Eu sei que não é fácil quando a tua
história está impressa numa tampa de esgoto feita de ferro dúctil como a
vontade inútil que foste vomitando neste tempo que sempre te venceu.
E o
caminho que pensas que escreveste com palavras floridas não é mais do que um
lugar raras vezes desentupido por uma máquina que sempre prometeu iria secar
a tua dor.
Nada disto foi possível até porque a verdade nunca quis saber de ti.
Eu também penso que não é fácil dar as costas a quem só te quis enganar.
Menos
fácil ainda, é sentir a desigualdade da importância que te penhoraram.
E os
sonhos que pintavam a felicidade são agora chorados por pássaros de plástico,
num quarto forrado com grades que nunca conseguiste abrir.
Eles dizem-se admirados.
Contrataram o melhor pintor, mas nunca
se lembraram de ti.
Eu sei que não é fácil tentar libertar
um sonho constantemente vigiado que impede momento após dia, tocar a hipótese
de contares unicamente contigo.
Estás fora!
Até mesmo do zero.
Escondem-te numa cama de percevejos e
fazem-te querer que nada mais poderá haver.
Só te posso dizer
que aqui,
ainda se encontram algumas estrelas.
Diz-me o teu nome.
Falarei com elas.
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