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domingo, 31 de agosto de 2025

HIGIENE ESPIRITUAL DIÁRIA

 


No Terreiro de S. Roque 
Sentadas Estão As Solteiras 
Toda A Gente Bebe E Come  
Mas Quem Fode São As Freiras
E Lá No Convento 
A Madre Superior 
Em Pleno Recolhimento 
Para Afagar A Dor 
Na Cama Com O Prior 
Geme Agradecendo Ao Senhor
O Abençoado Sacramento
Tamanha Animação
Deu Grande Falatório
Deliciado O Sacristão
Não Largava O Mictório
Coisa Nunca Vista
Dizia A Ofegante Moralista
Ajoelhada No Oratório
Alegria Bendita 
Rejubilavam Os Santinhos 
Embrulhados No Harém
Vida Esta Sem Cansaço
Neste Apetecido Remanso
Mas, Tal Situação
Foi Motivo de Discussão
No hemiCIRCO do Parlamento
E 60 CHEGAdos
(armados em deputados)
Sentindo-se Incomodados
Logo Apresentaram
Mais Um Nojento Requerimento…


2025Ago30_aNTÓNIODEmiRANDA
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REINO DOS SONHOS

 


Saudades 

De 

Me 

Lembrar 

De 

Ti


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PARA BOM ENTENDEDOR...

 


ALMOÇO 30 AGOSTO 2025






 

George Harmonica Smith - Summertime

sábado, 30 de agosto de 2025

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

UNTIL YOU DRIVE MY BLUES AWAY


Ama-me minha querida.
Gosta de mim nesta ferida
conspurcada pelos abraços, 
que jurámos iriam acontecer.
Nesta galeria
pintada com ilusões,
ofereço-te um amanhecer
com as cores de um ketchup abandonado.
Com beijos de banda desenhada,
retocarei o teu rímel com os traços 
da beleza ausente.
E prometo,
penhorar a tua lingerie não desembrulhada,
numa lavandaria conceituada,
com tratamentos  alheios à nossa injúria.
Só temos o tempo que nos mente,
isto é, o suficiente
para o mais que não merecemos.
Ama-me pela manhã.
Deixa um bocadinho para o resto do dia.
Irei caucionar o beijo desta breve mania.
E no instante onde nos deitámos,
é possível que um blues desassossegado,
cante o triste fado
com que teimámos adormecer.
Love me in the morning
Just a little bit for the day
I want you love me baby
Until you drive my blues away


,2017ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIAL


Não tens que ter vergonha,
se cruzaste as pernas sem a malícia inocente 
da - Sharon Stone. 
Embora não seja um - Douglas qualquer, 
reconheço que como boa praticante, 
deixaste-te levar pelo instinto do Natal.
Não tens que ter vergonha,
da intenção não acerbada 
com que os teus lábios tocam outras bocas.
Não tens que ter vergonha,
se o encontro das coxas não foi assaz premeditado, 
porque só querias uma aproximação analógica.
Não tens que ter vergonha,
quando pensas nos homens que não copulaste,
embora prometesses a 
Percepção 
Extra
-
Sensorial.


,2016,06.aNTÓNIODEmIRANDA
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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

NO LADO ESCURO DA ESPERANÇA

 

Que se foda a vida 
 que sempre me 
enganou 
                     Deu-me dias de fome 
 e  horas 
prenhas de desencanto
 num céu manchado 
 com as palavras 
da vã esperança
que tanto me têm doído
               Desenhou chicotes e 
lágrimas na lenta 
marcha da agonia
                               E uma canga rezada
no Terço das vergonhas



,2023Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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PORCO de MERDA...

 




GOSTAR QB

 

Não me interessam as intenções
Nem as instruções 
para um comportamento normalizado
Nem os manuais 
do conhecimento especializado!
Delas, está o meu forno cheio
Gosto das boas palavras
Das boas ideias
Não gosto de conselhos
Só admito sugestões!
Gosto dos factos
e das suas consequências
Detesto a imposição das soluções!
Gosto de pensar
que vale a pena ser optimista
Gosto da sedução
Do presente sem chão
Do futuro preocupado em vão
De dizer mal QB
Que me tratem por você,
dando a isso a devida importância.
Gosto que de quem eu não gosto,
continue a não gostar de mim !
Do que é que eu ainda mais gosto?
Se não se importam isso fica para mim
… Não ando por ai a espalhar poesia de borla.
Nunca se sabe como vai ser
O dia de amanhã.


2014.aNTÓNIODEmIRANDA
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terça-feira, 26 de agosto de 2025

Não! Mas ao longe ouvia-se o seu tropel...

