Às vezes desvio-me para a caverna só para acordar a sedução,
dizendo-lhe ao ouvido que não pode abandonar-me.
Ela então sorri um riso vertical e promete-me que quando se lembrar,
não vai esquecer-me.
Então aqueço-lhe as mãos com um tremor ternurento
e beijo a sua memória com todo o afago.
Rimos os dois num modo igual à ficção em que nos tornámos.
Visto-lhe o roupão comprado no último saldo dos certificados de aforro.
Agradecemos encarecidamente à rolha da garrafa do tinto que tanta alegria nos proporcionou.
Já não falamos muito, é certo,
mas também é verdade que em dados momentos,
as palavras deixam sempre de ter sentido.
Adormecemos geralmente sem a necessidade de continuar esta ilusão.
Ainda não sei se temos relógios iguais… mas nunca falhámos qualquer encontro.
Vamo-nos vendo por aí.
Às vezes nas esquinas onde ninguém se encontra.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
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