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quarta-feira, 6 de novembro de 2024
domingo, 3 de novembro de 2024
TALHO E DELICADEZAS
Ser calista foi meu sonho
Mas não foi esse o meu fado
Fui parvo e só por isso
Entreguei-me ao imprevisto
E comecei a andar desconfiado
Não chorem por mim, não chorem
E também não tenham dó
Ao princípio custou um bocado
Mas agora que estou habituado
Nunca mais me senti só
,2024Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
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sábado, 2 de novembro de 2024
COM QUE ENTÃO DIZES QUE SOU POETA!
E eu aqui, sentado na despedida da memória, a desviar o degrau da desilusão. Tenho nos dedos todas as palavras que não quero. Uma ardilosa ferida salpica os passos que penteiam o inconveniente convite. Falo-lhe deste cansaço num envergonhado supor, só para disfarçar a dor que me despede. Não acredito nas promessas oferecidas pela sombra desconfiada.
Mereço outro tipo de indignação.
COM QUE ENTÃO DIZES QUE SOU POETA!
Esta alma já não me habita. Um velho caminho acompanha o meu alento. Uma fúria inconsolável sacode o coração de pedra que não pára de chorar gotas de zombies caídas dos crucifixos mal-educados.
COM QUE ENTÃO DIZES QUE SOU POETA!
Todas as possibilidades fora de mim não têm de ser um filme. Eu apenas tento sobreviver fora da aberrante léria cultural dos nomeados pelos ministérios reguladores do narcisismo literário.
(herança apodrecida no corredor dos ornamentos contaminados do museu da pobreza poética).
Nunca renego a lucidez insubmissa que celebra a contrafacção dos propósitos inúteis.
COM QUE ENTÃO DIZES QUE SOU POETA!
Agora arranho sonhos vazios que só falam mentiras.
,2024Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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sexta-feira, 1 de novembro de 2024
O EPITÁFIO PREFERIDO
Mais de 3800 coisas escritas
(que
Bela
Incineração
Me
Espera)...
,2024Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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(que
Bela
Incineração
Me
Espera)...
,2024Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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DENTRO DO MEU TEMPO
Há um sangue de côdeas,
e a réstia da esperança
escondida na almofada dos
pesadelos.
Uma conta com saldo duvidoso,
um punhal que estripa migalhas,
um aceno sem fim -
para aquilo que teima em não desaparecer.
Há uma glória de origem falsificada,
e a réstia da esperança
escondida na almofada dos
pesadelos.
Uma conta com saldo duvidoso,
um punhal que estripa migalhas,
um aceno sem fim -
para aquilo que teima em não desaparecer.
Há uma glória de origem falsificada,
um quebra-horas abandonado,
um cubículo semeado de estrelas
que nunca acontecem.
Dentro do meu tempo,
fico indeciso no agitar da bandeira
que me ignora.
Dentro do meu tempo,
cabem os restos do nada
com que me
multipliquei.
Dentro do meu tempo,
há um catavento que singra
gotas de desespero.
2019out_aNTÓNIODEmIRANDA
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Dentro do meu tempo,
fico indeciso no agitar da bandeira
que me ignora.
Dentro do meu tempo,
cabem os restos do nada
com que me
multipliquei.
Dentro do meu tempo,
há um catavento que singra
gotas de desespero.
2019out_aNTÓNIODEmIRANDA
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DIZEM QUE SOU UM GAJO COMPLICADO
Dizem que sou um gajo complicado,
mas, eu afirmo convictamente, que os deuses não são os meus únicos inimigos.
Dizem que sou um gajo complicado, mas, a grande verdade, é que não tenho a memória fraudulenta.
Dizem que sou um gajo complicado, mas, o que não dispenso mesmo, é o boogie do senhor John Lee Hooker.
Dizem que sou um gajo complicado, mas, entreguei-me todo a cristo, e, nunca mais fui o mesmo.
