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segunda-feira, 6 de março de 2023

LER POR AÍ ...

 

Vou matar-me indecentemente.

Assassinar a estranha mania de adormecer 
num ritual de espuma, como se o Outono em Pequim tivesse condenado à morte todos os anjos indecisos. 

Desconheço a forma de pensar a possibilidade da fuga, 
ou algo que não atrapalhe a teimosia que admite a mais improvável estima. 

Perco-me no chicote da solidão, com o prazer a curto prazo redigido num contrato fictício.

Vou matar-me desesperadamente.

Combinar um duelo com as ninfas expulsas do Moulin Rouge. 

Quero que a última ferida guarde o perfume dos seus sorrisos.

Vou cortar-me docemente.

Emoldurar esta falha romba que sangra memórias repetidas.

Deflagrar cumplicidades ocasionais.

Ler por aí ...

Ou tentar disfarçar a defeituosa aparência das rugas.


,2021Novembro_aNTÓNIODEmIRANDA


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