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quarta-feira, 31 de agosto de 2022
terça-feira, 30 de agosto de 2022
segunda-feira, 29 de agosto de 2022
PARA QUE CONSTE ! A importância aqui, é mesmo relativa.
- DETESTO AS PESSOAS QUE CONSTANTEMENTE PEDEM DESCULPA. ESSAS SÃO AQUELAS QUE NORMALMENTE REPETEM A ASNEIRA.
- ESTOU FARTO QUE ME OFEREÇAM AQUILO QUE NUNCA ME PODERÃO DAR.
- NADA PEÇO A UM RICO. A DIFICULDADE QUE ELE EM DAR A MINÍMA COISA, É INFINITAMENTE MAIOR QUE A MINHA NECESSIDADE DE RECEBER.
- SIM ! CLARO QUE SOU DIFERENTE ! TENHO GASTO ESTE TEMPO A ALIMENTAR ESTA IDEIA. NUNCA CONCEBERIA A MINHA EXISTÊNCIA DE OUTRA MANEIRA.
- ÀS VEZES FINJO NÃO OUVIR. QUASE SEMPRE NUNCA ESQUEÇO. E A QUEM ME PEDE DESCULPA, SEMPRE RESPONDO : NÃO SE PREOCUPE, ISTO NÃO SE VAI REPETIR.
2014.antóniodemiranda
DESPEJO ABRAÇOS NA LUA DOS SEUS OLHOS
São 4 da manhã.
Digo um até logo aos livros.
Está na hora de acalmar um passado ansioso,
Digo um até logo aos livros.
Está na hora de acalmar um passado ansioso,
o futuro da esperança duvidosa,
e ,
diluir gentilmente
a subtileza
no copo da tristeza
cansada de mentir
opções requentadas.
Está na hora de me esconder no tapete
e ,
diluir gentilmente
a subtileza
no copo da tristeza
cansada de mentir
opções requentadas.
Está na hora de me esconder no tapete
dos voos sem fronteiras,
e aconchegar-me nos lençóis
que me contam histórias dos amigos que partiram,
e que continuam a deixar prendas nos meus cabelos cinzentos.
Despejo abraços na lua dos seus olhos,
Despejo abraços na lua dos seus olhos,
só porque o que nos aproxima,
ainda dorme no relento da torre da amizade.
2019ago_aNTÓNIODEmIRANDA
MEMORY
Não tenho a faca não gosto de queijo, só uma colecção de corta memórias fatiadas. Facadas em todas as costas cozinhadas em tons gourmet. Alguém sentado à minha direita, isto é do lado errado, mostra-se num ângulo cego, atropelando-me a marcha atrás. Dizem por lá que poderá ser bom rapaz. Mas continuo a não atinar com a mudança. Estou empanado! E tenho a plena consciência que não sou capaz. Só me apetece uma corrida a mil sem hora convenientemente anunciada no Borda d`Água. Na sessão da meia- noite, ressona na poltrona o filme da minha vida. Por vezes, e para não o acordar, chego a pensar num outro realizador. Mas, as discussões abertas à definição da minha probabilidade continuam a não me dizer respeito. Não me apetece mudar de inventário. Dispenso esse trabalho. Contudo irei avisar a bilheteira para proibir o consumo de pipocas com sabor a desodorizante.
Contrariamente ao que é publicitado, esta acção em nada dignifica a desinfestação do mau hálito.
2016,12aNTÓNIODEmIRANDA
domingo, 28 de agosto de 2022
MINUETE
Não é justo que todos os outonos
lavem as paixões tardias transformando-as,
com a sua pressa de inverno,
num qualquer instante inacabado.
O que faremos às palavras nunca ditas,
gravadas na almofada
onde dorme o sonho nunca lembrado?
Navegam elas num ventre lasso,
com botas que lambem
uma estéril melodia rasgada com voz de lâmina.
Dançam agora marionetas,
minuetes num impulso quebrado.
Vou errando.
Ouvindo lamentos bulidos pelo vento.
Não me é estranha a sua angústia.
Ouvindo lamentos bulidos pelo vento.
Não me é estranha a sua angústia.
