Adeus ó vida. Vou fugir.
Já não conto os passos. É só isso.
Nada mais tenho para falar.
Desejaria amar-te mais do que a verdadeira possibilidade, mas este assassinato resgatado da desilusão, rouba dia após dia pingos da esperança restante. Rasguei a rendição da dor. Nada já sou naquilo que atrevi ousar. Nem sequer a simples ideia das possíveis opções. Já não atendo a audácia do voo que até então adormecia na inocência que supostamente me baptizou. E na valsa da tristeza, amada nos sonhos de areia, gentis abraços da guitarra amiga mostravam espelhos do mais autêntico alento.
Não! Não! Não!
Não fui eu quem traiu a generosidade.
A ignorância, bordada na almofada da contagem final, segura a mão do anjo clandestino erguendo um ronco para anunciar o prognóstico dos dias que nunca mais conseguirei abraçar. Já só sobra o cheiro do sonho prometido.
A porta está aberta. Mas o pesadelo dorme no infinito tempo dos perdedores. Não posso sentar-me e simplesmente esperar.
Na varanda dos ocasos desfila o ramalhete da agonia a caminho do vale do silêncio habitado pela crueldade infligida.
,2024Set03_Vila Chã _aNTÓNIODEmIRANDA
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