CARTA VERDE
Arrancou à pressa
o pó de arroz que escorria pela cara.
O semáforo teimoso tentava ludibriá-la.
Então com todo o gosto pisou o acelerador.
A amolgadela do carro da frente
não infringia nenhuma mentira.
Desta vez não errou a pontaria.
Há dias assim.
& há os outros quase perfeitos.
Mostrou a carta verde.
Accionou o seguro,
mas este já tinha morrido de velhice.
Telefonou para a companhia.
Ninguém respondia.
Pintou outro quadro ao agente
que tentava dizer-lhe que só estaria ali
para ouvir versões plausíveis.
O tráfego parado.
A fila a encher.
& os barcos danados no rio a apitar.
Tinha agora nos olhos tons esquisitos de pastel
que meticulosamente se dispuseram a soluçar
,2016,06aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
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