.2015aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 27 de agosto de 2022
UM PEQUENO QUARTO A ABARROTAR DE PENSAMENTOS
Arrotar a bafio.
Azedar o acordar que cospe na vontade.
Tenho que sair daqui.
Abandonar este destino amarrotado,
até porque os anjos,
já não reconhecem a minha assinatura.
Ouço as suas vozes que
nunca secarão as lágrimas
que rolam na minha cabeça.
Carrego um corpo grafitado,
num delírio ronhoso que não assassina
a mórbida curiosidade dos observantes.
Azedar o acordar que cospe na vontade.
Tenho que sair daqui.
Abandonar este destino amarrotado,
até porque os anjos,
já não reconhecem a minha assinatura.
Ouço as suas vozes que
nunca secarão as lágrimas
que rolam na minha cabeça.
Carrego um corpo grafitado,
num delírio ronhoso que não assassina
a mórbida curiosidade dos observantes.
Se acredito em deus?
Tenho a certeza que ele
não se importa com isso.
,2021Agosto_aNTÓNIODEmIRANDA
GOSTAR QB
Não me interessam as intenções
Nem as instruções
para um comportamento normalizado
Nem os manuais
Do conhecimento especializado !
Delas, está o meu forno cheio.
Gosto das boas palavras
Das boas ideias...
Não gosto de conselhos
Só admito sugestões !
Gosto dos factos
E das suas consequências
Detesto a imposição das soluções !
Gosto de pensar
Que vale a pena ser optimista
Gosto da sedução
Do presente sem chão
Do futuro preocupado em vão
De dizer mal QB
Que me tratem por você,
Dando a isso a devida importância.
Gosto
De quem eu não gosto,
Continue a não gostar de mim !
Do que é que eu ainda mais gosto ?
Se não se importam,
Isso fica para mim.
… Como diz a minha amiga Ana Tecedeiro :
Não ando por ai a dar poesia de borla.
Nunca se sabe como vai ser
O dia de amanhã.
2014.aNTÓNIODEmIRANDA
SEM RESSENTIMENTOS
Não presto muita atenção ao mundo.
Ele, um velho conhecido,
faz-me igual favor....
Sintonizo o Jack,
saboreio o Daniel`s
e entretemo-nos com conversas amistosas.
Penteámos memórias,
rimo-nos de algumas histórias
e despreocupadamente observamos
as varizes que o tempo nos vai oferecendo.
Tenho menos cabelos no peito,
embora saiba que alguns foram deixados a preceito.
Queimo neste devagar,
fotografias nada interessadas
neste desfilar de recordações.
E um velho,
tão usado como eu,
entrega-me discretamente
cigarros com sabores
que continuo a gostar.
Este mundo é um lugar
cada vez mais escondido
e eu continuo a desejar
ter outros atractivos.
Desligo-me.
Não presto muita atenção ao mundo.
Ele paga-me com a mesma moeda.
Ficámos quites nesta penúria.
Sem ressentimentos.
,2017ago_aNTÓNIODEmIRANDA
Ele, um velho conhecido,
faz-me igual favor....
Sintonizo o Jack,
saboreio o Daniel`s
e entretemo-nos com conversas amistosas.
Penteámos memórias,
rimo-nos de algumas histórias
e despreocupadamente observamos
as varizes que o tempo nos vai oferecendo.
Tenho menos cabelos no peito,
embora saiba que alguns foram deixados a preceito.
Queimo neste devagar,
fotografias nada interessadas
neste desfilar de recordações.
E um velho,
tão usado como eu,
entrega-me discretamente
cigarros com sabores
que continuo a gostar.
Este mundo é um lugar
cada vez mais escondido
e eu continuo a desejar
ter outros atractivos.
Desligo-me.
Não presto muita atenção ao mundo.
Ele paga-me com a mesma moeda.
Ficámos quites nesta penúria.
Sem ressentimentos.
,2017ago_aNTÓNIODEmIRANDA
sexta-feira, 26 de agosto de 2022
O MANUAL DE INSTRUÇÕES
O pai não pode dançar.
O nó da gravata, tropeça na azia.
Correu-lhe mal a faloplastia.
Tantos passos causam-lhe embaraços.
