Beijos para as manhãs que não prometem dias mentirosos
Beijos para os que danificam inquietudes matreiras
Beijos para as circunstâncias verdadeiramente importantes
Beijos para os que fazem companhia aos sagrados silêncios
Beijos para os anúncios deixados nas paredes dos wc
Beijos para os que inventam paixões assolapadas
Beijos para as solidões gloriosas
Beijos para os frequentadores das conclusões não sóbrias
Beijos para os amantes ofendidos
Beijos para a punição das consciências sifilíticas
Beijos para os náufragos dos paraísos artificiais
Beijos para os que nos momentos desabrigados
ainda teimam em oferecer cardumes de felicidade
Beijos para os vagabundos celestiais
Beijos para os colóquios nos velórios
Beijos para as fantasias ousadas
Beijos para os abandonados
Beijos para os azarados
Beijos para os excomungados da sorte
Beijos para os exagerados do infortúnio
Beijos para os prazeres húmidos
Beijos para os autoclismos não avariados
Beijos para os orgasmos imaginados
Beijos para a importância da não importância
Beijos para os olhares perdidos nas avenidas solitárias
Beijos para os exilados da virtude
Beijos para os desterrados da ignorância
Beijos para a sabedoria do Google e dos Downloads
Beijos para as surpresas raramente inesperadas
Beijos para as janelas indiscretas com segredos mal guardados
Beijos para os futuros inventados
Beijos para os clandestinos
Beijos para os que dizem mal de tudo porque são mesmo parvos
Beijos para os que rejeitam a cretinice aguda
Beijos para alguns pés descalços
Beijos para o deslizar das sandálias ortopédicas
Beijos para os gemidos envergonhados
Beijos para as gloriosas pívias batidas ao ritmo do “Trik Trik” quando ouvíamos o “Goodbye my love goodbye” do enorme Demis Roussos
Beijos para os filósofos anónimos sem explicações complicadas
Beijos para a justa causa de matar a perversidade da justiça
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Abraços para os que ainda se dão ao trabalho de se lembrarem de mim
,2021Dezembro_aNTÓNIODEmIRANDA
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