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sábado, 25 de janeiro de 2025

DESPEJADO

 


Nem um tusto na algibeira.
Sonhei a vida inteira que isto nunca mais 
iria acontecer. 
Olhava as estrelas do meu céu, 
tapava-lhes os sonhos com o véu chorado 
da minha tristeza.
Nem um tusto na algibeira.
Sorrir sem jeito nem maneira, 
cobrir as lágrimas de todos os caminhos, 
só com a revolta dos sonhos devorados.
& as morfinas sempre ausentes, 
naqueles sorrisos que não me pertencem.
Quebro galhos que não quero queimar, 
e penosamente entranho na solidão, 
este frio que me desampara.
Não me lembro da última vez 
que tive coragem de abrir a porta 
do frigorífico. 
Mesmo aquela do folheto, 
que nunca se indignou, 
com a falta de uma qualquer condição.
Miro sem cobiça matrículas de automóveis, 
na eventualidade de achar uma capicua 
com as iniciais da minha sorte.
Até isso é uma falha habitual.
Sentado na lona dos desejos chorados, 
aqui na travessa, 
onde costumavam dizer o meu nome, 
olho indiferente para aqueles que vasculham 
a minha identidade, agora transformada 
num despejo de esqueletos.
Pensavam que nada prestava.
Mas, é assim, que sempre agem os abutres.



2018Set_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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