Pensava que estar ao contrário era suficiente.
Nunca chegava ao fim e perdia-se na procura do caminho, com passos que marcavam a encruzilhada.
Cosia demasiadamente as ideias, queimando sempre a tentativa mais simples.
O psiquiatra só a queria comer e prometia-lhe a cura numa fria salada de delícias do mar.
Mas ela duvidava, sempre que a ocasião era chegada.
E despia-se em ousado ritmo de strip-tease, para que ele não duvidasse nunca da sua vontade.
As melhoras tardavam e o período constituía assim a sua desculpa.
Mas ele queria. Insistia. Insistia.
E chegou assim o dia prometido.
Beijou-o quentamente numa língua apaixonada com sabor a comprimido.
Deu-se mal, pois então!
Mostrou uns olhos estranhos, um respirar dificultoso e apareceu no canto da boca uma espuma que não parava de crescer. Alguns peixes ainda tiveram tempo para fugir, mas um tentáculo distraído, foi dormir a sesta numa cama abraseada. Nem o branco gelado, prontamente servido, o salvou.
Agora ela percorre a estação dos saldos, à procura de uma lingerie enviuvada. E de cada vez que a experimenta, lembra-se como ele gostava do vermelho, que agora lhe beija a pele.
Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA
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