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domingo, 30 de junho de 2024

#A INVENÇÃO DO AMOR# Livraria Buenos Aires (Tea For One) _2015.

 





LISBOA & TUDO ISSO...

Porque não tenho jeito para a saudade.
Nunca me cansei de calcar aquelas ruas durante mais de 20 anos.
Deixem estar o menino. Ele está a escrever os seus poemas. E eu sentado com a velha Messa, ouvia contente o cuidado do meu chefe.

1 . Ataque epilético
Espumava deitado no passeio um coro de insultos merda de bêbado
2. Custódio Cardoso Pereira
Rua do Carmo
Ponto de encontro. Músicos.
3. Au Bonheur des Dames
Elas ofereciam-me amostras de perfumes e admiravam a minha preferência pelo “Equipage”.
4. Arnaldo Ferreira o pintor da noite.
Bulia a Rua do Carmo apressando palavras num discurso freneticamente revoltado.
5. Dali o bailarino de tangos e o seu inconfundível bigode. Dançava com uma pantufa enfiada no pé direito, em frente da Discoteca Universal, as canções escolhidas pelo Zé Augusto.
6. Os gins no bar dos Armazéns do Chiado
abundantemente servidos pela Teresa e João.
7. Ritz Clube
A velha banda. A streaper Dina da Conceição conceituada bailarina afro-cubana, 60 anos ou mais. As senhoras de lenço na cabeça e óculos escuros em formato de gata, (como nos filmes italianos), e as suas histórias. O whisky sem marca.
8.Guarda Noturno
Mijar na rua da vitória com uma pistola apontada à cabeça
9. Salsaparrilha e whisky em copos pequenos. Não sabiamos nada acerca dos shots.
10. Comodoro & Eduardo
Tinha um gozo especial quando ao jantar bebia o whisky de alguns directores do JBF que frequentavam assiduamente o rés do chão, onde as meninas como quem não quer a coisa, mostravam as cuecas.
Os sapatos da Hélio
Cheguei a ter 23 pares. Alguns feitos de encomenda. Tinha uma actividade profissional paralela : revendedor não oficialmente autorizado.
12. Os pastéis de bacalhau no Palmeiras
Geralmente por volta das 4 e meia da tarde. O tinto era da Labrugeira.
13.As idas aos CTT da Praça do Comércio
O regresso contemplava invariavelmente a visita ao Escondidinho da travessa do Cotovelo e uma breve passagem pelo Galego da rua do Crucifixo. Sempre na companhia do Ti Luis ou do Tio Xico.
14.Notário
Reconhecimento de assinaturas. Uma ou outra por mim imitadas. Consegui ganhar uma aposta ao meu chefe.
15.A Brasileira
Não sei porquê, mas tinha o hábito de esconder a colher do café na minha cabeleira. Mais tarde tive algum sucesso quando a oferecia em forma de pulseira às minhas amigas.
16.Opinião
Sempre diferente. Passei grandes momentos ouvindo os Senhores Raúl Rego, Álvaro Guerra e Baptista Bastos. O Hipólito mostrava-me sempre aquilo que eu gostava. Livros & Lp`s.
17.Livraria Ferin
Alimentava a minha paixão pelos Índios da América do Norte, comprando às prestações , livros importados.
18.Tabacaria do Rossio
Esperava ansiosamente o final do mês para ter nas mãos a Rock&Folk. Anos e anos a manter esta satisfação.
19.Sapataria Presidente
Fiquei doido com os meus primeiros Lótus. Eram feitos à mão. O senhor João Baptista Fernandes apreciou o meu bom gosto.
20.Livraria Bertrand
Cumprimentava sempre o senhor Luis. Um velho amigo do meu pai.Depois entrava no mundo que aprendi a respeitar.
21.Livraria Sá da Costa
Um prazer à mão de semear.
22.Livraria Portugal
Visita obrigatória à minha amiga Isabel.
23.Livraria Lello
Nunca consegui resistir ao seu perfume.
24.O cretino do BESCL
Rua nova do Almada. Todos os dias a caminho do emprego, este imbecil manhoso e não engraçado, divertia as colegas com as bocas que me mandava.
Nunca mudei de caminho, e um dia cara a cara com o cretino, prometi solenemente que mais tarde ou mais cedo, lhe partiria a tromba. Por mim, até podia ser naquela altura. Continuei a descer aquela rua e nunca respondi ao bom dia com que ele julgava cumprimentar-me.
25.Banco Borges & Irmão
Praça do Município.
Era aí que ia levantar os ordenados dos colegas da minha secção.
Vi um dia o senhor Pedro Homem de Melo a vender livros. Até então só o conhecia da televisão. Não tive vergonha, falámos e comprei um, que as gorjetas acabaram por pagar.
26.O Barbeiro da rua do Arsenal
às 4ªs Feiras pela manhã ia lá buscar o Senhor António Baptista Fernandes. Água de cheiro e raminho de alecrim na lapela. O barbeiro saudava-me cordialmente e nunca mostrou qualquer desagrado com a minha farta cabeleira. Começávamos pela loja para cumprimentar o pessoal, mas era no escritório que os olhos deste velho senhor, brilhavam de maneira marota quando demoradamente apertava as mãos das minhas colegas.
Depois sentado no velho cadeirão de couro, acabava por adormecer.
27.Pastelaria Ferrari
Os bolos preferidos das minhas colegas grávidas.
Quando ficava contrariado, acabava de meter o duchesse embrulhado debaixo das axilas. Nunca nenhuma se queixou.
28.Pastelaria Central da Baixa
Lembro-me do Bolo Rei. A minha mãe era fã.
29.Manuel Careca “Limonadas”
Cenas do Pátio das Cantigas ao vivo. E a limonada bebida nos intervalos de uma bola de Berlim , até caía bem.
30.Casa da Sorte
Eram lá que ia buscar as cautelas do senhor Joaquim Nunes Figueiredo. Diziam que era o meu padrinho e isso permitia-me um estatuto especial dentro da empresa. Ofereceu-me vinte contos como prenda de casamento. Uma vez, quando e deu boleia até à casa da minha namorada, disse-me que me ia pôr bem na vida. Passado oito dias, abraçou-me dizendo que não voltaria. Lembro-me de entregas de presentes às suas conhecidas, feitas de um modo discreto.
31.Beat Club
Boa música mas demasiados betos para o meu gosto.
32.Brown`s
Punk em Lisboa.
33.RRV - Rock Rendez Vous
Era amigo do Mário Guia, o dono. Jamais esquecerei aquele concerto do Wilko Johnson.
34.Hot Club
Grandes Músicos para uma música que me apetecia.
35.Quarteto
Saudades do cinema a sério.
36.Cervejaria Trindade
No tempo em que as batatas fritas ainda vinham com bocados de casca. E aquele gajo que só bebia garrafas de litro da cerveja preta Sagres.
37.A tasca do Tony Morgan – Bº. Alto
Sempre que lá estive, senti um carinho especial do Tony.
Ouvia-se fado e entornávamos jarros de tinto acompanhado com caldo verde e chourio assado.
38.Casa Batalha – R. Nova do Almada
Agradeci sempre a preciosa ajuda da senhora Noémia na selecção das pedras para os 12 colares que usava naquela altura.
39.Rua das Trinas– Estúdio do Jorge Monteiro
Uma ou duas vezes por semana, ensaiávamos com o António Variações. Janeiro a Junho. Ano 1981.
Anos mais tarde, um conhecido radialista classificou-nos como a pior banda de garagem que já tinha ouvido. Orgulho.




