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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

CRÓNICAS DE VILA CHÃ (4) 2015set14 “COMO POSSO DIZER”

 


Curiosidade mórbida e a realização de cenários de quem nunca está presente. Ouvi dizer, diz-se por aí, é a constante permanente numa ideia infinitamente menor. Côa-se assim o tempo, desperdiçando a vida sem ter desta qualquer lembrança. Só baixo de nível com a eloquência da estupidez absoluta. Não há remédio para esta fatalidade. Mantenho comigo uma frequente possibilidade de aprender. Se calhar já escrevi isto, mas se calhar vocês não leram. Os dias passam tranquilos na minha cabeça cheia de boas intenções. É bom ter esta possibilidade de anualmente repetir certas leituras. Estou mais sossegado na minha calma, mais acessível à minha atenção, com menos desprezo pelas coisas mais simples, que há muito tempo passavam despercebidas. A cidade grande surge depressa demais para confirmar qualquer intenção de me lembrar. Sou só, sem qualquer anomalia proveniente do lamento. Passo os dias com ritmos tão subtis envolvendo todas as hipóteses aptas para serem impressas nas paredes da minha memória. Humedeço os sentidos com esta tranquilidade ausente de todo o sentimento de fraqueza, e enleio a minha satisfação com amplos sorrisos e gargalhadas encharcadas de contentamento. Não me contento com pouco, juro-vos! Mas, não me levem a mal, sou dono da minha plenitude. A vida não é simples e incautos serão os caminhos que nem sequer admitem essa possibilidade. Deixemos correr o tempo sem termos a ínfima intenção de tingir a sua dignidade. Sou tão difícil como a mentira em que ninguém deve acreditar. Não sou rima para agradar, e pequei tanto que o andor tombava para o lado da minha não imprecação. As velas queimavam cinicamente os dedos, e os crentes indiferentes saboreavam entremeadas previamente benzidas. Eu seja louvado! E como não sou invejoso, que o outro venha logo atrás.
Sou tão ilógico que a lógica tem de mudar de pilhas. Os leds anotaram esta evidência com um ar de mercedes condicionado e filtros plenos de satisfação. Incrédulo mas receptível á inovação, mandei-os á merda com todo o cuidado, tirei os dedos da ficha, desliguei o motor, abri a porta da marquise, informei a mulher, avisei a empregada, telefonei para a porteira, raspei a raspadinha, ignorei a vizinha, atei a trela ao pescoço, meti na boca um osso, adiei a caganeira, paguei o IMI cheguei á cama arrasado. De nada me lembro. Dormi com o mesmo lado.
Aviso: este texto nunca poderá ser incluído em qualquer manifesto eleitoral, assim como na posologia de qualquer coisa intencionalmente prescrita com o propósito da normalização da loucura. Admitirei a possibilidade da sua utilização na confecção de collants e num restrito modelo de copas de soutien. Bom, a hipótese de pára-choques, poderá eventualmente ser discutida.



2015aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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