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sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

LAMENTO DO FANTASMA SEM ALMA

 


(Já tenho idade suficiente para morrer)

Apaguem-se as velas 
para que o último silêncio aconteça

Ó rugas da esperança perdida 
queimem o que restará da derradeira alegria

Porque o que de nós inventaram 
foi uma leviandade comprada 
no quiosque da hipocrisia 


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Sister Morphine; Marianne Faithfull 1969 (1946-2025)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

TEOREMA DO ENTENDIMENTO

 


escassez 
da minha sabedoria 
não permite estar à altura 
Da 
pequenez 
do teu conhecimento

&

Assim 
nos vamos estendendo


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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Sam Myers - I Got The Blues

É TÃO DIFÍCIL CONCILIAR A MADRUGADA

 
        Fiz um par de asneiras 
para fingir todos os dias
a ilusão do acontecer

Alguém me pode dizer as horas?

Este tempo que me escuta
tem o rasto de um bafiento pasquim






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Da Madalena Ávila. #SAFIGO#





 

NOSSA DAMA DA INQUIETAÇÃO

 

Saem-me caro as bebedeiras da mentira engarrafada 
na adega da poesia.
Prometeram tantas histórias, 
mas sempre soube que nem todo o brilho me leva à estrela.
Pobre caminho este, que conspurca sombras.
Nem me interessa saber como estou.
Está a chegar a colheita dos dias menores 
para me entregar horas de euforia. 
Correr nos dias que morrem, 
é um acto de coragem.
O resto, são divagações entregues 
em domicílios trocados.
Arrasto memórias até ao outro de mim.
Há quem diga que o sol se levanta todas as manhãs.
Nem por isso lhe gabo a teimosia.
Que alguém lhe mostre 
a janela da minha inquietação.
Os deuses não têm culpa de alguém 
ter a necessidade da sua patética existência.

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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

sábado, 25 de janeiro de 2025

FERRO VELHO

 


    Não ando com um cardume de livros 
a ensebar-me os sovacos

    Não faço malha
não  teço a tralha,
não vivo quando calha

    Vou amadurecendo,
agarrado a um sossego desempregado
encontrado num ferro velho
e comprado a prestações.




,2018jan_aNTÓNIODEmIRANDA
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COM OS PÉS ASSENTES NO CHÃO, COMO CONSEGUIREI TIRAR AS CALÇAS?

 


Cá estamos!
Eu e a habitual espera, 
riscada neste desencontro com vista 
marcada para o abismo. 
Os grandes poetas morrem 
em fumegantes tachos de merda”. 
Bukowski continua a ter razão!
Uma conversa tranquila com palavras 
molhadas no hálito de uma garrafa 
de whiskey, livre como um tiro 
saído do meu olhar, 
será sempre um alibi perfeito.
E isto é proibido, 
segundo o regulamento 
da delinquência conformada. 
Se as pessoas do costume não aparecerem, 
é sinal que a minha coerência 
não é limpa numa lavandaria.  
Descongelar gatafunhos, 
amaciá-los numa cozedura a vapor, 
parir um vomitado decente, 
e embebedar o céu com restos de ternura. 
Pagar o que dizem que devemos, 
em suaves prestações mentirosas, 
agitar o olfacto, cortar o cinto, embelezar 
a noite com nuvens de fumo distraído, 
fincar os pés no chão 
e agradecer educadamente 
a hipotética conveniência 
de não conseguir tirar as calças. 
Esperar qualquer coisa que me surpreenda, 
e nunca bajular o tempo sujo com 
o laivo da saudade.


2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
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DESSE-ME O TEMPO OUTRA MEDIDA

 


Desse-me o tempo outra medida, 
vazia dos significados inúteis, 
das opções castradas, 
e, eu tentaria caiar os espinhos 
desta coroa sem as manchas da glória.

Desse-me o salto outro movimento 
para arear a coragem que vai 
envelhecendo, 
e eu, nesta velha pele queimada 
por tantos sóis, pularia outro destino.

Desse-me a vida outra tarefa, 
e, 
eu continuaria a pintá-la, 
sempre à minha maneira.






