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sábado, 25 de janeiro de 2025

COM OS PÉS ASSENTES NO CHÃO, COMO CONSEGUIREI TIRAR AS CALÇAS?

 


Cá estamos!
Eu e a habitual espera, 
riscada neste desencontro com vista 
marcada para o abismo. 
Os grandes poetas morrem 
em fumegantes tachos de merda”. 
Bukowski continua a ter razão!
Uma conversa tranquila com palavras 
molhadas no hálito de uma garrafa 
de whiskey, livre como um tiro 
saído do meu olhar, 
será sempre um alibi perfeito.
E isto é proibido, 
segundo o regulamento 
da delinquência conformada. 
Se as pessoas do costume não aparecerem, 
é sinal que a minha coerência 
não é limpa numa lavandaria.  
Descongelar gatafunhos, 
amaciá-los numa cozedura a vapor, 
parir um vomitado decente, 
e embebedar o céu com restos de ternura. 
Pagar o que dizem que devemos, 
em suaves prestações mentirosas, 
agitar o olfacto, cortar o cinto, embelezar 
a noite com nuvens de fumo distraído, 
fincar os pés no chão 
e agradecer educadamente 
a hipotética conveniência 
de não conseguir tirar as calças. 
Esperar qualquer coisa que me surpreenda, 
e nunca bajular o tempo sujo com 
o laivo da saudade.


2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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