1_ Se quiseres saber de mim, poderás falar com o vento. Costumo andar onde não fogem as sombras, agarrado ao consolo das asas vagabundas.
2_ Não me olhes assim.
Nasci em 55 e continuo à espera da sorte. Todos os dias aponto os números da lotaria, tento a simpatia, claro está, com o habitual gosto de azia, mas a fortuna não me conhece. Fartei-me de ser bom rapaz, depois de ter emprestado a alma embrulhada em delírios desonestos. Vomitei pizzas no azar da fome na “Grand Place”, desejei o calor dos lençóis naquele jardim de “Vitoria-Gasteiz”, e lavei muitas vezes os testículos nos wc`s dos comboios.
3_ Pensava que ser feliz, seria a coisa mais normal, mas a despedida do dia, sem nunca me convidar, fazia de mim o órfão mais abandonado.
4_ Parece que tudo se esconde na minha cabeça! Mas, eu estou de partida, nesta mala cheia de abandonos. O cérebro, escondido num tubo de ensaio, só quer mentir naquela análise demasiado curiosa para incomodar a minha intimidade. Guardo comigo uma luz branca, fora das lágrimas do olhar, um caminho amigo do vagar dos passos, só para inventar dias que ainda não conheço.
5_ Nunca me preocupei com o futuro!
Não tenho seguro para o tempo seguinte. Sou um analfabeto, continuamente desinteressado pelo vazio das ideias que só ocupam espaço.
6_ Ok!
Está tudo bem!
Mas,
não faço parte desta banda.
2019ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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