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sábado, 29 de julho de 2023

NA MINHA INOPERÂNCIA JUVENIL

 


Dei-te todo o meu amor mas nunca soubeste daquilo
que falávamos. Continuas a pensar que voas no céu aquecido, feito pateta vestido de amarelo empobrecido, para a rentrée da estação tola, onde caiem folhas que ninguém lê. 
Não gosto daquilo que encontras. 
Tenho escrito no nó da gravata os preâmbulos que não tivemos. 
Pára de me enfeitares a sorte. 
Essa carta está avariada, contida num vazio que dentro de mim, insulta a vontade com que me ofereço. Continuaremos a escrever na pele este adeus sempre que a despedida deixe de ser uma palavra mentirosa.
3 mata-haris / 1 califa constipado / 1 faquir enferrujado / 3 observadores circuncisados & uma vontade tremenda de ver outro filme /Je t`adore ma petite / mais pour favor / ne me donne plus / patates frites.
Escrevo-te um atestado comprovativo de falta de assiduidade mental, mas não quero fazer de ti a gata putalheira a ler a ladainha excomungada. 
Há quem viva numa caixa de espelhos mirando a Modas & Bordados, e duvide das intenções só com maldade moderada. Aquilo que somos é a impossibilidade que ignobilmente nos consome. E ficamos quietos como um qualquer caracol encarquilhado. Desprezámos o indício da escolha.  Nessa altura eu era jovem e ainda não sabia percorrer os caminhos da língua. Na minha inoperância juvenil eu achava sempre que a primeira vez tardava. 
Claro que me chateei / Embora soubesse / Que isso podia acontecer / Eu disse-te / Que era um problema / Mas não eras tu / Que o iria resolver.




,2017out_aNTÓNIODEmIRANDA


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