Não estou para aturar as complicações dos aspirantes a anjos falidos. Visto um hálito com mau feitio. (admito essa rara qualidade sem qualquer mácula). Nela naufraga uma aliança sacramental diluída sem prévio aviso no infernal tráfico intestinal. Aplaudo assombrações sequiosas de um paraíso artificial e um molho de flores regadas intempestivamente pela malvadez do Baudelaire. Sinto-me o mais eloquente vendedor do baile da frustração.
Qualquer dia mando-o foder.
Quero-te tanto sorte danada. Cansado estou do sonhador amestrado vil coleccionador dos inconvenientes desacatos da solidão.
Qualquer dia mando-me foder.
Nem comigo me apetece estar quanto mais com sucedâneos…
E se de mim estou empanturrado neste angustiado atropelo, que outros deuses sem asas perversas, carimbem a ascensão para a bendita dispensa dos filhos da puta.
O governo é um traficante e um viciado jogador de maltrapilhos é o presidente desta mixórdia.
Qualquer dia mando-os partir!
Desculpa já não consigo soletrar o teu nome. Actua na minha alma uma razão triste mesmo assim melhor do que a farmacopeia que há muito desistiu de encantar. Dizem que não passo de um mal-agradecido aqueles que ignoram a importância desta fuga. Quero um exílio para enxotar tanto fingimento. Lenta vai a coragem neste passe anti-social. Nada já resta. Incendiaram o rastilho logo que nasci e o hino da alegria deixou-se morrer.
A esperança escondeu-se na mais estofada ousadia, e a dança aflita nunca mais conseguiu acalmar o caos. Eu em mim, há muito que nada funciona. Enfadonhas já são as opções que tentam disfarçar a proximidade que nos desgastou.
Qualquer dia mando-as foder.
Sim! Vamos sendo um sem o outro matar. Nunca estivemos longe dos bonecos patéticos do presépio da leprosa humanidade. Nada. Nada consigo perdoar. A vergonha navega na bandeira da insatisfação acenando a uma paz mentida na liberdade vendida a metro. O lamento das lágrimas habituais já não acredita no asilo do meu aconchego.
Qualquer dia mando-me foder.
Na borracheira habitual escolho o tipo de letra para disfarçar exageros malparidos. Medos de tanto “mau-viver” levam-me ao monte das palavras sem nome. Poderei embrulhar a alma na inutilidade e depois vendê-la numa bem-centrifugada operação de marketing.
Qualquer dia mando-vos foder.
E eu vestido no descalabro da tristeza a oferecer delicados cortes da espantosa contemplação! E eles, como se fossem fantoches, passeiam na memória restante. Uivos cansados abandonam a esperança no lento e nem sempre benevolente compasso da nostalgia. A última estação no seu sorriso voraz entoa cânticos da habitual circunstância previamente ensaiados na novena passional.
Nada de novo e as costumeiras intenções continuam a confortar desesperos indevidamente certificados para que o pranto da despedida continue a celebração da lisonja. Porque o mundo nunca volta nesta viagem sem fim.
Já nem Deus acredita na minha estranha forma de aparecer.
Qualquer dia mando-o foder.
,2024Mai18_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
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