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terça-feira, 31 de maio de 2022

OS ÚLTIMOS POETAS

 

Jorradas no chão, 
lambendo lâminas enrouquecidas, 
as estrelas solitárias 
no picnic dos anjos da boa vontade, 
cantam só para mim prosas simpáticas.
E nos meio dos últimos poetas, 
há um sax que grita 
rejeitando toda a clemência. 
E aparecem palavras que cortam, 
e com este sangue abençoado,
serão escritos poemas 
onde o tempo não pousa.
Continua o assassínio 
nestas ruas envergonhadas, 
de gente com alma 
que só quer uma oportunidade.
E as feridas nunca serão curadas, 
e os gritos arrumados no monte da ingratidão.
Sepulcros remexidos no meio de orações breves, 
tão curtas como a circunstância 
de só terem tentado viver. 
E os últimos poetas soltam a poesia de todos os medos, com todas as cores.
Na marcha fúnebre que os acompanha,
pensam com a esperança possível,
na sagrada indiferença
com que são considerados.

Os últimos poetas vão assim morrendo.

E  mostram rosários
de nenhum arrependimento.


,2017mai,aNTÓNIODEmIRANDA


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