Há sempre uma possibilidade que nos atinge,
assim como um raio insensato parido
no micro-ondas. Um chapéu-de-chuva para
sacudir as gotas que envinagram o nosso suor.
Há lentidões temperadas em casca de limão
e aquela chuva tão gentil e educada
que chora lágrimas só para não nos molhar.
Há ainda cabelos nos ombros,
leves escombros para não nos atingir.
Há sonhos agitados em banhos de pão-de-ló
com gestos açucarados para se banharem
no nosso café. E há gostos vestidos com véus
em direcção aos céus que mesmo assim
nos ficam tão longe. Há sempre um espaço
que marca a distância que habitámos nesta
construção de delicadeza robusta.
Também há palavras que ainda não
sabemos dizer. E uma estúpida vergonha
que nos trai a audácia.
Guardamos esta amálgama
no mais inútil fervedor.
Depois esperamos o amor,
nestes tempos de guerra.
O que faz de nós mais uma espécie
em vias de extinção.
O que é verdade é que o mundo
ficará mais pobre.
… Mas eles já não dão por ela.
2016,12aNTÓNIODEmIRANDA
Sem comentários:
Enviar um comentário