ausências
Hábil manipulador de
alibis ardilosos
Enrola no vermelho
o olhar enganador
com que espreita a ilusão
poemanaalgibeira.blogspot.com
[A minha conversa com Bach
no altar da Sé de Lisboa
numa tarde de nevoeiro
Antoniano]
Poderás chamar-me tolo
de cada vez que denuncio a burla do tempo,
porque no caminho que os prazos vão roubando,
torna-se cada vez mais difícil
alcançar o corredor da mudança.
Antes da Morte
Porque não Acontece
A Sorte?
Sentado no cais do tempo
observando a espuma da coragem dos dias,
procuro no bornal dos delírios
a cataplana de afectos.
E na onda das ausências,
acendo um triste desejo:
Vai devagar solidão
Espantalho meu
Quem de
Ti
Será mais
do que
Eu?
Pela vida,
Nada deram
&
Isso foi a minha
Bem-aventurança
W. H. Auden, in 'Another Time'
Espantalho meu
Quem de
Ti
Será mais
do que
Eu?
Pela vida,
Nada deram
&
Isso foi a minha
Bem-aventurança
Nada
Mais
Há
Para
Morrer!
GAZA
Lembrem-se
de
nós
São só palavras
E esta caligrafia
É a rameira mais ardilosa
Das minhas tristes mentiras
Portugal
Minha Pátria da Galhofa
Incomensurável Ninho
De Patetas
Accionistas da Lisonja Mutualista
“Artistas” “Escritores”
Malabaristas / Contorcionistas
Manientos / Desavergonhados
Tristes / Estupores
E Até Alguns Há
Que se Autoproclamam “Poetas”
Saudades
De gostar
De ti.
Onde
Assassinaram
As tuas
Asas?
Meia-noite e vinte e três de 26 de Janeiro de 2025.
Fui aconchegá-la.
Olhou-me uma boneca com um sorriso
de 98 anos e meio,
agora com o mais agradecido aplauso
Não me interessa a importância.
Basta-me o respeito que me veste.