,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA
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LISBOA, QUE TRISTE FADO TE ABALROA

 


Até quando permitiremos que nos mandem à merda com sorrisos patetas? O Pessoa do Chiado está farto, cansado & chateado. Enoja tanta fotografia de quem dele nem sequer leu um verso. Isto é uma porra, diz a velhota sem lugar no autocarro. Os pastéis de Belém já não são lugar para ninguém e o pasteleiro batoteiro sorri contente por enganar tanta gente. O de Santa Justa, sempre acima e abaixo, aguarda consulta e está com um feitio filha da puta. O Castelo de icterícia amarelada, acha isto uma chachada e já não tem sexo com a namorada. O pastel de bacalhau com queijo enjoa o Tejo. O tuk tuk é um preservativo com rodas e espia sem vergonha as travessas de Lisboa. E as Colinas estafadas brincam às escondidas no cemitério dos Prazeres. Imbecis com mapas na mão e mochilas anti-refugiados, palram desalmadamente, e nipónicos atónicos vomitam sushis digitais com ténis de alta cilindrada, made numa Alemanha com incoerências nas emissões de CO2.E Tintins e Milous com pele vermelha tipo camarão do Lidl, com os testículos a abanar, bebem Stella Artois e fingem que são cães a mijar. E Asterixes e Obelixesavec alors cependant” nas calçadas da Graça, sujam a sombra do Limoeiro, intrigam o cruzamento e o sinaleiro, e uma santa que dantes Luzia. Santiago Alquimista, muralha com triste vista e o fado amestrado no clube de Alfama. Lisboa, não digas mal de quem te ama, nem daquele que não te magoa, que chora por ti na Madragoa, e lava uma saudade sempre suja, estendida na noite, disfarçado nos abraços do cacilheiro que só a ti pode podem pertencer. Despeço-me de ti sem adeus num entardecer que arrefece e vai enfeitando esta morte anunciada com que te sonho.
Adeus meu amor. Está escrito numa velha bóia.



