraços 
contam histórias dos cogumelos bonitos

E então,
todos os sorrisos
pintados nos meus lábios
adormecem na ternura do sonho
que me beijaste


Ainda continuo a aguardar 
a entrega do “White Rabbit” 
promessa inacabada dos
Jefferson Airplane








,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

ELES NÃO SE IMPORTAM MESMO NADA

 


        Se te deitas com a 

                                           Fome

       Se morres 

                        para não 

                                           Acordar




,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


URGÊNCIA NECESSÁRIA

 


Nunca 

Desistir 

É uma 

Obrigação 

Sempre 

Necessária

Continuar a Sonhar 

Deverá ser uma Urgência 

que Não se Deve Extinguir



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


& JÁ AGORA

 


Quero um fogo que desaperte embaraços 

Um copo vazio de solidões escusadas 

Um passar sem volta repetida 

Uma notícia não sofrida 

Um chegar não naufragado 

Uma escala sensual 

& Já agora

Uma alegoria eficazmente pedrada



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


IMAGINEM QUANDO OS CRETINOS DEIXAREM DE RESPIRAR

 


O ditador enoja-me

Mas o que verdadeiramente 

Me fode 

São os que continuam 

A votar 

Nos filhos da puta



,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


FALA QUEM SABE

 


Já tomou um orgasmo hoje?


Como assim?


Para quem gosta,

dizem que é bom




,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


QUE ME MORRA O AMOR

 


Eu sei que nunca vais chegar 


                                Eu que pensei

                                Abrigar o teu perfume

                                Nas asas do meu desejo




,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


HABILITAÇÃO NÃO OBRIGADO

 


Logo que pude 

Demiti-me

De ser o legítimo herdeiro 

Da vossa ignorância


,2023Abr_aNTÓNIODEmIRANDA


Conversa Boa !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Com Levi Condinho e Miguel Martins

Juro uma vingança grave sobre
toda esta falta de viver
juro uma treva um nó de madeira obsessivo
uma mancha de podridão na abóbora
ou no pepino enroscado na terra aguada
juro uma unha roxa no rouxinol amado
um ponto negro nas tuas nádegas de concurso
um baque no peito uma recus no planeta mais visível
juro o estalar da pedra nas patas do sardão
juro o próprio sardão
juro os teus mamilos na raiva do silêncio
juro o bornal apodrecido de Kerouac em Bordéus
onde a viagem morreu na baiúca do vinho
juro o vinho (a) martelo no resvés das pedras calcárias
basalto cilício cortiço de zângões
juro as águas de velhas torneiras ferrugentas
e palavras e signos e símbolos sublimes
odeio Céline do meu lado esquerdo
e amo Céline do meu lado direito
ficando por cima como arcanjo astuto
juro mordendo este copo esta trégua este luxo
este ser disponível para tudo abrir
caixa de veludo calo do mindinho erva de plantar
no jardim falido de um ânus loiro profundo
ânus olho juro



Levi Condinho nasceu em 1941, em Bárrio (Alcobaça). Publicou, entre outras obras Para que Alguns me Possam Amar (1977), Saxofone (1981), Tentáculos (1981). Em Roteiro Cego faz uma antologia da sua produção poética entre 1965 e 2000. É também tradutor e crítico, com vários ensaios publicados na Colóquio/Letras.
do blog discursodosdias.blogspot.com)




SINA ERRADA

Há tanto tempo que vivo sem abrigo. 
Há tanto tempo que mantenho constante, 
esta lembrança sem qualquer laivo de surpresa só abafada pelo cair de algumas moedas na caixa de cartão, que tenho à minha frente. 
É tão triste este chão. 
O que me aquece, 
é o abraço das estrelas amigas, que disfarçam o embaraço com que fingem olhar para mim. 
Não presto para a atenção, 
ninguém pega em mim ao colo, 
julgam-me tolo e os mais afoitos, 
sempre dizem que já tenho idade para ter juízo. 
Leram-me a sina errada e sujaram o meu destino com todos os registos da maldade nunca frequentada.
Que lágrimas poderei chorar, 
para não manchar a vossa indiferença?
Sei o que valho, 
e orgulhosamente aceito que isso não vos importe.
Temos peles diferentes.
& o meu sorriso não tem cotação comercial.
Não é ignóbil.

,2016aNTÓNIODEmIRANDA

 

NO SOFÁ DO CONSULTOR ESPIRITUAL

Atou o fardo com nós impróprios para consumo. 
Desejou só 1 breve momento para se aconselhar com a sombra que apressadamente o abandonava.
Deslizou num arco-íris incompleto, os sorrisos que lhe fizeram companhia.
Nada restava naquela colagem obscena gravada com nomes chumbados.
Sacudiu o metabolismo para a área do adversário, mas um inadvertido fora de jogo, anulou o lance que pretendia genial.
Ninguém aplaudiu a sua ousadia.
Outras distracções já tinham marcado presença na tribuna dos ofícios conspurcados.
Simulou um aparecimento despreocupado.
Também não resultou.
Os nós cansados de tanto desespero, 
entraram em autogestão e refugiaram-se numa depressão generalizada.
No sofá do consultor espiritual,
contam-se agora, outras histórias.


2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA

CARLOS MOTA DE OLIVEIRA * Tenho o privilégio de conhecer este senhor!