2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
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DESPEJADO

 


Nem um tusto na algibeira.
Sonhei a vida inteira que isto nunca mais 
iria acontecer. 
Olhava as estrelas do meu céu, 
tapava-lhes os sonhos com o véu chorado 
da minha tristeza.
Nem um tusto na algibeira.
Sorrir sem jeito nem maneira, 
cobrir as lágrimas de todos os caminhos, 
só com a revolta dos sonhos devorados.
& as morfinas sempre ausentes, 
naqueles sorrisos que não me pertencem.
Quebro galhos que não quero queimar, 
e penosamente entranho na solidão, 
este frio que me desampara.
Não me lembro da última vez 
que tive coragem de abrir a porta 
do frigorífico. 
Mesmo aquela do folheto, 
que nunca se indignou, 
com a falta de uma qualquer condição.
Miro sem cobiça matrículas de automóveis, 
na eventualidade de achar uma capicua 
com as iniciais da minha sorte.
Até isso é uma falha habitual.
Sentado na lona dos desejos chorados, 
aqui na travessa, 
onde costumavam dizer o meu nome, 
olho indiferente para aqueles que vasculham 
a minha identidade, agora transformada 
num despejo de esqueletos.
Pensavam que nada prestava.
Mas, é assim, que sempre agem os abutres.



2018Set_aNTÓNIODEmIRANDA
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ESPUMANTE

 


No dia do piquenique de 
Todos_Os_Prantos, 
a vendedora das flores 
da consolação habitual, 
queixava-se do abaixamento 
do volume das vendas. 
Já pouco se liga aos defuntos.
Não sei onde a morte irá parar!
Em certas sepulturas, 
e no intervalo da azáfama da sueca à deriva, 
esqueletos outrora vaidosos, 
abraçavam-se agradecidos, 
e com a esperança estrelada nos olhos, 
comentavam entre si:
Agora que pouparam nas flores, 
só desejamos que apliquem essa verba 
em espumante.






2018Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

CAIXÃO ESGOTADO

 


Há 
Quem 
Gaste 

Vida 
Num 
Caixão
.
.
.
Estranho 
Modo 
De 
Estar 
Morto




2018Mar_aNTÓNIODEmIRANDA
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BLISTER

 


A tua pequena ajuda não é mais do que 
um blister com sugestões cor-de-rosa.

Mas, na realidade tu não usas essa tonalidade, 
e o sorriso que mostras, 
está maquilhado com cáries sem qualquer 
definição.

Adormeces sempre com o robe das angústias, 
esperando a síncope cardíaca para te 
aconchegar.

Ama-te, se possível, 
até que a próxima desilusão
aconteça.





2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA
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DEUS, NÃO PRECISO DA TUA MISÉRIA

 


Cuspo sangue enojado por tanta mentira.
Já limpei os contentores para o teu funeral,
e contratei os mais talentosos ornamentadores 
de promessas. 
E a mais sexy das limousines.
Haverá batedores devidamente credenciados na autoestrada do inferno. 
Nada foi deixado ao acaso. 
Nem mesmo o pecado que pensaste me pariu.
Nada desta morte poderá ser embrulhada 
nas notícias do telejornal.
Não te cansas de estar grávido. 
Contudo, nunca serei um filho teu.
Azar!
Os astros não condizem com as tuas coordenadas.
Estou mais calmo agora.
A ausência do teu sono 
consegue animar a minha almofada.
Disseram-me que usas um colete 
à prova de bala.
Mas eu só quero matar a tua 
indignidade.







2018Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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BON APPÉTIT!

 


Estamos sempre longe. 
Este entendimento desenhado numa proposta gourmet, prato grande enfeitado com riscos sem qualquer feitio, hostilizados num traço pintado de mentiras, 
um cínico sorriso crocante acabado 
de fugir da sanita, um filet mignon 
apressado para apanhar
 o autocarro da angústia, 
e um plaisir discretamente copiado da gare de Montparnasseenvergonhado pelo mau hálito 
do chef.
Para a sobremesa um Michelin 205 R14
em estado tão deteriorado como a puta 
da sorte que ainda não se fartou de nos falir.

Bon Appétit!

Mon imbecil Ami.


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domingo, 19 de janeiro de 2025

#DEZEMBRO E OS OUTROS TEMPOS#_DEIXEI-ME DE CERTAS MENTIRAS





 

ASCO! Trumpin` in usa

 