,2016,06aNTÓNIODEmIRANDA
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LISBOA SIGHTSEEING

 


Socorro!

    Já não tem Graça!

                Quem me Ajuda,

                        a sair deste Calvário?


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA
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LISBOA PÕE-TE EM GUARDA

 


Lisboa costumava amar-te. Eras a minha princesa com aquele desfilar de cheiros que perfumavam a pele. O que fizeram de ti, agora meu amor chorado…E a beleza do teu rio mareada com cruzeiros que de ti nada respeitam. Lisboa, não sejas estrangeira não foi essa a maneira que de ti me fez gostar.
Lisboa quero-te só para mim beijar-te no abraço sem fim apaixonar-me na tua sardinha na noite de um louco António sem aqueles estrangeiros que nos fados que choras sorriem e batem palmas sem nada saberem da tua dignidade e da dor que és obrigada a carregar. Estás tão mudada e as lágrimas que te pintam o rosto não acolhem qualquer prazer. Querem fazer de ti a puta mais vulgar e pisam-te as veias com máquinas fotográficas para mais tarde não recordar. Lisboa, agora eles gostam da tua tranquilidade e segurança, desprezando os destinos turísticos que emporcalharam, antes de agora seres a única hipótese. E dirigem-se a ti, falando um espanholês estupidamente cretino. Lisboa, não sejas francesa, alemã, inglesa ou hipoteca qualquer.
Eu só quero percorrer-te como o Tejo caminha para o mar. Amo-te Lisboa.
Mas já não sei se ainda vamos a tempo.
Lisboa, minha amiga:
Põe-te em guarda!


,2016,06.aNTÓNIODEmIRANDA
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LISBOA AVENIDA 24 DE JULHO

 


Alguma ajuda por favor!
    Estava escrito na ausência da condição,
num quadrado de papelão 
desenhado com as letras 
mais chicoteadas do mundo.
    Olhei com um pretenso fingimento 
este cartão-de-visita.
    E é isto que não disfarça a minha culpa.
Tenho cântaros com mágoas a transbordar.
    E
    declaro esta oferta
    permanentemente disponível.





2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
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BILHETE - POSTAL

 


A vida fica-nos tão só quando os raios de sol 
deixam de nos cortejar a memória.
E mente quando promete um torpor sereno ´
embalado pelo suave do mar que nos adormece. 
Rosas de sábios espinhos, 
acendem o caminho com sonhos tristes, 
molhados no sobressalto da maré traiçoeira, 
com convites que nos abandonam. 
E agora que o corvo trincou a lua 
e a cegonha nos traz as últimas notícias, 
há que ironizar com todas as maldades 
que irão acontecer.
Há um desperdício na espuma que barbeia a areia.
É incerta esta procura que nos leva 
a um navegar apetecido no deslizar da onda.
Deixo-me perverter e lavo o pensamento 
só para olhar e gostar.
E encostar o ouvido no vento.
E eu sei,
que nestas noites,
sempre que olho para o céu,
vejo nele desenhado
um bilhete postal.







Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA
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sábado, 29 de junho de 2024

CEMITÉRIO

 


Não tenho tempo para nada!
                                                        E isso aborrece-me o tédio.
                                        Aguento uma dama de copas ciumenta!
                                                    Mandei-a passear ao domingo 
                                                    de mãos dadas com o sacristão, 
                    enquanto jogava poker
    no cemitério.
                                O coveiro contente pela atenção dispensada, 
                pensava que escondia a batota 
                                                                com que me enganava.
                        Vendi-lhe um relógio automático!
Não precisa de lhe dar corda.
                                                            Dá-me um tempo simpático 
                                                    sempre que o mando à merda.






2016,09aNTÓNIODEmIRANDA
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CIRCO SEM FIM

 


Pode o fim não ser redondo 
nem a sua vontade tão concreta 
e o desejo não esconso 
para uma vida secreta, 
apenas uma maneira de agradecer 
a um Deus
que só nas estátuas 
tem os braços abertos.















