Vejo no pulso as horas da velhice.
O espelho entrega-me rugas que não
se podem disfarçar.
Colo na pele um poema amigo,
uma constelação de nódoas,
um ramalhete de carícias ressequidas.
Olho sem raiva o tempo deitado fora,
um lixo azedo a morrer de medo,
numa ilusão vadia.
Escondo golpes delicados no pó
que escreve o meu nome.
Todo o mundo se afasta.
Não há sequer um conforto
que tente abraçar-me.
O que é certo,
é ainda não tremer
quando abro este livro.
,2020mai_aNTÓNIODEmIRANDA
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