 


A MINHA SANTIDADE

 


Tenho os dias cortados em 
mentiras

O presente no paraíso ausente 
confortavelmente oxidado

O futuro no inferno às tiras

O som de um velho sax entrega-me 
delícias de ousadia 
fugidas de um saco de esmolas 
hipócritas

Perguntam como é que estou

Nunca dizem como é que gostaria 
de estar


,2023Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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NO LADO ESCURO DA ESPERANÇA

 


Que se foda a vida 
que sempre me 
enganou 

Deu-me dias de fome 
e horas 
prenhas de desencanto
num céu manchado 
com as palavras 
da vã esperança
que tanto me têm doído

Desenhou chicotes e 
lágrimas na lenta 
marcha da agonia

E uma canga rezada
no Terço das vergonhas



,2023Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

MÃE (25/08/1932 - 24/02/2006)

 




Sentado na sua campa teso como de costume Lembro-me de muitas conversas e do modo como aceitava as minhas mudanças de humor eu sei o que vale uma flor agora que só posso falar com a sua ausência passo o tempo numa peneira plena dos seus sorrisos e de alguns planos para o futuro sou o que sou e mais que ninguém você o sabe alguma coisa a morte levou mas lembro-me perfeitamente quando se despediu de mim com um olhar apressado para a viagem sentado no frio do mármore não consigo chorar tudo o que pretendo mais que ninguém você conhece o que poderão significar as palavras que me levam até si desta vez não vou mentir a verdade é que não me tenho portado bem talvez porque saiba que já não se pode preocupar hoje vou ler-lhe um poema daqueles que por vergonha minha nunca cheguei a mostrar sentado na sua campa teso como de costume ainda não consigo lembrar tudo o que pretendo Não sei quando me vou libertar mas já vi o arco-íris na minha janela eu sei que todos os prognósticos são reservados e as funções vitais são uma grande treta respeito a coragem mas você sabe como odeio a resignação e o tentar terá de ser sempre uma obrigação sentado na sua campa juro que não tenho vontade de abraçar o mundo este silêncio tem o som da conveniência e a minha melancolia não é obrigatoriamente triste o céu é um lugar onde nada acontece embora toda a gente acredite na sua festa sentado na sua campa só como de costume revejo imagens que me vestem e você sabe que eu sou um optimista descaradamente teimoso Mãe você sabia que o cheiro dos meus cigarros era diferente e eu nunca toquei em nada que me fizesse mal á cabeça nem mesmo os cogumelos e quando eu ficava a ouvir todos aqueles Blues você desligava o aspirador para escutar a música triste Mãe eu continuo a ouvir essa música e dou-lhe inteira razão uma perda nunca é alegre sentado na sua campa olho o tempo do tempo soletro horas com hábitos de felicidade que já só têm o cheiro da despedida Mãe continuo maluco daquela maneira que você sabe Mãe continuo à espera daquele modo que você entende agora deixo-lhe os meus poemas
Esperarei por si no clube dos poetas mortos
Até logo


Setembro12.2006_aNTÓNIODEmIRANDA
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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

10 P`RÀS 5

 


Dez p´ràs cinco.

Estou atrasada.

Nunca mais aparece o autocarro.

E o escritório à espera da limpeza.

A vida não me dá B.Leza,

e a cachupa requentada, 

não tem o sabor que deixei na panela.

E o meu suor incomoda o passageiro

que se masturba com o Iphone.

Não tenho dinheiro

para falar com a saudade da terra 

que sempre, com todo o respeito,

pisei.

Disseram-me que este é o país

do mar salgado,

mas eu só tenho na alma,

as cores da sua angústia.

Morro no oceano das suas lágrimas, 

escondidas no caixão 

onde todas as noites me deito.

Amo-te mundo sem pátrias!

Não sei sonhar!

É um verbo que sempre

me enganou.



2018Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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Deus

É

Grande

Grande Grande Grande

Tão Grande Grande Grande

Que Me Canso

De Olhar



Depois

Fecho os Olhos


Isto É :


Nunca

O

Vejo.



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domingo, 17 de agosto de 2025

Steve Harley & Cockney Rebel - Sebastian

Daydream

NA VARANDA DOS OCASOS

 


Adeus ó vida. Vou fugir.
Já não conto os passos. É só isso. 
Nada mais tenho para falar.
Desejaria amar-te mais do que a verdadeira possibilidade, mas este assassinato resgatado da desilusão, rouba dia após dia pingos da esperança restante. Rasguei a rendição da dor. Nada já sou naquilo que atrevi ousar. Nem sequer a simples ideia das possíveis opções. Já não atendo a audácia do voo que até então adormecia na inocência que supostamente me baptizou. E na valsa da tristeza, amada nos sonhos de areia, gentis abraços da guitarra amiga mostravam espelhos do mais autêntico alento.
Não! Não! Não!
Não fui eu quem traiu a generosidade.
A ignorância, bordada na almofada da contagem final, segura a mão do anjo clandestino erguendo um ronco para anunciar o prognóstico dos dias que nunca mais conseguirei abraçar. Já só sobra o cheiro do sonho prometido. 
A porta está aberta. Mas o pesadelo dorme no infinito tempo dos perdedores. Não posso sentar-me e simplesmente esperar.
Na varanda dos ocasos desfila o ramalhete da agonia a caminho do vale do silêncio habitado pela crueldade infligida.