Graças aos meus pais não sou americano!
Agradeço continuadamente essa dádiva.
Não vivo naquela parte onde um boneco com uma alcatifa loura ornamentando uma boteifa mal cheirosa, pretendendo esconder uma diarreia cansada e careca, sossegou a idiotice dos aparvalhados que nele votaram. 
Que vergonha a vossa! 
A ignorância que vos gerou nunca perceberá. Vivemos assim os tempos ainda mais difíceis para os conscientes e o terrível preço que continuaremos a pagar pela vossa boçalidade. Não me alegra estar a escrever isto, mas também não me sossega a vossa contínua idiotice. 
Desde que me conheço, sofro na vida os malefícios do cancro da vossa pequenez. 
A vossa democracia é uma mousse defeituosamente servida no great american disaster
E a América tinha os índios, não me levem a mal, tinha os beatniks, não quero que me perdoem, tinha os irmãos Marx, podem continuar a ignorar o senhor Woody Guthrie, teve Marlon Brando que vos comprou Wounded Knee com o dinheiro do óscar que recusou receber, deu-nos todos os pretos de quem vocês sempre tiveram vergonha, deu-nos todos os Blues com palavras tão sangradas que vocês consideram estúpidas. 
Estou farto da América! 
E mete-me asco aquele mundo que estupidamente imita a América! 
Pergunto à tua infâmia quando poderei ASSASSINAR-TE com os disparos que ainda não te mataram?
Responde-me para o asco habitual.
Ficarei vivo até estas contas estarem saldadas!
Mesmo velho e cansado, presto à tua maldade um juramento perpétuo de que nunca será agradável a tua presença.
Até nunca!





2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

#DEZEMBRO E OS OUTROS TEMPOS#_LONGOS DISCURSOS

 





"O POETA NUNCA DIZ QUE É POETA" (nota do Senhor Levi Condinho)


 


Depois deste poema, o tal que é para o senhor Ferlinghetti, só posso exclamar: “Bolas”, finalmente há um poeta que não se arma em pavão de leque aberto… Não vou citar nomes, a lista seria longa, mas poetas, ou poetastros como eu, rebentando de vaidade, cujos umbigos mais se pretenderiam rivalizar com as estrelas, houve, há e haverá muitos. O problema é que não vislumbram que o poema – e nada a obstar – não passa de uma punheta, sim, uma punheta, com mais ou menos semente deitada à terra, como a deitou ostensivamente o bíblico Onam, que ousou desafiar Deus contra a norma da procriação… Foi um herói-anti-herói, portanto, não me venham denegrir o onanismo, tão cúmplice do que é ou se apregoa como poesia…








sábado, 11 de janeiro de 2025

#DEZEMBRO E OS OUTROS TEMPOS#_ DESALENTO

 





3 CONVERSAS PARA O POEMA DO AMOR POSSÍVEL

1

 Tatuámos o desejo
nas algemas da ternura
e o amor possível
não as abriu.


2


 Drive me!
Drive me baby!
I like the way you do.
Take me!
Take me baby!
I wanna do bad things with you.


 3


 As promessas indicadas
no código de barras
abrangem a pequenez
da nossa intenção.


CONCLUSÃO FINAL
Por ti,
neste encontro nunca acontecido,
entonteço na sombra do candeeiro
que sempre me engana,
quando tento abrir a tua porta



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O POLEGAR DO AZAR

 


na esquina da

 felicidade 

estava 

pendurada 

a sombra da 

sorte 

que 

passou ao lado



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QUE A NOITE AINDA É UMA CRIANÇA…

 


Chegaste cedo 

disse a nuvem 
passageira 


Adiantei a pressa de 

entregar 
esta mágoa






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POEMA PARA O AMOR POSSÍVEL

 



Então estás de acordo que volte 
a comprar uns collants de renda?

Sim amor!

Aqueles que o teu amigo aqui deixou 
não primavam pela qualidade.
(também convém que saibas que 
desta vez ultrapassamos os limites 
da alcova.
Olha!

A culpa é do Maltês de Sade.







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REPETIDAMENTE PENTEANDO O DESCALABRO

 


Para onde me conduziste,
Pátria que roubaste o pensar?

O momento que fizeste
de mim tudo arrancou.

Triste vida me observa
naquilo que já nada é. 

Ser feliz na memória que traíste
sina da morte errada
inventada no engano da hora radiante. 

Memória raspada num nefasto cocktail 
de mentirosas absolvições.

Ao sinaleiro de nada lhe serviu a cautela.





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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

#DEZEMBRO E OS OUTROS TEMPOS#_CALIGRAFIA

 





LÁGRIMAS DE MEDOS DIFERENTES

 


Gostaria de dizer que sinto a tua falta.
Mas, 
o aumento do imposto sobre o atrevimento, 
não ajuda mesmo nada.

Esta música, do maníaco adormecer no cemitério 
das flores sangrentas, oferece-me lágrimas 
que rolam nos ombros, beijando fantasmas arrependidos.