Dizem que sou um gajo complicado, mas, estar sempre de bem comigo é uma preocupação que já não me aflige.
Dizem que sou um gajo complicado.
Será porque guardo o meu mundo num porta-moedas?
Dizem que sou um gajo complicado, mas,
ainda não agasalho o cérebro com um capachinho.
Dizem que sou um gajo complicado, mas, não sou fã da paciência fumegante.
Dizem que sou um gajo complicado, mas,
não consigo aplaudir uma banda de não fumadores.
Dizem que sou um gajo complicado,
mas, não enrolo lenços com palavras escondidas.
Dizem que sou um gajo complicado, mas,
embrulhar adornos, será sempre um passatempo inútil.
Dizem que sou um gajo complicado, mas,
condicionante nunca será a opinião com que me observam.
,2019nov,10_aNTÓNIODEmIRANDA
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VOAR CONTRA O DESTINO
Elevar o veneno. Traço para aspirar. Encher o balde. Sujar até atingir o zero. Entrelaçar genitais burgueses. Sentado num charro de erva com um índio que parece um anjo cujo primeiro acto de traição foi o ter nascido. Estou em guerra com toda a contemplação e contento-me em fumar a minha alma nesta alucinação não odiosa. Quebrar o estado de sítio estampado numa frigideira com banha de porco. Corpos fritos atados com arame no anexo da podridão. E aterrar sempre fora da pista numa capotagem perfeita. Saquear os fornos do pão sangrento. Ungir a loucura e santificar todos os beijos no altar dos enlevos não mentirosos. Ó cogumelo celestial estou louco por chegar até ti e sair deste voo de excrementos pisados. Descalço ao som da bateria do Max Roach curvo-me perante toda a ousadia e carrego no botão do gancho do umbigo uma dose anímica de alegria em conserva. E procuro na pedreira a esmeralda preferida da primeira dor que pretendo esculpir. Estrondo paralisado no rabo da sombra imaginação de veludo pregada com laços. Abandono a faixa da rodagem correcta e distribuo autógrafos escondidos nas sandwiches da realidade confrangedora. Princípios rígidos desdenhosos, atirados à poeira. Rendição agachada, zombies maltratados com anúncios encharcados na testa amontoam-se na prateleira dos delírios prontos para o banho da guilhotina. É chegado o tempo de esmaltar as orações recolhidas
e voar contra o destino.
,2019_ jan_aNTÓNIODEmIRANDA
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UM PUNHAL LAVADO NUM VALE DE LÁGRIMAS
Tocam na minha memória
sons de muitas ausências.
Caras que perfumam este vício
absorvido em tragos amargos,
amarelecidos em cascos de solidão.
Nunca é fácil arquivar partidas
sem a desejada chegada, mesmo que o faça
só para disfarçar a infinita tristeza.
Difícil é enforcar esta dor, continuar
a tentar agarrar um abraço,
um simples aperto de mão,
mesmo uma frase com palavras
que ingenuamente penso nunca irei esquecer.
A memória, logo que me apanha distraído,
oferece-me um punhal lavado
num vale de lágrimas que encharca
todas as recordações.
Dá-me um deitar combalido,
um vazio para juntar ao resto,
que nunca quero que aconteça.
O meu olhar curvado, coitado,
mostra-me um alibi cansado de ser mentiroso.
,2019abr_aNTÓNIODEmIRANDA
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UM AZAR DOS DIABOS
1_
Tinhas o diabo no corpo,
mas eu desconhecia esse acordo.
2_
Já não penso no dia em que juraste
abraçar a minha alma.
3_
Queimei a cama dos lábios bordados.
4_
Trocaste-me pelo uivo das estrelas
que abanavam presentes
que eu não podia oferecer.
