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quinta-feira, 9 de março de 2023

CHORO NÃO SABIDO

 

Eras o amante preferido na noite 
da fiel concubina,
naquele sol posto sempre abandonado,
que enquanto vestia a lua, 
dizia que nunca te conheceu. 
E tu num choro não sabido, 
cravavas no cais 
o teu único canto: 
eu também posso existir. 
E abrias o relógio nos soluços
que julgavas certos, 
que só atrasavam o encontro fatal. 
Acendias o espelho mentiroso 
que fugia da tua beleza 
e fingia a certeza de seres tu. 
Sentado num candelabro com leds 
da Hollywood da Venda do Pinheiro,
esqueceste a alma que tinha de ser salva 
daquela paixão desalinhada.  
Embora tivesses jurado a pés distantes,
que guardarias as cartas
que nunca irei escrever.

,2017ago_aNTÓNIODEmIRANDA

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