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domingo, 29 de setembro de 2024

CARTA PARA FRANK O`HARA

 


O vermelho nunca me perturba.
Afaga-me o gostar e desune-me qualquer inquietação.
Rebeca, a minha gata está a fazer zapping nas paredes do corredor, e pelo seu miar, julgo perceber a espera do aplauso.
Amanhã, finalmente irei tomar o pequeno-almoço com o Frank O`Hara
Temos qualquer coisa em comum: o facto de ignorarmos que nos conhecemos.
Vou oferecer-lhe um Basquiat, que desconfio roubei de um sonho que infelizmente não me lembro.
Isto entre nós, é coisa de somenos. 
Ele, sem eu saber prometeu-me uma velha moeda romana salgada nas ruínas de Tróia. 
Mas isto é segredo. 
Só nós o sabemos. 
Agora tudo está mais calmo. 
O nível do Western Gold Straight Old Kentucky Bourbon Whiskey está a baixar consideravelmente, o que pressupõe que não existirá o perigo de inundações na próxima hora. 
Alerta glaciar! Gelo não! Não sei que horas são!
Mas confirmo que estou ecologicamente ébrio.
E isto poderá ser importante para as cenas dos próximos patíbulos!
Imagino este encontro na Zona Industrial de Sines.
Nós anonimamente conhecidos, pintando vacas desleixadas a zunir lampejos de gratidão.
Mas isto, entre nós é coisa de somenos. 
Estou a pensar num rascasso grelhado. 
Isto é, se o peixe não faltar. 
Beberemos todo o branco beatificamente gelado pelos anjos absurdos.
Afinal, aqueles que acompanham os poetas.


.,2017mai,aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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