,2019nov,13_aNTÓNIODEmIRANDA
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CASTIDADE
No
Meio
Da
Rara
Beleza
Só
Me
Resta
Brilhar
2019mai_aNTÓNIODEmIRANDA
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CHICOTADA PSICOLÓGICA
As substituições que tanto treinamos não foram
bem-sucedidas, apesar da palestra metafórica
do nosso anormal mentor.
O público não gostou,
O público não gostou,
mas educado como sempre, mostrou-se
preocupado com a nossa obstipação.
E foi lindo!
Atiraram rolos de papel higiénico para nos limparmos.
Os mal dizentes falaram em contestação.
O presidente foi ao balneário,
Atiraram rolos de papel higiénico para nos limparmos.
Os mal dizentes falaram em contestação.
O presidente foi ao balneário,
queixou-se do calcário,
(palavra que leu no dicionário),
e naquele tom que deus lhe deu,
disse:
aqui não há culpados!
A única vítima sou eu.
,2019_ jan_aNTÓNIODEmIRANDA
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aqui não há culpados!
A única vítima sou eu.
,2019_ jan_aNTÓNIODEmIRANDA
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AS CINZAS QUEIMAM. AS FERIDAS ARDEM!
Não é preciso ter calma.
A pressa não é, necessariamente uma má conselheira,
e, enxotar moscas, será sempre um desperdício
mal quotizado.
Não é importante sentirmos melhores do que os outros,
mas é primordial evidenciar a cada momento,
a plenitude da nossa diferença.
Também a indiferença é fundamental,
para não nos etiquetarem de desatentos.
Convém enviesar certos olhares, trejeitos faciais,
só para não alimentar uma proximidade
com consequências indevidas.
Os parâmetros normais,
nunca devem ser julgados como essenciais
para a condição normalizada,
daqueles que estupidamente,
ousam dizer que apostaram em nós.
A absolvição da incoerência continua a ser
um pecado supostamente original.
Há que ter cuidado!
As cinzas queimam.
As feridas ardem!
,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA
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ADORO A BATOTA DA NOITE
Sou um batoteiro da noite.
Inebrio-me
no seu perfume de noiva atrevida,
Inebrio-me
no seu perfume de noiva atrevida,
e ensaio a mais ousada dança
do “Jumping Jack Flash”.
Não resisto
ao seu véu de núpcias escaldantes.
A joelho-me
para saborear o cinto de ligas,
Não resisto
ao seu véu de núpcias escaldantes.
A joelho-me
para saborear o cinto de ligas,
e desperto lentamente o desejo.
Adoro
a batota da noite.
Entrego-lhe
sem remetente
o meu sonhar.
,2019mai_aNTÓNIODEmIRANDA
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Adoro
a batota da noite.
Entrego-lhe
sem remetente
o meu sonhar.
,2019mai_aNTÓNIODEmIRANDA
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ALMA DE PAPEL
Tenho tanto medo
mas é segredo
não sei como contar
esta forma de não chorar
que ás vezes
torna a vida
num cozinhado de ampolas
Alma de papel
sonhos pendurados
em câmara ardente
neste peito
nunca pronto
para facadas
E eu quieto
neste rastejar sem coragem
que me leva a lado nenhum
Alma de papel
cravada na parede traiçoeira
como se fosse este
o jeito de me ausentar
Desliguem a curiosidade
quero partir
em sossego
2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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mas é segredo
não sei como contar
esta forma de não chorar
que ás vezes
torna a vida
num cozinhado de ampolas
Alma de papel
sonhos pendurados
em câmara ardente
neste peito
nunca pronto
para facadas
E eu quieto
neste rastejar sem coragem
que me leva a lado nenhum
Alma de papel
cravada na parede traiçoeira
como se fosse este
o jeito de me ausentar
Desliguem a curiosidade
quero partir
em sossego
2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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UM TÍMIDO AUTO_ELOGIO
Nunca encenei quaisquer expectativas em relação ao desempenho no panorama musical.
Até porque…
Quanto muito, nunca passaria de um conceituado optimista vendedor de cassetes.
,2024Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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