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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

NUNCA LAMENTAREI A FALTA DE SORTE


 A exiguidade das emoções que constantemente me são propostas, não passam de anomalias patológicas, gargalhadas congeladas em postas de má tez e configuração. Ínfimos zeros que só atrapalham uma boa relação aritmética. Análises sucessivas a um colesterol previamente envenenado, sangue roubado de veias ulcerosas. Tanto sorriso injectado, mal intencionado, medidas mal tiradas, vontades preguiçosas numa lua de mel adoçada com fel. E o mundo lá fora, a arder. Alguém erradamente calculou a volumetria do desejo, estrangulando o seu vigor numa embalagem fora de moda. O conhecimento académico cansa-me o fígado, causa-me eczema. Ninguém atende o meu problema. Dizem que  112 está constipado. Aleluia! É meio dia! Desta vez o relógio não se enganou. Nunca lamentarei a falta de sorte. Sobrevivo com o oneroso azar de a ela chegar sempre tarde.

Há fados piores. Aqueles que as guitarras não cantam.


2015aNTÓNIODEmIRANDA

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