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sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

FAHRENHEIT

 


A minha carruagem está a chegar.
Não me lembro de uma só vez 
em que esta cidade desse pela minha presença. 
Não pretendo o amanhã como outro dia.
Já não tenho tempo para coisas inúteis.
Deixo-vos essa angústia enquanto 
vou estrelar o céu.
Como é que estão?
Sentem-se bem?
Não acredito.
É melhor tomarem qualquer coisa 
que não deprima a hipótese do habitual.
Hey, baby!
Tardas em aparecer.
Tenho para ti as flores que roubei daquele pomar infestado de olhares curiosos, onde só queríamos esconder o destino da lua. Tínhamos sempre que fugir pela porta das traseiras, lambendo um chão conspurcado por uma lei que sempre ignorou o respeito que nos era devido.
Eram tão corriqueiros os sons das sirenes, 
que enrolávamos o medo 
em mortalhas cheias de nojo.
Tocávamos as mãos num azul que nos traía, 
e juntávamos os lábios com decibéis 
de fahrenheit (s) proibidos.




,2017nov_aNTÓNIODEmIRANDA

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