Pessoa está desolado.
Lá na esplanada, pombos que falam outras línguas,
Lá na esplanada, pombos que falam outras línguas,
sujam-lhe os óculos e ele vê-se fotografado
por quem nunca leu um único verso seu.
Pessoa ouve conversas que não lhe dizem respeito
e contrafeito enrola segredos espalhando-os
nas pedras da calçada.
Pessoa está enjoado.
Está a pensar seriamente em alugar a estátua
Pessoa está enjoado.
Está a pensar seriamente em alugar a estátua
e a dedicar-se nas horas cada vez mais nauseadas,
à venda de raspadinhas usadas.
Pessoa está desnorteado.
Sacode o chapéu, avista o céu que lhe mostra
Pessoa está desnorteado.
Sacode o chapéu, avista o céu que lhe mostra
aqueles dias sem futuro pintados na vida
que aos poucos lhe foi doendo.
Pessoa fugiu da Brasileira.
Deixou sentado à mesa um pacato
Deixou sentado à mesa um pacato
gestor de heterónimos.
2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário