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terça-feira, 16 de novembro de 2021

O HÁLITO SALGADO

 

Está frio no meio do meu sonho.

A pele estica-se fora da dor,

fugindo do sangue atropelado 

pela lama da vida.

Tenho na mão

o hálito salgado 

dos tempos morridos

desta espera constante.

Não posso pedir ajuda

a esta importância que me julga,

neste cambalear

com que embalo o meu vazio,

pensando iluminar as agruras

onde tanto me desanimei.

Estendo sorrisos

como se a eles alguém acenasse

e assim me envolvo em bolhas de cotão.

Vou passando em todas as ruas

como a areia do deserto

que sobrevive à falta da mais pequena ternura.

Chego sempre cansado

demasiado cansado

carregando o peso da minha ausência.

Descalço o olhar

escondo o desejo

alisando a memória

nas ilustrações esbranquiçadas

da minha ilusão.

Infinito é o bocejar do meu passado

feito com o polimento das pedras

que me atiraram.

Continuo apartado.

...depois de todo este tempo.




,2017jan_aNTÓNIODEmIRANDA

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