,2016,06.aNTÓNIODEmIRANDA
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CONCLUSÃO

 


1. Tentarei chegar atrasado à morte.

2. Assim me deseje a sorte.

3. Tenho 7 vidas numa faca com todos os gumes 

        desafinados.

4. Elegi o poema para meu fiel guardador de 

        sonhos.

5. Perco sempre a cabeça mal encontre um lugar que me 

        apeteça.



2016,10aNTÓNIODEmIRANDA
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E ADORMECIA …

 


Limpava alguns momentos à procura de boas notícias na página da necrologia do jornal pousado na mesa do café e invariavelmente discutia a desilusão com o barbeiro.
Depois seguia até à paragem da camioneta que religiosamente tinha partido às sete da manhã. E esperava pelo carro do peixeiro, sempre com a esperança de um atraso que era raro acontecer.
Dava um pulo à horta para regar os tomates, e encostado ao muro habitual, contava vagarosamente as badaladas do sino da igreja, não que tivesse interesse, mas podia ser que desta vez elas não sincronizassem com o relógio que tinha comprado na loja do chinês.
Tinha saudades da cavaqueira da feira, mas agora está tudo tão fraco e longe, mais longe, do que o tempo que tem para gastar. Chegava a casa e ligava a televisão e telefonava para o número mágico que lhe prometia um prémio de não deitar fora. Quando fosse á cidade, haveria de comprar um telemóvel novo. O seu só funcionava para chamadas sem ofertas. Além disso queria fazer boa figura quando fosse à festa da aldeia. E continuava a cismar com a mania de pôr a mota em cima da mesa do snooker. Claro que gostava muito dela e aos poucos foi perdendo a saudade do ribombar das bolas. E o canito já estava velho para as apanhar.
Não ia para a cama sem visitar a adega, agora que não podia beber nem vinho nem aguardente que teimava em fazer. Talvez alguém apareça hoje e lhe dê dois dedos de conversa. Não será pedir muito. 
E adormecia ...


,2016,06aNTÓNIODEmIRANDA
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HAXIXE TO ASHES

 
Que vida é esta quando na morte não 
pousam flores? Morrer assim depois 
da história desajeitada, alinhada nos 
capítulos imperfeitos que não escolhemos? 
Má sina viver este tempo onde só o ignóbil 
foi respeitado. Nada sobra deste nojo com 
que embrulho a fartura desta infelicidade. 
Nascemos com os pés nus, contemplando 
a lisonja que nos convence do contrário. 
Haja quem me queime a calma onde apodrece 
a alma. Claro que na sorte, e contrariando 
o ditado, nunca seremos iguais. 
Só o nome da indigência cabe neste cabeçalho. 
Triste a vida na morte que acabou neste destino.






2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
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domingo, 23 de junho de 2024

ISTO ACONTECEU HÁ 6 ANOS!!!!!!! THIS IS NOT TRUMP'S BORDER! THIS IS AN ISRAELI JAIL FILLED WITH PALESTINIAN CHILDREN WHO HAVE BEEN RIPPED FROM THEIR PARENTS FOR NO CRIME AT ALL!!!! DO YOU CARE????!!!!

 





SATÉLITE APAGADO

 


Não me sinto bem, e tu não me podes ajudar. 
Deitada nesse sofá com o mapa do mundo 
fora do teu olhar, vejo o filme que nada 
quer saber de ti. 
E, tu que conhecias de cor os intervalos 
do nosso amor, és um satélite apagado, 
rogando-me um perdão não aceitável. 
Só posso cantar-te nesta tela triste, 
que o céu que pintámos não aceita.
O que farei com o teu último sorriso?
Eu, que tanto me queimo 
nos caminhos deste fogo!
Mas, está tudo bem, minha querida.
Não fiques ofendida. 
Isto poderá ser unicamente uma dança de  
Rock`n`Roll.




,2017nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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EU UM DIA

 


Não sou fronteira de nada

De qualquer maneira

Não é o meu ser

Fogueira apagada

Não sei que fogo

Me deixou de arder

Apenas sou eu

De mim próprio

Sem sim

Eu

Viagem ainda não começada

Com bilhete de ida

Sem volta anunciada

Eu não melhor que nada 

Eu um dia

Para acontecer


_2014,aNTÓNIODEmIRANDA
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NO DOCE BARAÇO DA SORTE

 


Às  vezes

            Escrevo

Sombras

        Para

Fingir

Fugir

Das

Noites

Sem

Fim


,2024Jun23_aNTÓNIODEmIRANDA
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EU E MIM

 


Não terei que estar sempre contente. 
É uma perspectiva que me cansa.
O contrário da felicidade, 
não envolve às vezes, 
sentimentos de tristeza.
Deixo-me caminhar, 
olhando sempre de lado, 
a carência que me quer acompanhar.
Eu e mim,
somos
sempre
assim.





