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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

CÃO OBSERVANDO O MUNDO SENTADO NO SOFÁ DA FÁBRICA

 


No concílio económico já tudo tinha sido roubado
O velho caminho já não me acompanha ao bar. 
As palavras estão difíceis. 
O momento tarda em chegar, 
e a chuva que molha o pára-brisas da bondade
já deixa no patamar da possível esperança aplausos falseados.
Flores desfalcadas regam a varanda dos despojos.
Um céu vazio diz que me espera.
Depois desta farsa quem mais poderei assassinar?
CÃO OBSERVANDO O MUNDO SENTADO NO SOFÁ DA FÁBRICA 
Mas não sei onde se apagaram os sonhos ou em que feira foram lembrados.
Esse lugar não existe, assegura o relato do tempo não ardiloso.
Assim desce a vontade até ao fim do coração no desencontro inacabado.
A misericórdia é a mais cruel das lisonjas.
E ele disse" o paraíso não passa de uma promoção mentida em primeira mão.
CÃO OBSERVANDO O MUNDO SENTADO NO SOFÁ DA FÁBRICA 
De joelhos não contes que apareça.
Mesmo no fim (cada vez mais repetido), sempre foi deste modo que mantive a esperança nesta vivida e (nem sempre apetecida) espera.
O miar do gato malvado amorosamente assanhado pousou no focinho e pintou na alma a acalmia que julguei não possível.
Agora sou um patudo orgulhoso que nunca se esquece de virar as folhas que sobram deste calendário. 
A alegria continuará a ser para todo o sempre aquela pedra rolante cuspindo no recanto da miséria.
CÃO OBSERVANDO O MUNDO SENTADO NO SOFÁ DA FÁBRICA 
O que de mim gostava foi para a enfermaria das palavras cruzadas.
Os lábios escorrem as memórias na areia, onde envergonhados, os nomes, procuram a fuga possível.
Asas bonitas vestem combinações da boa-esperança confortando o abrigo da almejada possibilidade, enquanto pássaros solidários ensaiam um hipotético bailado, para que a tristeza finalmente não se torne a mais fértil certeza. 
Mas neste defunto mundo a única verdade apodrece numa retoma em permanente leilão.
Toda a gente chora nas infinitas traições entregues “à la minuta”.
Prédicas erguidas para o mais sangrento dos deuses pasmam no hipócrita consternação dos "inocentes".
CÃO OBSERVANDO O MUNDO SENTADO NO SOFÁ DA FÁBRICA 
Quem poderá respeitar as bombas que lhes vendemos?
A covardia será sempre um acto que jamais se cansa de ser celebrado.
Ó vida, dizes por aí que o "show" não pode parar.
Até porque a humanidade cedo demais assassinou o respeito que nos é devido.
CÃO OBSERVANDO O MUNDO SENTADO NO SOFÁ DA FÁBRICA 
Como se uma tempestade acampasse no meu travesseiro e o sono que dela fugiu escrevesse acenos obscenos na agenda do despertar.
Não!
Não preciso de outra Ressurreição!
(Já tenho o “GPS” do paraíso artificial).
Olá!
Há por aí alguém que não me conheça?
Nosso Senhor!
(Malvado insidioso).
Que pena tenho que isso aconteça.
CÃO OBSERVANDO O MUNDO SENTADO NO SOFÁ DA FÁBRICA 
E neste sentir demasiado cansado a procurar o botão do autoclismo, benzo sermões fictícios.


2025Fev05_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
(Começado a ser escrito em Fev01 , durante um concerto na Fábrica de Alternativas_Algés)

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