A mãe, atenta, só o vê pelo canto do olho.
A panela ferve ao lume. Vazia.
O caracol comeu todo o repolho.
O herbicida tornou-o zarolho.
O LP está furado.
Tem um risco maior que o meio.
A música salpica as paredes,
O nó da gravata, tropeça na azia.
Correu-lhe mal a faloplastia.
Tantos passos causam-lhe embaraços.
A mãe, atenta, só o vê pelo canto do olho.
A panela ferve ao lume. Vazia.
O caracol comeu todo o repolho.
O herbicida tornou-o zarolho.
O LP está furado.
Tem um risco maior que o meio.
A música salpica as paredes,
tentando animar
uma osga concretamente surda.
O gajo de cima com a voz de castrati,
O gajo de cima com a voz de castrati,
grita a plenos pulmões.
Está a testar o novo vibrador.
Não sabe inglês.
Não compreende o manual de instruções.
Pouca vergonha.
Ácaros pedrados.
Não fui eu que lhes dei os charros.
Por favor, quando tiverem tempo,
tirem-me deste filme.
Está a testar o novo vibrador.
Não sabe inglês.
Não compreende o manual de instruções.
Pouca vergonha.
Ácaros pedrados.
Não fui eu que lhes dei os charros.
Por favor, quando tiverem tempo,
tirem-me deste filme.
.2015aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 25 de agosto de 2022
quarta-feira, 24 de agosto de 2022
domingo, 21 de agosto de 2022
“PEACEMAKER”
Gostaria
de mostrar que não há nenhuma
marca de pedra no meu coração.
O
“peacemaker” estava errado,
o aparelho cansado
e a prova de
esforço correu desenfreada.
Tive todo o cuidado,
a educação
atempadamente esmerada,
mas como sabes,
há muitas coisas a que não
ligo nada.
A morte é a única divindade que me atende.
Não quero
desventrar anjos inocentes.
Até porque há ainda tanto filho da puta
para morrer.
Para
esses, tenho para entrega imediata, arritmias em óptimo estado de conservação.
(Portes pagos pelo destinatário).
nb:
não atendo números privados
.2015aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 20 de agosto de 2022
sexta-feira, 19 de agosto de 2022
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
À VOSSA CONSIDERAÇÃO
. Mais vale perder a vida num segundo
do que viver a morte num
minuto.
. A morte é uma possibilidade que nunca ponho de lado.
. É preciso tirar tempo
ao tempo
antes que o tempo
nos roube
o momento.
. Abanar o capacete irrita a caspa.
. Dizem-me um ser difícil.
Garanto que a minha grande dificuldade
não é essa hipótese
. O que julgamos saber não presta.
Conhecer é que é importante.
. Navegar à minha maneira?
Como?
Só apanho gigabites falsificados.
. Prometo-vos um atestado comprovativo de falta de assiduidade mental.
do que viver a morte num
minuto.
. A morte é uma possibilidade que nunca ponho de lado.
. É preciso tirar tempo
ao tempo
antes que o tempo
nos roube
o momento.
. Abanar o capacete irrita a caspa.
. Dizem-me um ser difícil.
Garanto que a minha grande dificuldade
não é essa hipótese
. O que julgamos saber não presta.
Conhecer é que é importante.
. Navegar à minha maneira?
Como?
Só apanho gigabites falsificados.
. Prometo-vos um atestado comprovativo de falta de assiduidade mental.
2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
JAZ O TEMPO NUMA INDÚSTRIA PESADA
Jaz o tempo numa indústria pesada,
onde todas as ocasiões são pintadas
com a esperança suja.
Dizem-nos para termos cuidado
com a alta tensão in-civilizada,
não vá o diabo tecê-las,
quando deus se esquecer de ser mau.
Só precisamos do pão para a boca,
embora a falta imensa do que sentimos
seja a única realidade presente.
Precisamos avidamente de gestos amigos
e atitudes respeitosas.
De tentações que nos percam
de vez em quando.
De fotografias que nos confortem
e de todas as sabedorias
que nos tornem capazes.
Precisamos de uma utilidade
sem consignação.