,2017dez_aNTÓNIODEmIRANDA
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A-TENSSSSSSÃO

 


quarta-feira, 19 de junho de 2024

I CAN GET NO SATISFACTION (Qualquer dia mando-me foder)

 


Não estou para aturar as complicações dos aspirantes a anjos falidos. Visto um hálito com mau feitio. (admito essa rara qualidade sem qualquer mácula). Nela naufraga uma aliança sacramental diluída sem prévio aviso no infernal tráfico intestinal. Aplaudo assombrações sequiosas  de um paraíso artificial e um molho de flores regadas intempestivamente pela malvadez do Baudelaire. Sinto-me o mais eloquente vendedor do baile da frustração.
Qualquer dia mando-o foder.
Quero-te tanto sorte danada. Cansado estou do sonhador amestrado vil coleccionador dos inconvenientes desacatos da solidão.
                            Qualquer dia mando-me foder.
Nem comigo me apetece estar quanto mais com  sucedâneos…
E se de mim estou empanturrado neste angustiado atropelo, que outros deuses sem asas perversas, carimbem a ascensão para a bendita dispensa dos filhos da puta.
O governo é um traficante e um viciado jogador de maltrapilhos é o presidente desta mixórdia.
Qualquer dia mando-os partir!
Desculpa já não consigo soletrar o teu nome. Actua na minha alma uma razão triste mesmo assim melhor do que a farmacopeia que há muito desistiu de encantar. Dizem que não passo de um mal-agradecido aqueles que ignoram a importância desta fuga. Quero um exílio para enxotar tanto fingimento. Lenta vai a coragem neste passe anti-social. Nada já resta. Incendiaram o rastilho logo que nasci e o hino da alegria deixou-se morrer. 
A esperança escondeu-se na mais estofada ousadia, e a dança aflita nunca mais conseguiu acalmar o caos. Eu em mim, há muito que nada funciona. Enfadonhas já são as opções que tentam disfarçar a proximidade que nos desgastou.
                            Qualquer dia mando-as foder.
Sim! Vamos sendo um sem o outro matar. Nunca estivemos longe dos bonecos patéticos do presépio da leprosa humanidade. Nada. Nada consigo perdoar. A vergonha navega na bandeira da insatisfação acenando a uma paz mentida na liberdade vendida a metro. O lamento das lágrimas habituais já não acredita no asilo do meu aconchego. 
                Qualquer dia mando-me foder. 
Na borracheira habitual escolho o tipo de letra para disfarçar exageros malparidos. Medos de tanto “mau-viver” levam-me ao monte das palavras sem nome. Poderei embrulhar a alma na inutilidade e depois vendê-la numa bem-centrifugada operação de marketing. 
           Qualquer dia mando-vos foder.
E eu vestido no descalabro da tristeza a oferecer delicados cortes da espantosa contemplação! E eles, como se fossem fantoches, passeiam na memória restante. Uivos cansados abandonam a esperança no lento e nem sempre benevolente compasso da nostalgia. A última estação no seu sorriso voraz entoa cânticos da habitual circunstância previamente ensaiados na novena passional.
Nada de novo e as costumeiras intenções continuam a confortar desesperos indevidamente certificados para que o pranto da despedida continue a celebração da lisonja. Porque o mundo nunca volta nesta viagem sem fim.
Já nem Deus acredita na minha estranha forma de aparecer.
                        Qualquer dia mando-o foder.


,2024Mai18_aNTÓNIODEmIRANDA
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sábado, 15 de junho de 2024

ATÉ Á PRÓXIMA

 


Até 

Á 

Próxima

&

        Foi             Assim
                Que A         Distância
                Se 
                Despediu
                Do
                Infinito








,2019_ jan_aNTÓNIODEmIRANDA
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ATÉ BREVE

 


Caiar sorrisos.
Entregá-los porta a porta,
no prazo máximo de 24 horas.
Andar por aí,
sem sentido único.
Ladrar aos desconfiados,
lançar chamas de ousadia,
baralhar as contas,
chamuscar a própria sombra.
Não ter medo,
remover o quase,
ofuscar a solidão,
chorar só o necessário,
estender abraços.
Andar por aí,
sempre numa douda correria,
afligir todas as maldades,
amar, mesmo na fila do trânsito.

