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domingo, 16 de julho de 2023

CONSTELAÇÃO DE NÓDOAS



Vejo no pulso as horas da velhice. 

O espelho entrega-me rugas que não 
se podem disfarçar. 

Colo na pele um poema amigo, 
uma constelação de nódoas, 
um ramalhete de carícias ressequidas. 

Olho sem raiva o tempo deitado fora, 
um lixo azedo a morrer de medo, 
numa ilusão vadia. 

Escondo golpes delicados no pó 
que escreve o meu nome. 

Todo o mundo se afasta. 

Não há sequer um conforto 
que tente abraçar-me.

O que é certo, 
é ainda não tremer 
quando abro este livro.


,2020mai_aNTÓNIODEmIRANDA

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