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sexta-feira, 1 de novembro de 2024

UM PUNHAL LAVADO NUM VALE DE LÁGRIMAS

 


Tocam na minha memória
sons de muitas ausências.
Caras que perfumam este vício
absorvido em tragos amargos,
amarelecidos  em cascos de solidão.
Nunca é fácil arquivar partidas 
sem a desejada chegada, mesmo que o faça 
só para disfarçar a infinita tristeza.
Difícil é enforcar esta dor, continuar 
a tentar agarrar um abraço, 
um simples aperto de mão, 
mesmo uma frase com palavras 
que ingenuamente penso nunca irei esquecer.
A memória, logo que me apanha distraído,
oferece-me um punhal lavado 
num vale de lágrimas que encharca 
todas as recordações. 
Dá-me um deitar combalido, 
um vazio para juntar ao resto, 
que nunca quero que aconteça.
O meu olhar curvado, coitado, 
mostra-me um alibi cansado de ser mentiroso.





,2019abr_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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