Fim da concessão!
Até breve.






,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
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A LUA NÃO CABE EM TODO O MUNDO

 


Quando os meus dedos saem 
da tua pele, 
e os meus olhos diluídos 
na procura do pecado 
que me ofereces,
escondem as noites sem ti,
embalo a canção triste,
num desabafo que sempre me trai.

                Finjo na tua boca
                                            o abraço perdido. 

                A lua não cabe 
                                em todo o mundo.





,2017out_aNTÓNIODEmIRANDA
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A MELHOR CONVERSA

 


O silêncio, muitas vezes 
é a melhor conversa. 
Não há que ter paciência 
para o que não interessa. 
Quando alguém diz 
que cada um sabe de si, 
há que desconfiar sempre 
da patologia desta crença.



,2019nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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A BOA INTENÇÃO

 
Amar é a única 
coisa que me 
resta!

    (estava 
                escrito na sua 
                                        lápide).





2019set_aNTÓNIODEmIRANDA
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AMAR-TE É A MINHA TRAIÇÃO

 


Invocámos o amor eterno,
mesmo sabendo que o inferno
já não ardia como era costume.

E tu
a dizer que o modo como amo
tem o sabor de um jogo repetido.

Amar-te
é a minha
traição.






2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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.ERVA

 


consternado
decepcionado
amargurado
sentou-se
no colo do 
Pai
e entre soluços
disse-lhe:
as ovelhas
não respeitam o teu
Filho!
FODERAM-me 

erva
toda!






2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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terça-feira, 11 de junho de 2024

DIMITRIUS “O GREGO” – TESSALÓNICA

 


Dimitrius não era homem de grandes falas.
Nunca se dedicou à venda de esculturas 
(formato A5, made in China), 
de  Zeus –Apolo - Eros – Hércules -  Dionísios 
e outros que tais.
Portanto raramente falou com eles. 
Para que conste.
Enrolava vagarosamente cigarros,
enquanto sentado no cais,
mirava pelo canto do copo, 
já com mais de ½ dose entornada de Ouzo,
as mini saias das turistas que desciam o passadiço.
Colocava então 
o seu olhar mais guloso, 
endireitando ao mesmo tempo
a sua camisola de marinheiro nunca sido.
Puxava as meias brancas até à barriga das pernas
não fosse estas palermas
reparar nas varizes teimosas e de mau cultivo.
Arranhava o francês, também o inglês
de modo convenientemente exagerado.
Já o alemão, deixava-o cansado.
E o que é certo, é que mesmo derreado 
e com  muito custo
atrevia-se ainda a ir atrás delas.
Dimitrius  na sua boa-fé,
ortodoxamente escanhoada,
pensava às vezes, 
isto é quando o Nótios tinto 
não lhe toldava a ideia,
quantos filhos teria espalhados 
pelos países onde nunca tinha ido
e achava estranho 
que eles não falassem a sua língua.
Dimitrius nunca se despedia dos cruzeiros.
Só gostava da sua chegada.
Dimitruis era um bom homem.
Era um regalo vê-lo à sexta-feira
repartir a sua refeição preferida:
O pregado
temperado
com ramos de oliveira.





(Barco Barreiro/Lisboa. Depois da leitura de poemas na Partícula de Deus, com Patrícia Baltazar, Miguel Martins e Filipe Homem Fonseca).







,2016Set_aNTÓNIODEmIRANDA
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segunda-feira, 10 de junho de 2024

3 GRANDES SENHORES ( George Haslam | João Pedro Viegas | Miguel Martins. “2014 PORTUGAL (como se fosse poema)”. In Livraria Buenos Aires _aNTÓNIODEmIRANDA | Editora Tea For One. Peço desculpa a Grouxo Marx, mas estou a ficar perigosamente “famoso”.

https://www.facebook.com/miranda.antoniode/videos/900956229945634/?t=107

LEONOR

 


DESCALÇA VAI PARA O COMPUTADOR
LEONOR PELA ALCATIFA
VÊ - LA ASSIM É UM AMOR
COM AQUELE ANDAR DE CALIFA

NÃO VAI FORMOSA NEM SEGURA
NÃO É JEITOSA E TEM LARGA A CINTURA
MAS USA CINTA E SOUTIEN

E PENSA QUE É DESEJADA
OFERECE - SE MAS NÃO SE DÁ

AS UNHAS NÃO QUER SUJAR
{JÁ LHE BASTA A MERDA
QUE TEM NA CABEÇA
POIS ESSA NÃO PODE LIMPAR}

LIBIDINOSA OLEOSA
MOSTRA A SUA DENTADURA
ESTÁ CONSTIPADA E RANHOSA
HÁ MUITO QUE ISSO DURA

BAMBOLEIA - SE DESEJOSA
DIANTE DO OLHAR QUE
A PERFURA




Set84.25_aNTÓNIODEmIRANDA
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quarta-feira, 5 de junho de 2024