,2024Set03_Vila Chã _aNTÓNIODEmIRANDA
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EU BEM TE AVISEI!

 


Eu bem te avisei!
Os poetas escrevem com palavras mentirosas. 
Pensam enquanto riem e nesse riso fingido, 
não têm tempo para emendar o que não foi sentido. 
Desenham a tristeza em folhas frias e limpam lágrimas escondidas nas caixas de pó de arroz. 
Avermelham os olhos pintados cirurgicamente 
em frente de espelhos convenientes.
Acendem o cigarro com voz de catarro,
e entram no filme levando no braço 
a gabardine do Humphrey Bogart.
Num olhar pretensamente descomprometido, 
imaginam a amplitude
da costura daquelas meias de renda.
Os poetas escrevem as palavras possíveis
dos poemas mentirosos.
E a sua almofada preferida é forrada 
com papel mata-borrão, 
para que os sonhos que não querem ter, 
não incomodem a sua fantasia.
    Os poetas não têm culpa da inveja de Deus.
Eu bem te avisei!
Vou desligar esta chamada
com número anónimo.



,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA
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TANTAS VEZES ME MINTO ENROLADO NA VERGONHA QUE DEMASIADAS VEZES SINTO

 


Aparelhar pecados no paraíso das máscaras.
 
Sonhos de lantejoulas pintadas no papel do amargo tempo. 
 
Lábios de vermelho decadente 
tatuados nos copos da volátil memória, 
amanhecem nos beijos gritados 
na esplanada da solidão. 

Irão banhar na beleza escrita em mata-borrão, 
um acorde que já não nos pertence. 

Uma colagem de abraços imaginários poderá (mesmo por um só momento), emoldurar a desilusão que plantámos. 

    Então, com o préstimo das palavras mentirosas, riscaremos a magia da importância.

        Não calçamos o mesmo estar.


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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

"O CAPTAIN! MY CAPTAIN!"

 


Tantos medos nos tiraste
da poesia emplumada
castrada por tanto pó
numa escrita absurda
Nefasto conceito
cultivado em academias
chocadeiras do embrião
decadente
Tu mostraste
que a força do poema
não tem guarida
nem suporta
o tédio absurdo do caixão
Palavras libertas
empurram finalmente 
outras portas
Tenhamos somente
coragem para nelas tocar.
Que se ame
aqueles que sangram as palavras:
Os Poetas!
Nunca os que corrompem
o verdadeiro sentido da poesia
secando a falta da alma
num estendal vazio

                        "O Captain! My Captain!"





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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

PESSOA ESTÁ DESOLADO

 


Pessoa está desolado.
Lá na esplanada, pombos que falam outras línguas, 
sujam-lhe os óculos e ele vê-se fotografado 
por quem nunca leu um único verso seu.
Pessoa ouve conversas que não lhe dizem respeito 
e contrafeito enrola segredos espalhando-os 
nas pedras da calçada.
Pessoa está enjoado.
Está a pensar seriamente em alugar a estátua 
e a dedicar-se nas horas cada vez mais nauseadas, 
à venda de raspadinhas usadas. 
Pessoa está desnorteado. 
Sacode o chapéu, avista o céu que lhe mostra 
aqueles dias sem futuro pintados na vida 
que aos poucos lhe foi doendo.
Pessoa fugiu da Brasileira.
Deixou sentado à mesa um pacato 
gestor de heterónimos.



2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA 
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terça-feira, 12 de agosto de 2025

ASSIDUAMENTE ESTÚPIDAS...

 


MEMÓRIA VAGABUNDA

 

A minha memória é uma vagabunda 
e eu sou um desvairado sem eira, 
sentado à sua beira, sulfatando delícias 
enquanto vai bebendo o meu sangue. 
Está sempre pronta p
ara abusar da minha alucinação. 
Bailámos esta andança nas recordações 
não devolvidas. 
Estamos cansados de esperar 
a passagem da nuvem que só viaja 
em banho-maria. 
Temos o manjar preparado, 
mas ainda não fomos convidados 
para o festim, onde só entram estranhos 
com fatos de gala alugados.
A minha memória é uma vagabunda.  
Está sempre disponível para me trocar 
por realizadores com outros filmes. 
Mas há cenas em que já não sou 
bem-vindo.
Tenho fome da sua saudade, 
embora tente fingir que não a sinto.



2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
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