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quinta-feira, 30 de setembro de 2021
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
CARTA PARA FRANK O`HARA
Afaga-me o gostar
e desune-me qualquer inquietação.
Rebeca, a minha gata está a fazer zapping nas paredes do corredor,
e pelo seu miar,
julgo perceber a espera do aplauso.
Amanhã, finalmente irei tomar o pequeno-almoço com o Frank O`Hara.
Temos qualquer coisa em comum:
o facto de ignorarmos que nos conhecemos.
Vou oferecer-lhe um Basquiat,
que desconfio roubei de um sonho que infelizmente não me lembro.
Isto, entre nós, é coisa de somenos.
Ele, sem eu saber prometeu-me uma velha moeda romana
salgada nas ruínas de Tróia.
Mas isto é segredo.
Só nós o sabemos.
Agora tudo está mais calmo.
O nível do Western Gold Straight Old Kentucky Bourbon Whiskey,
está a baixar consideravelmente,
o que pressupõe que não existirá o perigo de inundações na próxima hora.
Alerta glaciar! Gelo não! Não sei que horas são!
Mas confirmo que estou ecologicamente ébrio.
E isto poderá ser importante para as cenas dos próximos patíbulos!
Imagino este encontro na Zona Industrial de Sines.
Nós anonimamente conhecidos,
pintando vacas desleixadas a zunir lampejos de gratidão.
Mas isto, entre nós é coisa de somenos.
Estou a pensar num rascasso grelhado.
Isto é se o peixe não faltar.
Beberemos todo o branco beatificamente gelado pelos anjos absurdos.
Afinal,aqueles que acompanham os poetas.
,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 28 de setembro de 2021
domingo, 26 de setembro de 2021
# 4,45 p.m.
Quando dizes que sou o maior do mundo,
só poderei responder, que perante tanta amizade,
Ele ainda não nos merece.
Poderíamos falar com lágrimas para o céu,
que é assim que os poetas escrevem.
Nada nos paga.
Ao menos respeitassem esta ousadia.
Já não quero o vosso tempo,
aquele que esculpe a dúvida
num lamento cerâmico onde brotam palavras
que já não ouvis.
Semblantes turvados em tons nada subtis
e o sargaço do vosso olhar
molhado naquele chão desamparado
que só lhes tingia os atropelos.
De tão perto e ferido
entre lençóis de um azul fingido
onde se fere o desejo
esperando ondas de sossego
para uma vida lavrada no sal
do nosso esconso choro.
2016,09aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 25 de setembro de 2021
quinta-feira, 23 de setembro de 2021
terça-feira, 21 de setembro de 2021
sábado, 18 de setembro de 2021
GOSTAVA DE SER UM GALO DOIDO
Amanho esta alma,
incubadora de gestos envergonhados,
no fugir deste caminho.
desonrou a minha coragem
e todos os dias pago por isso,
Este vento que sopra na canção
o azar do diabo,
deixa nas minhas mãos
um acorde órfão,
que talvez um dia adormeça na minha guitarra.
Até porque não sou tão mau
como julgo que mereço.
Finjo com suposta intenção,
estar atento à falta de paciência
para a merda que não me interessa.
Mas…
os poleiros estão pela hora da cabidela.
,2021Setembro_aNTÓNIODEmIRANDA
Charles Bukowski In SOBRE O AMOR (tradução de Valério Romão)
morreu de alcoolismo
enrolada num cobertor
numa cadeira de convés
de um vapor
transatlântico.
de solidão aterradora
a crueldade do amante
sem amor
f
dela
ao descobrir o seu corpo
no navio
continuou
tal
como ela o tinha escrito.
sexta-feira, 17 de setembro de 2021
segunda-feira, 13 de setembro de 2021
Ana Cássia Rebelo
"Parece-lhe que no meio literário há muito quem se ponha em biquinhos de pé?
"Pouco sei do meio literário estrangeiro, mas parece-me que o meio literário português é um pouco podre. Escritores que são críticos. Críticos que são escritores. Escritores que têm agências literárias e dominam a máfia dos festivais literários (promovem, claro está, os seus escritores; fazem bem porque a literatura afinal é um negócio como outro qualquer), jornalistas que são escritores, editores que são escritores. Todos muito amigos. Muitos beijos e abraços quando se encontram. E, claro está, todos com um ego patético e do tamanho do mundo. São todos extraordinários, mesmo quando o que escrevem não vale nada. Há muitos exemplos de quem tenha essa postura no meio literário português, eu devia ser capaz de os nomear um por um aqui, mas sou muito cobarde. Vá, refiro só um nome, porque é uma embirração antiga e de estimação: a Inês Pedrosa. O que escreve é fraquinho, mas curiosamente tem sempre palco, vitrinas, escaparates, críticas assim-assim porque ninguém é capaz de dizer preto no branco aquilo que dela se diz nas suas costas. Ai de quem se atreva a uma análise mais contundente do meio literário português. São uns párias, uns invejosos, uns ressabiados. Um escritor precisa mais da crítica do que dos elogios. A crítica, se honesta e não motivada por rancores, permite a análise, o confronto, a discussão. Permite a um escritor notar os seus vícios, as suas falhas, a sua charlatanice, a sua mediania."