2016,08aNTÓNIODEmIRANDA
onde todas as ocasiões são pintadas
com a esperança suja.
Dizem-nos para termos cuidado
com a alta tensão in-civilizada,
não vá o diabo tecê-las,
quando deus se esquecer de ser mau.
Só precisamos do pão para a boca,
embora a falta imensa do que sentimos
seja a única realidade presente.
Precisamos avidamente de gestos amigos
e atitudes respeitosas.
De tentações que nos percam
de vez em quando.
De fotografias que nos confortem
e de todas as sabedorias
que nos tornem capazes.
Precisamos de uma utilidade
sem consignação.
2016,08aNTÓNIODEmIRANDA
P.
Adeus amor
Já não posso sofrer por ti
Só tive aquele tempo
Não me deste o momento
Para aquilo que te prometi.
Do resto fica o desejo
O adiado beijo
A ideia em flor
E a triste intenção
Que o medo matou.
Ai meu amor
O que eu faria por ti
Se me tivesses dado o tempo
Ou apenas o momento
Para o sonho que não vivi.
Ai meu amor
O que eu não fiz por ti
Mas não tive o momento
Nem sequer o tempo
Na vida que morri.
Já não posso sofrer por ti
Só tive aquele tempo
Não me deste o momento
Para aquilo que te prometi.
Do resto fica o desejo
O adiado beijo
A ideia em flor
E a triste intenção
Que o medo matou.
Ai meu amor
O que eu faria por ti
Se me tivesses dado o tempo
Ou apenas o momento
Para o sonho que não vivi.
Ai meu amor
O que eu não fiz por ti
Mas não tive o momento
Nem sequer o tempo
Na vida que morri.
Eu sei
Que não me deste o momento
Ficará o lamento :
Tu sabes que não te menti.
Que não me deste o momento
Ficará o lamento :
Tu sabes que não te menti.
jun2010 aNTÓNIODEmIRANDA
segunda-feira, 15 de agosto de 2022
"O CAPTAIN! MY CAPTAIN!"
Tantos
medos nos tiraste
da poesia emplumada
castrada por tanto pó
numa escrita absurda
Nefasto conceito
cultivado em academias
chocadeiras do embrião
decadente
Tu mostraste
que a força do poema
não tem guarida
nem suporta
o tédio absurdo do caixão
Palavras libertas
empurram finalmente
outras portas
Tenhamos somente
coragem para nelas tocar.
Que se ame
aqueles que sangram as palavras:
Os Poetas
Nunca os que corrompem
o verdadeiro sentido da poesia
secando a falta da alma
num estendal vazio
"O Captain! My Captain!"
da poesia emplumada
castrada por tanto pó
numa escrita absurda
Nefasto conceito
cultivado em academias
chocadeiras do embrião
decadente
Tu mostraste
que a força do poema
não tem guarida
nem suporta
o tédio absurdo do caixão
Palavras libertas
empurram finalmente
outras portas
Tenhamos somente
coragem para nelas tocar.
Que se ame
aqueles que sangram as palavras:
Os Poetas
Nunca os que corrompem
o verdadeiro sentido da poesia
secando a falta da alma
num estendal vazio
"O Captain! My Captain!"
2016,03aNTÓNIODEmIRANDA
VEJO NOS OLHOS OUTRO MUNDO
Vejo nos olhos outro mundo.
Uso lentes de cotão oftalmológico, o que não é lógico para quem pensa que poderá realizar aquilo que esqueceu.
Agarro os bocados de vidro esborrachados na palma da mão e recorto-os como lembranças que nenhum turista compreende.
Estendo esta visão numa banca, na esquina da curiosidade mais frequentada.
Doce ideia caramelizada em formas de pó de arroz, cuidadosamente embalada em caixas de melancolia regional, com pré impressão de qualidade da edição limitada, assinada e lamentada pelo autor, que de tanto desespero, ainda conseguiu fugir a nado para uma "private gemes session" nos banhos púdicos da vergonha alheia.
Alheia à sua vontade, circulam por aí, os panfletos mais enganosos publicitando uma qualquer pousada da felicidade.
A felicidade está cada vez mais gasta e é justo admitir que morreu de velhice antecipada.
