Sentado no “Jardim das Oliveiras”, Lisboa estende a toalha das nuvens tristes.
Amo o rio, gosto das gaivotas que nele escrevem poemas. O mesmo gostaria de dizer deste tempo estranho, mascarado do amanhã duvidoso. As marés estão diferentes, sempre prontas para ludibriar a “volta d' mar”.
Vou por aí acariciando uma velhice não raivosa, ignoro o aviso do semáforo que alerta que faltam meia dúzia de segundos, mas educadamente não informa o que poderá acontecer. A cidade fugiu do mapa, escondeu as sombras auspiciosas, e elaborou um plano tão secreto que não tenho onde me esconder.
Não sou digno de tanta estima, mas está gravado nos editais que é somente uma enorme prova de consideração.
Eu gostava era da outra cidade!
Daquelas noites de bebedeiras no “Ritz Clube”, descer aquelas ruas, das conversas das amigas da “Avenida da Liberdade”, e mesmo do olhar invejoso dos curiosos.
Ah pois! Tudo mudou!
A calçada adaptou-se aos stiletto, os cheiros sopram aromas da futilidade, os relógios escondem as horas diferentes.
Tenho saudades.
É verdade que para nada valerá este desabafo.
Continuo abusivamente cansado de exibir o passe da minha desavença social.
A sabujice espera no banco do jardim.
(Como de costume, recusei o convite).
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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