A ti, lua desavinda, 
gostava de conhecer a loucura tatuada nos sorrisos 
que colas sempre que me beijas. 

Sonho doce que de ti só imagino o nome, 
no brilho que tarda em acontecer. 

Conforto de lábios indecentes, 
promessa manhosa, sabor de morte 
deitado nos sonhos de cabedal vestidos. 
E o som do violoncelo que racha a alma, 
indiferente à tempestade que navega na minha cabeça?

Brilho Maldito – Som Perverso, 
lembrando o chiar dos cintos 
que pintam na pele o passar destes anos 
feitos de lágrimas de medos diferentes.


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terça-feira, 7 de janeiro de 2025

#DEZEMBRO E OS OUTROS TEMPOS#_ACONTECE

 





O PESTILENTO CHEIRO DA FAMA

 


Somos glorificados 
pelo sofisma 



A nossa soberba 
apodrece 
no prazo indicado na 
posologia






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NO TRAVESSEIRO DA VIDA ONDE SE ESCONDEM OS GRITOS DA SOLIDÃO

 


No descontente deitar tento abalar a melancolia mas a solidão encharcada nestes ossos não passa da mais indesejada das companhias. E a revolta que entope as veias não desiste de animar o que farei com as mãos erguidas para o absurdo desejo. Chegam-me as notícias da saudade, como se aquilo que pretendo, fosse a mais traiçoeiras das ambições. Recuso passar o acontecer enfiado num sarcófago à espera da admiração “post mortem”.
Entretanto na almofada da vida possível, tímidas nuvens tentam fugir da nostalgia agitando a bandeira da ofensa. Não há rendição possível.
A consternação repousa na mais impostora indignidade. Banhos de sangue não passam de lamentos tatuados na hipocrisia que domesticamente nos conforta.
QUEM MAIS PODERÁ GOSTAR DE TI? 
(fala do reclame).
Olha a televisão! Comprei-lhe toda a mentira! E não imaginas o quão dourou este falsário. Não penses que sou o único!
Esse é o fatídico erro. (Tão pouco me importa o teu desapontamento). Estou sempre disponível para aplaudir a ingenuidade da fé que tanto te agacha. E agora, que tudo te roubei, poderei então saudar a estima e consideração que por ti nunca terei.

,2024Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

#DEZEMBRO E OS OUTROS TEMPOS#_YO- YÔ

 





Do Senhor Levi Condinho _ BASIN STREET Souling Blues

Porque não vens daí comigo
Lá abaixo ao Mississipi
Canta Ella Fitzgerald
Respondo
Vou contigo
Se me levares aos bares
De Basin Street
E me mostrares tudo
O que fez na tua voz um vinho acre
Sexo nimbado de folhas silvestres
Para eu poder
Proclamar
de pé
do alto do Empire State Building
que a tua raça
se vingou
criando uma flor
em cada golpe de chicote

QUEM EMBELEZARÁ A MINHA VAIDADE?

 


Dizem-me que não penso 
aquilo que sou.
Tenho a fala que também se afoga 
nas ondas dos animais traídos. 
Talvez o meu querer não passe de uma anómala suposição. 
Nada já me contentará
se assim for o desejo da rapsódia 
que erradamente imaginei. 
Este bater teimosamente 
timbrado na minha cabeça 
obstinado 
manhoso
ardiloso asqueroso, 
porque continua a ordenar o meu sonho? 
Mostro-lhe os abraços massacrados 
mas os gritos alucinam o sossego que imploro. 
Nada mais do sangue que me contagia poderei oferecer à animalesca vaga 
desta inquietação.
Quem embelezará a minha vaidade?



,2024Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
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FALA DA ANGÚSTIA DA VIDA ENROUPADA NO CANGAÇO

 


Não sei o que mais querem.

Tudo de mim há muito que foi roubado. 

Abençoado pela inveja dos deuses,
fico-me por aqui a maturar numa câmara de egos apodrecidos, acenando ao apressado coar dos anos.
 




