Desse-me o tempo outro espaço
alegrias desenhadas sem compasso,
outra ilusão menos perversa
asas sem cera para voar
e outros golpes de enxada
cavariam um fardo diferente.
Desse-me o tempo outra cura
sem intervalos amarelos
soletrados gota a gota neste lugar
onde todos os nós
fogem sorrateiramente adestrados
neste mar de palha.
Desse-me o tempo outro calhar
e outra dor eu contaria.
Contrária àquela que me desagrada,
e outra paixão arderia
no caixão das violetas esquecidas.
Desse-me o tempo outra loucura
não tão suficiente como esta que apalpa
pulsações codificadas com ritmos
que só me deixam cansado.
Não me roubasse o tempo
os segundos importantes
com que unto esta gandaia.
Mas eu só tenho uma janela
para abrir todos os meus sonhos.
E um estrume ineficaz
que percorre as vias do meu coração.
E já não quero que o tempo nada me minta!
2016,09aNTÓNIODEmIRANDA
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