Antecipadamente previsível, é a inviável hipótese que todo o engano só depende do acreditar.
No acreditar é que está o ganho e por isso, ninguém saúda os não ganhadores.
Os não ganhadores, têm a urgência de apanhar juízo para não serem estrangulados nesta marmelada bafienta, barrada com artifícios mentalmente desalojados.
Há que continuar o não aplauso do nosso próprio falhanço.
Outras coisas acontecerão.
Sejamos unicamente dignos de não comprometer a sua aparição.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
Uso lentes de cotão oftalmológico, o que não é lógico para quem pensa que poderá realizar aquilo que esqueceu.
Agarro os bocados de vidro esborrachados na palma da mão e recorto-os como lembranças que nenhum turista compreende.
Estendo esta visão numa banca, na esquina da curiosidade mais frequentada.
Doce ideia caramelizada em formas de pó de arroz, cuidadosamente embalada em caixas de melancolia regional, com pré impressão de qualidade da edição limitada, assinada e lamentada pelo autor, que de tanto desespero, ainda conseguiu fugir a nado para uma "private gemes session" nos banhos púdicos da vergonha alheia.
Alheia à sua vontade, circulam por aí, os panfletos mais enganosos publicitando uma qualquer pousada da felicidade.
A felicidade está cada vez mais gasta e é justo admitir que morreu de velhice antecipada.
Antecipadamente previsível, é a inviável hipótese que todo o engano só depende do acreditar.
No acreditar é que está o ganho e por isso, ninguém saúda os não ganhadores.
Os não ganhadores, têm a urgência de apanhar juízo para não serem estrangulados nesta marmelada bafienta, barrada com artifícios mentalmente desalojados.
Há que continuar o não aplauso do nosso próprio falhanço.
Outras coisas acontecerão.
Sejamos unicamente dignos de não comprometer a sua aparição.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
"COMO SER ANJO" (nota do Senhor Levi Condinho)
7_ COMO SER ANJO...
“Como ser anjo” é o título de outro livro que trouxe comigo, de Vassilis Vassilikos. Foi editado em 1969, nas então jovens publicações Dom Quixote, dirigida por uma grande senhora que foi Snu Abecassis, que veio da Suécia para abanar o meio cultural português, e que acabou tragicamente ao lado do amor “proibido”, agitando o charco da hipocrisia que sempre foi apanágio de muita gentinha de um país de muitos inquisidores activos e virtuais. Esse amor chamava-se Francisco Sá Carneiro.
Na página 50 desse livrinho sublinhei, aquando da sua leitura, talvez em 1970, e nunca me esqueci:
“Quando se morre deve procurar-se outro caminho, e não voltar atrás, para o quadro estreito duma cidade que nos apunhalou, duma árvore que nos traiu, dum reclamo luminoso que nos atravessou como uma seta.”
Há aqui, num sentido lato, uma filosofia consoladora que tal como a aceitação do absurdo como alavanca vital ( talvez em Camus), acaba por abraçar um poema, como este, escrito quase 50 anos depois.
Na página 50 desse livrinho sublinhei, aquando da sua leitura, talvez em 1970, e nunca me esqueci:
“Quando se morre deve procurar-se outro caminho, e não voltar atrás, para o quadro estreito duma cidade que nos apunhalou, duma árvore que nos traiu, dum reclamo luminoso que nos atravessou como uma seta.”
Há aqui, num sentido lato, uma filosofia consoladora que tal como a aceitação do absurdo como alavanca vital ( talvez em Camus), acaba por abraçar um poema, como este, escrito quase 50 anos depois.
domingo, 14 de agosto de 2022
ANJO APAIXONADO
Tinha uma língua de Spitfire.
,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA
No cockpit todos a
disputavam.
O piloto automático
no suicídio várias vezes
tentado
sonhava voltar a vê-la
com olhos irresistíveis de
anjo apaixonado
NÃO IMPORTA SER FAMOSO
Não
pratico a necessidade genital da beleza,
mas afirmo com toda a
franqueza,
que alguma dela é necessária.
Não será esta razão um
válido argumento para um filme porno.
Não me comove pensar saber o
tão pouco que conheço.
