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segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

HARAKIRI SINCRONIZADO

 



Desço num compasso atrasado 
a avenida da adolescência, 
nesta saudade abraçada a velhos blues 
e palavras escorridas dos livros 
que me ensinaram o caminho. 
Junto perspectivas nesta gamela, 
e misturo fermento crescente 
com a precisão que fui adquirindo. 
Disparo certeiro nesta bala descaída 
que beija o tiro que continua a ferir-me.
Free like a shot from my gun.
Rosas retardadas para os dias sempre hipócritas, 
descansam num jazigo à toa escolhido, 
onde apresento o mais infiel dos bluffes
Há coisas para que não tenho jeito algum. 
E lubrificar cãibras é uma arte que a mim me falha. 
Que deus me valha!
Ok! Não atirem todo o bónus para cima de mim. 
Aprendi a jogar poker num SPRECTRUM ressabiado 
que com todas as vírgulas caluniava a minha batota. 
E eu até pensava que era bom. 
Claro está, menos nos desenhos a tinta-da-china. 
Borrava sempre a pintura e o MAO nunca achou lá grande piada. 
Apresentei-lhe um novo álibi para a grande muralha, 
mas infelizmente embebedou-se com um certo vinho de MONÇÃO
Águas passadas enferrujam qualquer canalização, 
e o seguro, de tanto reumático, 
já não cobre todos os riscos.
Ok! Desisto!
Vou voltar para o império das mentiras, 
afiar a Muramasa e derramar um carpaccio 
com a pele do teu desejo. 
Perfumado com KENZOimprimirei em photo paper gloss
HAIKUS banhados no tinteiro das palavras bonitas.
Claro que não é o fim. 
Ainda resta o estrangular dos teus lábios 
no meu ossário defeituoso. 
Viveremos felizes para sempre, 
desde que um qualquer deus curioso 
não inveje a nossa cumplicidade.
A avenida da minha adolescência não está programada no GPS
e o tacógrafo da minha esperança, foge da animosidade 
da brigada dos costumes sonolentos. 
Corto as pontas das setas, escondo os alvos 
e escrevo certas palavras ao contrário, 
só para inglês ver.
Embalo com todo o cuidado, 
estes cacos etiquetados com proveniências duvidosas 
para vender na feira da ladra.
É bem verdade que não têm tido muita procura.
Mas deus nasce, o homem sonha e a obra dorme.


,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA


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