,2024Dez31_aNTÓNIODEmIRANDA
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domingo, 5 de janeiro de 2025

POEMA PARA O SENHOR EUSÉBIO

 


#DEZEMBRO E OS OUTROS TEMPOS#_A TESE _ILUSTRAÇÃO da Sandra Filipe

 





EXIBIÇÃO TEMPORÁRIA

 


pequenas 

peças 

do 

meu 

pranto




,2022Fev23_aNTÓNIODEmIRANDA
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DESLIGOU A TELEFONIA DOS SONHOS MENTIROSOS

 


Olhar desengonçado como se espremesse 
as borbulhas do tempo que não conseguiu alinhavar 

                    Barbeou os desgostos numa espuma fálica 
                    que ensurdecia o trautear dos conhecidos 
                    e pisados fantasmas 

                    Afastou a hora da velhice 
                    que só queria distrair o sentir de penas feito 
                    (E assim manipulava a sinfonia desafinada) 
                    resgatando o pecado entregue pelos medos 
                    das próteses celestiais

                    Vomitou todos os futuros trapaceiros

                    Desligou a telefonia dos sonhos mentirosos


,2021Dezembro_aNTÓNIODEmIRANDA
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MOLDE

 


- Por vezes encontro os cem pedaços que de mim se escondem numa algazarra tão teimosa que entorna o mar que abraça o medo. 
- Tento reuni-los para uma festa divertida mas assumo que há ocasiões em que a colagem não funciona. 
- Perco a ideia mas não abandono a intenção de coleccionar cromos que vão completando a caderneta da minha vida airada. 
- Talvez num acaso não propositado alguns regressem para me fazer companhia nesta mania de caminhar mas continuo nada interessado em definir qualquer propósito para o pintar, até porque me alheio facilmente das tabuadas que me fazem contas erradas. 
- Encaro o imprevisto com o mútuo respeito que vamos mantendo ao longo destes anos. 
- Muitas vezes não sou só eu em mim e isso será a medida mais interessante para a ideia que pretendo. 
- E ensaio a peregrinação, lado a lado com esta candeia continuando a espalhar páginas de um diário que me absolve de todas as exactidões. 
- Conservo o molde mais simples, aquele que não complica o nada. 
- E não discuto outras opções.



2017marçoaNTÓNIODEmIRANDA
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MISERY DAYS

 


De cada vez que me lembro de voltar de mim, 
há abraços perdidos neste tempo 
às vezes desconfiado.
Junto todos os restos 
num monte desenfreado 
onde transbordam sabores enfeitados 
que enrolam estas memórias.
Nestas linhas inclinadas 
desce uma sombra conselheira 
para os maus bocados vividos 
em tons de prazer.
Encosto-me a folhas caídas 
no doce odor desta erva 
que perfuma o meu olhar.
Amasso os passos que me fogem,
arredo as cortinas da janela 
com vistas para outras coisas,
e beijo a alma da ausência 
com lábios carnosos.
Continuo a desconfiar desta conta 
que me confere sempre um saldo miserável.





,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA
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SONHAR NA CONTRAMÃO

 


Nada nos aproximou do sonho que assinámos

A festa celebrou o mais falso dos prazeres
e os prantos continuam a encher o travesseiro da falsa promessa
levando o vento a estrela mentirosa na barca da concórdia´

Vai fugindo a magia

Alguém sabe quem me atraiçoou no paraíso?

Restam as lembranças que ainda não me abandonaram

Acordar no teu pensar nem sempre é uma meiguice que me conforta

O teu corpo e o meu não desejo conduzidos em
contramão
numa infame fúria




,2024Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
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sábado, 4 de janeiro de 2025

André Clemente _2025 Obrigado pelas fotos. (SEC`ADEGAS) * A MORTE É UM ACTO INCORRECTO

 






Todos os santos dançam ao contrário nos caminhos cruzados 
que lamentam a sua existência.
Enchem ninhos escuros 
e perturbam a leitura dos mochos.
Convivo bem com os sons do silêncio 
e facilmente me alegro com o bailado das estrelas 
que ilumina a minha sombra.
Uma coragem descalça floresce na minha cabeça 
com rega não automática.
Navego neste canal comandando uma barca apressada
 e espero estendido num pano de bilhar 
uma chamada pré combinada.
Meto na boca sementes inférteis 
e cuspo balas da mais pura imprudência.
Ato os desacatos e entrego-os na estação dos correios 
perante o sorriso habitual da senhora do balcão 4.
Até à próxima.
É o que costumamos dizer.
Volto à barca, lubrifico a decência,
 embalo a vontade com o mais atrevido laço.
Endireito o caminho e cambaleio sonolências.
Ainda não sei para onde vou.
Os tempos já não são o que eram.
Certos frios na minha espinha estão 
sempre a lembrar-me.
A morte é um acto incorrecto. 


2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA 
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#SÓ ESPERAVA A VIAGEM PROMETIDA#
Editora volta d´mar_2018