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domingo, 5 de dezembro de 2021

USAS O MEU PERFUME NA PELE


A lua de veludo agasalha a fotografia sorridente 
que continua pendurada na minha parede, 
com o olhar desfocado, 
é apenas um pó sempre em queda, 
memória esquecida, 
deitada no chão para um frio sonho. 
Apenas te pedi para mostrares que sou o teu amante, 
e, dar-te-ei uma peça feita de mim, 
para contemplares céus que não são nossos. 
Nunca quis ser o complemento da hipótese, 
e no entanto há a ilusão latente de beijos 
e abraços sedosos, 
congelados no tempo dos silêncios. 
Eu sou uma sombra enferrujando o gelo, 
uma nuvem de ossos dourados 
cortados pela raiva da tempestade, 
uma premissa deplorável 
paga em dízimos emprestados. 
Serás tu a minha hiena, 
o manto da pobreza gritando no fogo, 
toda a lembrança deste exercício 
estampado na janela, 
sem que haja um só poema.
Usas o meu perfume na pele.
Eu ofereço-te pedras de lua.

,2017dez_aNTÓNIODEmIRANDA


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