"Parece-lhe que no meio literário há muito quem se ponha em biquinhos de pé?
"Pouco sei do meio literário estrangeiro, mas parece-me que o meio literário português é um pouco podre. Escritores que são críticos. Críticos que são escritores. Escritores que têm agências literárias e dominam a máfia dos festivais literários (promovem, claro está, os seus escritores; fazem bem porque a literatura afinal é um negócio como outro qualquer), jornalistas que são escritores, editores que são escritores. Todos muito amigos. Muitos beijos e abraços quando se encontram. E, claro está, todos com um ego patético e do tamanho do mundo. São todos extraordinários, mesmo quando o que escrevem não vale nada. Há muitos exemplos de quem tenha essa postura no meio literário português, eu devia ser capaz de os nomear um por um aqui, mas sou muito cobarde. Vá, refiro só um nome, porque é uma embirração antiga e de estimação: a Inês Pedrosa. O que escreve é fraquinho, mas curiosamente tem sempre palco, vitrinas, escaparates, críticas assim-assim porque ninguém é capaz de dizer preto no branco aquilo que dela se diz nas suas costas. Ai de quem se atreva a uma análise mais contundente do meio literário português. São uns párias, uns invejosos, uns ressabiados. Um escritor precisa mais da crítica do que dos elogios. A crítica, se honesta e não motivada por rancores, permite a análise, o confronto, a discussão. Permite a um escritor notar os seus vícios, as suas falhas, a sua charlatanice, a sua mediania."
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