O POEMA

 


Pensa que escreve

                                Mas o poema

                                                        Diz sempre que não



,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA
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NOVES FORA NADA

 


Sinto que tenho a sorte
no meio daquela moeda
furada

de cada vez que me invento
tento não chegar atrasado
ao evento

Tenho andado a fugir de um lado para o outro para encontrar o meu sítio

Dizem-me que o futuro é sempre a fingir

Chegar mais longe,
é o meu passo obrigatório

É mentira quando dizem que me distraio a jogar golfe pela simples razão que não pego em tacos desconhecidos

Os defuntos não apreciam coroas de flores nem ligam às palmas e despedem-se respeitosamente dos velórios

Vivia obcecado por sexo
Era o maior conhecedor de biografias dos anjos


,2019mai_aNTÓNIODEmIRANDA
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NO DIA EM QUE COMEÇAR A GOSTAR DISTO, DEIXO DE CÁ VIR.

 

- foi recentemente referenciado, como um dos três piores tocadores de guitarra da actualidade. Qual o seu comentário?

- devo confessar que foi uma pequena desilusão. E afirmo peremptoriamente que irei continuar a trabalhar, para atingir o primeiro lugar no pódio. Aquele que almejo nesta árdua tarefa de enferrujar as cordas de uma qualquer guitarra, onde ponha as mãos.

- portanto ficou triste.

- claro. Tinha essa expectativa. Até porque considero que o gajo das castanholas era muito pior do que eu. Mas nestas coisas o júri é impregnável. Contudo, a esperança não morre aqui. E como mau perdedor que sou, aconselhei-o a ter cuidado com as amígdalas. Não vá o diabo aquece-las…  

- nota-se no seu tocar uma acentuada tendência seminal repetitiva. Quer falar sobre isso?

- comecei a tocar guitarra, porque sempre achei que era menos doloroso do que descascar favas. A minha influência mais marcante, e ouso agora confessá-lo, é a quantidade de gelo que meto num copo com whisky de má qualidade.

- como acontece o alinhamento dos temas?

- não é importante. Devido ao efeito da carga etílica e outros derivados, chegamos à conclusão que os ensaios são depois das actuações.

- qual a sua relação com o êxito?

- umbilicalmente detestável. Embora deva dizer, “off record”, evidentemente, que os nossos vídeos no youporn, superaram as expectativas mais estúpidas. Vale o que vale. E de facto, não vale grande coisa.

- e agora, uma nota final. Planos para o futuro?

- no dia em que começar a gostar disto, deixo de cá vir.


2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA
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AINDA SOBREVIVO

Às vezes piso o passado.

                                         É só para lembrar

                                                         que ainda sobrevivo



2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
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segunda-feira, 3 de junho de 2024

AMÉRICA (COM 1 ABRAÇO PARA GINSBERG) | "Livraria Buenos Aires" | Editora Tea For One_Março 2015