Talvez exista uma ideia naquelas palavras
que mais nos custam dizer.
As outras, aquelas que compramos,
usamo-las como se fossem sagradas.
Então, ficamos apreensivos quando
minuto a minuto, elas são contadas.
Não
importa ser famoso.
É este o conforto que delicadamente as pantufas
nos revelam.
Depois,
damos passos em volta,
tendo todo o cuidado para não tropeçar no
cinto do roupão.
.2015aNTÓNIOdemIRANDA
A FUGA PARA O EGIPTO
A virgem fugiu com o
menino para o Egipto,
num tuk tuk.
José atónito,
Herodes desesperado,
deitou fora o gps.
num tuk tuk.
O jumento, que não era
burro,
delicadamente recusou este tour.
delicadamente recusou este tour.
José atónito,
mirou o
incógnito.
Herodes desesperado,
deitou fora o gps.
.2015aNTÓNIOdemIRANDA
FRACASSOS PINTADOS
Fracassos doloridos pintados em versos hábeis,
onde lemos suposições cheias de cinzas,
ironias absurdas com inocências irrespiráveis.
A vontade não alcança tanta pequenez.
Os limites são formas sem cor, dilatam-nos as veias. ...
Não faz sentido tanta procura da razão.
Temos a febre e esta geralmente não nos consegue.
A vontade não alcança tanta pequenez.
Os limites são formas sem cor, dilatam-nos as veias. ...
Não faz sentido tanta procura da razão.
Temos a febre e esta geralmente não nos consegue.
Caminhamos com sapatos ao pescoço,
e procuramos esta conveniência em feiras,
onde se vendem nuvens em forma de couve-flor.
BORIS não é ( le) VIAN (o)
BORIS não é ( le) VIAN (o)
Claro que há abraços que choram.
Temos noites que queimam a lua quando ela consegue esconder o último negativo do medo. Um banco sentado no jardim, sorri para “As Formigas” que escutam a velha canção. Tapámos o espanto que nos adoça a boca, já limpa dos lábios de vinho. A sina envelhecida, mesmo falida, brinca na “Erva Vermelha”, como se o “Outono” só acontecesse em “Pequim”. Boris está atento à música do Vian, lá no clube onde toda a gente “Cospe” ...na sua própria “Campa”. Sullivan, mastiga a pastilha requentada, e num hino para os desertores da felicidade mentirosa, espalha no Boulevard de Saint Michel, teclas de um acordeão abandonado pintadas com “Blues para um gato preto”.
Alguém continua a morrer fora da notícia.
Claro que há sorrisos que mentem.
& o pavor, no verbo da ousadia ausente, tem no tempo sempre presente, “O arranca corações”.
Temos noites que queimam a lua quando ela consegue esconder o último negativo do medo. Um banco sentado no jardim, sorri para “As Formigas” que escutam a velha canção. Tapámos o espanto que nos adoça a boca, já limpa dos lábios de vinho. A sina envelhecida, mesmo falida, brinca na “Erva Vermelha”, como se o “Outono” só acontecesse em “Pequim”. Boris está atento à música do Vian, lá no clube onde toda a gente “Cospe” ...na sua própria “Campa”. Sullivan, mastiga a pastilha requentada, e num hino para os desertores da felicidade mentirosa, espalha no Boulevard de Saint Michel, teclas de um acordeão abandonado pintadas com “Blues para um gato preto”.
Alguém continua a morrer fora da notícia.
Claro que há sorrisos que mentem.
& o pavor, no verbo da ousadia ausente, tem no tempo sempre presente, “O arranca corações”.
2018Jul_aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 13 de agosto de 2022
sexta-feira, 5 de agosto de 2022
A MORTE NÃO ACABA AQUI
I
Cuida de mim disse o futuro enlutado no testamento – toma conta de todas as vírgulas – dos choros que escondeste – mesmo dos pecados a fingir – dos abraços falsamente coloridos – das opções hipoteticamente honestas – das orações fraudulentas que falharam o meu adormecer
Tem cuidado com a minha debilidade sentimental - com a inconstância da felicidade engolida em amargos travos de solidão
Cuida de mim - Estou confortavelmente só neste monte vestido de ruídos que acariciam a encruzilhada onde o diabo benzeu a cruz - Abandonei-me neste hangar de pássaros machucados - gritos sem som deitados no cobertor da minha angústia - Treme tudo nesta voz - gotas de frio nojento aconchegados na bandeja - A serena manhã espera por mim -
É tarde para adormecer -
Sempre! Sempre cedo para despertar -
Enrolo horas na espera dos dias fictícios -
A morte não acaba aqui
II
Talvez um dia seja feliz, disse a voz que arranhou a porta do céu.
A beleza zangou-se com a impaciência, e espalha um sentido vazio, diluído em lágrimas de chantilly certificado.
Cânticos de júbilo arredondam copas de árvores cansadas de tanta seca.
Aqui, no lugar de nenhures, caiam-se sorrisos plantados no musgo.
Vai longe o tempo que nunca nos encontrou, aqui, neste céu sem ninguém para saudar.
Leva-me contigo, pousa a velha e cansada voz nos meus cabelos.
Tanto que gostava de encaminhar o teu brilho, mas a luz que pintei fugiu da tela, e, sem me avisar, riscou do calendário o dia seguinte. Deixou uma estrela que devora paixões.
O que é feito de ti?
Diz a alma gentil que fingiste.
,2020Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 4 de agosto de 2022
UM ESTRONDO NÃO INVENTARIADO
Costumava escrever com palavras de sangue coalhado, os duelos que ganhou naquela varanda fugida do véu. Não falhava um episódio da série preferida, e saboreava aquela carne picada dos mortos saltimbancos, com cicatrizes iguais ao medo que o agasalhava. A ementa saudável jazia no vazio daquele restaurante de garfos sem nome, e colheres litografadas na fome, que queriam, clandestina. Um osso de áspero apetite, uma lágrima salgada no caixão da sobremesa, um pénis devoluto, farto de não ser usado, uma sopa de dentes temperada com a piorreia, a granada escondida na panela aquecida num fogo dorminhoco, e um prato sem nada para encher. Bombas preenchiam o vazio da noite só com sonhos proibidos, porque o cansaço era mais eficaz do que o sono. Uma terrina mergulhada por dedos, mesmo sem a ténue esperança de matar o desejo. As mãos atadas para uma reza sem ocasião, abraçavam a morte amofinada pelo desespero. Sorrisos hipnóticos, encenados por luvas brancas no circo do palácio das fantasias. E o cerzir, não muito conseguido, das ideias que procuravam outra realidade.
Nada receies, dizia o medo que não querias perceber.
Um estrondo não inventariado.
2018Mai_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 3 de agosto de 2022
10 P´RÀS 5
Dez p´ràs cinco.
Estou atrasada.
Nunca mais aparece o autocarro.
E o escritório à espera da limpeza.
A vida não me dá B.Leza,
e a cachupa requentada,
não tem o sabor que deixei na panela.
E o meu suor incomoda o passageiro
que se masturba com o Iphone.
Não tenho dinheiro
para falar com a saudade da terra
que sempre, com todo o respeito,
pisei.
Disseram-me que este é o país
do mar salgado,
mas eu só tenho na alma,
as cores da sua angústia.
Morro no oceano das sua lágrimas,
escondidas no caixão
onde todas as noites me deito.
Amo-te mundo sem pátrias!
Não sei sonhar!
É um verbo que sempre
me enganou.
Estou atrasada.
Nunca mais aparece o autocarro.
E o escritório à espera da limpeza.
A vida não me dá B.Leza,
e a cachupa requentada,
não tem o sabor que deixei na panela.
E o meu suor incomoda o passageiro
que se masturba com o Iphone.
Não tenho dinheiro
para falar com a saudade da terra
que sempre, com todo o respeito,
pisei.
Disseram-me que este é o país
do mar salgado,
mas eu só tenho na alma,
as cores da sua angústia.
Morro no oceano das sua lágrimas,
escondidas no caixão
onde todas as noites me deito.
Amo-te mundo sem pátrias!
Não sei sonhar!
É um verbo que sempre
me enganou.