América!
Pés nus sobre a terra sagrada !
Exactamente a terra que tu manchaste
América não vales nada
América não pensas nada !
Não respeitaste as pessoas boas
que tiveram a coragem de dizer mal de ti.
América acabaste com os índios
inventaste o ketch up para celebrar a sua ausência.
América eu sei que Ginsberg deu-te tudo
e eu ofereço-te todo o meu nojo.
América não precisas justificar a tua existência
( eu sei que a tua estupidez é suficiente ).
E os teus cowboys nem em filmes me seduziram.
América vou matar-te !
e nem sequer será um acto de coragem.
América és uma mentira.
América vou segredar-te o meu espólio :
1 bomb in my head!
1 bomb in my hand!
1 bomb in my mind!
With all this things, i love you América
I hope you don`t mind.
América ninguém acredita nos teus cenários
ninguém se ri dos teus palhaços
nem os cães querem mijar na casa branca.
América deves aconselhar o teu presidente
a não comer as cascas dos amendoins (nem os macacos fazem isso).
América não aprendes nada
Os marcianos já fugiram
América Gerónimo derrotou-te
América Sitting Bull gozou-te
e talvez eu seja um dos milhões de espíritos de
Tatanka Yotanka que neste momento solenemente juram que te irão foder.
América não te livras de mim
América celebrarei exclusivamente para ti
uma ghost dance
América we shall live again !
Eu sei que não vais gostar,
mas o teu mau gosto nunca me surpreendeu.
América ! Are you talking to me ?
Vai pró caralho !!!
América!
Pés nus sobre a terra sagrada !
América não ouviste a fala do índio
( sim, bem o sabemos
quando vós chegais, nós morremos )
América tu é que és o manicómio!
Liberta aqueles a quem chamaste loucos
só porque choraram por ti.
América ! E os búfalos ? Lembras-te ?
Claro !
Inventaste o hamburguer para esconder o seu extermínio
América ! Little Big Horn existiu!
Enterraste as tuas mentes brilhantes
na curva do rio
América ! Merda para o Custer para o Super homem para o Batman
e muita merda para o capitão América.
Merda ! toda a merda para os teus heróis de celuloide.
América desiludiste Marlon Brando.
América ! Sinceramente nunca gostei das tuas torres.
América o jazz não é teu.
Os blues choram a tua vergonha
América !
Amo desesperadamente aquilo que não te pertence !
América o mundo não precisa da tua boa vontade !
Eu sei que vai haver uma vaga no céu :
o deus em quem tu confias
anda a portar-se vergonhosamente mal.
América Fidel é o teu amante ideal.
América os teus dolares cheiram a merda
És uma história sem vergonha
Vietnam, Bertrand Russel
América, Sacco & Vanzetti não são assassinos
Marylin nunca foi a tua prostituta
América não me interessam absolutamente nada
os teus constantes esgotamentos
e os teus delírios já não são segredo
nem a cia acredita neles
América!
Pés nus sobre a terra sagrada !
Assassinaste os jovens que pensavam gostar de ti
América eu não estou sozinho
América eu só quero ser bem comportado
América eu só quero não ser respeitado por ti
América eu vi-te sentada numa nuvem a espiar a humanidade
planeando avidamente o método mais eficaz de a destruir
América não ouviste o grito
Vou-te enforcar numa cabine telefónica
América Bob Dylan avisou-te :os tempos estão a mudar
A tua estratégia não convence ninguém
Estou farto dos teus boicotes sistemáticos
da tua moral sifilítica
da tua anormalidade política
América quanta miséria espalhaste pelo mundo !
Guajira Guantanamera
Esta é a nossa terra, terra querida
aqui los hombres si, yankees no !
Pátria o Muerte !
América tenho a tua coragem na minha algibeira
eu sei que não vais mudar
nem poderás nunca seguir o meu caminho
ainda não descobriste a razão da tua maldade
América todos confirmam o elevado grau da tua insanidade
América hoje é um bom dia para te matar
UMA BOA AMÉRICA É UMA AMÉRICA MORTA
América porque odiaste os teus beatniks?
Não me ocorre nada de bom para te falar
A tua liberdade não passa de uma estátua envergonhada
América liberta os tornados para que definitivamente
eles cumpram a sua missão
América as tuas guerras são uma farsa
És um pesadelo sem fim
América todos te enganam
sobretudo quando dizem gostarem de ti
Vomito nos teus óscares e discursos
e no espírito americano e no teu way of life
América estou sempre pronto para te irritar
Zappa tinha razão :
na próxima vez prometo não vir-me na tua boca
(pensando bem não mereces o meu esperma)
América tenho 1 míssil para purificar a tua alma
O meu ódio é melhor que o teu
Juro-te que a minha raiva é eficaz
embora me considerem um bom rapaz
Os teus ensaios nucleares não me convencem
as tuas ogivas são supositórios
e no teu cú cabem todas elas
América!
Pés nus sobre a terra sagrada !
América!
Sei que vais morrer!
E Grouxo Marx não te quer no paraíso
.


2006setembroaNTÓNIODEmIRANDA
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domingo, 2 de junho de 2024

PISCADELA FURTIVA

 


                Saiu da tela e perguntou-me se por breves instantes 
o poderia substituir.
                    Disse-lhe que não me considerava um personagem à altura e que certamente o pintor não iria apreciar esta intromissão.
                    Pousando a mão no meu ombro,
respondeu:
não se preocupe, 
o artista há muito que morreu.
                Peço-vos:
                    quando voltarem a mirar a obra,
                                        aceitem com veemência uma                                 qualquer 
                                    piscadela furtiva.





2017,jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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