2018Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
FALÁCIA
Ela dizia:
O meu corpo não me envolve.
E pedia ao deus que nunca perdoou,
que a acalmassem.
Mas era esse deus, maldizente e distraído de todas as pretensões pedidas.
Ela só queria ser o que constantemente lhe fugia e implorava sensações que vira nos outros.
Gelava sempre neste sonho, mergulhada em frios suspiros e as noites molhadas escondiam-se nos tupperwares da solidão onde dormia sonos estranhos.
Tinha ouvido falar da paixão que talvez estivesse naquele presente que nunca conseguiu abrir.
Ela dizia que só queria salvar a alma, e num gesto há anos utilizado, continuava a encher com lâminas o mealheiro da sua vida.
E o seu corpo mentia enquanto lhe dizia:
Gosto de ti, doce nuvem de algodão hidrófilo.
Ela mentia quando dizia:
o meu amor acabará por chegar.
E na cínica espera com que o tempo nos enlaça, sorria feita megera, rindo até ao último choro, secando as lágrimas desta trapaça.
Ela dizia, para alguém que não ouvia:
a perspectiva é uma calúnia e a sua falácia a realidade que muitas vezes enleva o sonhar.
Depois não há corpo nem pertença,
nada que preste para partilhar.
Deus é uma cópula
que nem todos sabem fornicar.
2017,jul_aNTÓNIODEmIRANDA
O meu corpo não me envolve.
E pedia ao deus que nunca perdoou,
que a acalmassem.
Mas era esse deus, maldizente e distraído de todas as pretensões pedidas.
Ela só queria ser o que constantemente lhe fugia e implorava sensações que vira nos outros.
Gelava sempre neste sonho, mergulhada em frios suspiros e as noites molhadas escondiam-se nos tupperwares da solidão onde dormia sonos estranhos.
Tinha ouvido falar da paixão que talvez estivesse naquele presente que nunca conseguiu abrir.
Ela dizia que só queria salvar a alma, e num gesto há anos utilizado, continuava a encher com lâminas o mealheiro da sua vida.
E o seu corpo mentia enquanto lhe dizia:
Gosto de ti, doce nuvem de algodão hidrófilo.
Ela mentia quando dizia:
o meu amor acabará por chegar.
E na cínica espera com que o tempo nos enlaça, sorria feita megera, rindo até ao último choro, secando as lágrimas desta trapaça.
Ela dizia, para alguém que não ouvia:
a perspectiva é uma calúnia e a sua falácia a realidade que muitas vezes enleva o sonhar.
Depois não há corpo nem pertença,
nada que preste para partilhar.
Deus é uma cópula
que nem todos sabem fornicar.
2017,jul_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 2 de agosto de 2022
OS BONS VELHOS TEMPOS NUNCA MAIS CHEGAM!
Estou farto da confusão nesta velhice de veias entupidas.
Esta lâmina não presta.
Eu não quero voltar.
Sou um galo velho que já não encontra o poleiro.
Não confio no azar, mas também nada sei da sorte. Salto aqui e acolá com um imbecil bilhete pré-comprado, que uns dias aparece, e nos outros, manda-me à merda quando lhe apetece.
Chamo a patrulha da traiçoeira lotaria,
apodrecida no albergue da morte anunciada.
Não gosto.
Recuso sempre os abrigos que me oferecem.
Sou um oásis naufragado num alguidar de lama, supostamente perfumado com o falso sabor da liberdade.
Emoções perdidas deitadas na sombra dos abraços. Despeço-me de mim.
No colchão de magnólias há um espião tecendo a teia, que observa a baboseira das minhas orações.
100 Anos de vida, promete a pulseira da liberdade ocasional.
A fúria doente, cansada da minha indecisão, esconde-se num pijama que ostenta uma etiqueta duvidosa. Nada faz sentido nem o sorriso que mostras no relógio.
Nas pregas do teu olhar, vejo agora essa dor que só te enganou nesse aperto traiçoeiro que prometia o que querias conhecer.
Nas pregas do teu olhar, vejo agora essa dor que só te enganou nesse aperto traiçoeiro que prometia o que querias conhecer.
,2021Julho_aNTÓNIODEmIRANDA
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